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Desorganização e falta de estrutura frustram pais e crianças em 'peneirada' do Cruzeiro na Toca I

Longas filas, falta de informação e bagunça geraram queixas em avaliação

10/02/2019 18:59 / atualizado em 10/02/2019 19:19
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Longas filas do lado de fora e desorganização marcaram peneira na Toca da Raposa I
foto: Eduardo Lopes Linhares/foto gentilmente cedida ao Superesportes

Longas filas do lado de fora e desorganização marcaram peneira na Toca da Raposa I

 Desorganização, tumulto e muita frustração marcaram uma “peneirada” neste domingo, na Toca da Raposa I, centro de treinamento do Cruzeiro destinado às categorias de base. Por meio do site oficial e das redes sociais, o clube convocou nos últimos dias crianças nascidas entre 2007 e 2011 para uma avaliação promovida pelas Escolas de Esportes a partir das 7h30. Como não houve seleção prévia, centenas de pessoas se aglomeraram no local, enfrentaram longas filas, tiveram dificuldades no acesso e também para encontrar os filhos após os testes. Muitos meninos e meninas deixaram a Toca I chorando.

Eduardo Lopes Linhares, de 40 anos, procurou a reportagem do Superesportes para relatar a confusão. Ele levou o filho Pedro Lucas, de 10 anos, e chegou à Toca I às 7h15. A primeira dificuldade relatada foi a falta de informação no acesso de crianças e pais.

”A fila estava enorme e não havia nenhum funcionário do lado de fora para dar informações. Ninguém sabia para que lado ir. Depois de um bom tempo fui perceber que havia uma fila para os pais e uma fila para as crianças. Mas os pais não queriam obviamente deixar as crianças sozinhas. Teve muito empurra-empurra na entrada”, contou.

Já dentro da Toca da Raposa I, a arquibancada destinada aos pais não comportou o número de pessoas. “A arquibancada ficou completamente lotada. Por isso, os pais começaram a ser deslocados para um gramado ao lado de um dos campos, mas longe do campo de testes. Muita gente ficou revoltada e invadiu os campos. Eu mesmo tive que pular um dos cavaletes para poder encontrar o meu filho no meio daquela multidão”, disse Eduardo.

Após os testes, crianças eram levadas até a arquibancada, mas identificação dos pais foi complicada
foto: Luís Carlos da Costa/foto gentilmente cedida ao Superesportes

Após os testes, crianças eram levadas até a arquibancada, mas identificação dos pais foi complicada


Nas convocações oficiais da avaliação, os pais foram orientados a levar documentos e atestado médico dos filhos. Mas, de acordo com Eduardo Lopes Linhares, os responsáveis pelos testes não pediram nada ao filho. “Meu filho voltou para casa muito chateado. Ele percebeu que aquilo foi uma enrolação. Mandaram ligar no dia seguinte para saber se ele passou, mas sequer pegaram os dados dele, os documentos dele. Nem olharam o exame médico que pediram para levar. Depois do teste, cada criança recebeu um papel com o escudo do Cruzeiro falando para não desistir do sonho. O papel dizia para os pais procurarem as escolinhas credenciadas do Cruzeiro. Foi a maior decepção”.

O pai relatou ainda que houve desorganização e falta de estrutura no momento de levar as crianças até os pais. “Um professor responsável pelo teste levava um grupo de crianças até a arquibancada onde estavam os familiares. Mas eram centenas de pessoas ocupando todo esse espaço, tinha muito barulho. E o cara ficava gritando o nome dos pais. Não tinha estrutura nenhuma. Como disse, para não passar por isso, tive que pular um cavalete”.

”Foi muito triste ver diversas crianças chorando. A seleção não foi feita da maneira que as pessoas esperavam. Foi desorganizada e muito rápida. Tinha muitas crianças chorando lá dentro da Toca, pois não sabiam onde estavam os pais. Havia muitos pais perdidos também, sem informação dos filhos que já tinham feito os testes”, acrescentou Eduardo Lopes Linhares.

Alguns pais invadiram o campo para tentar encontrar os filhos após os testes na Toca I
foto: Luís Carlos da Costa/foto gentilmente cedida ao Superesportes

Alguns pais invadiram o campo para tentar encontrar os filhos após os testes na Toca I


O professor Luís Carlos da Costa, de 51, levou o filho Lucas da Costa, de oito anos, e fez relatos parecidos ao Superesportes. “A princípio, era uma fila. Depois, não era mais fila. Os pais não queriam deixar as crianças sozinhas na fila delas, pois a fila era do lado de fora, na rua. Ninguém queria deixar seu filho sozinho naquele mar de gente. Quando entrei, fiquei na arquibancada em pé. Depois do teste, uma pessoa só gritava o nome dos pais no meio da arquibancada. Tinha muito barulho. Nem um megafone eles usaram. Tudo feito no improviso. Um microfone era o mínimo. Quando consegui buscar meu filho, ele só queria ir embora. Na verdade, ficou parecendo que esse teste na Toca foi feito só para fomentar as escolinhas do Cruzeiro, as escolinhas credenciadas. Nem pareceu um teste. Parece que queriam só divulgar. No fim, acabaram queimando o filme feio”.

POSIÇÃO DO CRUZEIRO

Procurada, a assessoria de imprensa do Cruzeiro informou, em nota, que o evento foi organizado por Escolas de Esportes dos clubes sociais do Barro Preto e da Pampulha. “De fato, apareceram mais crianças e pais do que a organização previa. Por isso, aconteceram os atrasos e outras consequências. A diretoria do Cruzeiro está se informando sobre todos os detalhes do evento e tomará as devidas providências”.







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