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Diniz explica função paternal do técnico no Brasil e analisa Pato: 'Nunca me enganou'

Com confiança do técnico, atacante fez quatro gols nos últimos seis jogos

postado em 26/03/2020 10:21

(Foto: Rubens Chiri/SPFC)

Titular do São Paulo em 2020, Alexandre Pato vive momento de alta no Tricolor após série de baixas desde o seu retorno ao clube em 2019. Sob o comando de Fernando Diniz, o atacante parece ter retomado a confiança, voltando a balançar as redes com quatro gols nos últimos seis jogos.

Em entrevista aos canais SporTV, Diniz se aprofundou para explicar sua relação com o jogador e como enxerga o camisa 7. “A gente (treinadores) sabe da classe social que vem a maioria dos jogadores e a gente imagina os problemas que eles tiveram. Eu não imagino, porque eu fui um deles, e eu não me esqueci do jogador que eu fui, e principalmente da pessoa que fui e dos problemas que a gente tem para virar jogador de futebol profissional”, começou.

“Então o Pato, como outros, mas o Pato de forma específica, é um cara que saiu de casa com 11 anos de idade, então eu não estou tentando recuperar o futebol do Pato, eu estou tentando cada vez mais entender o Pato como pessoa. Porque ele é um cara generoso, ele é um cara que você vê agora nos jogos que tem uma gana muito grande de ganhar, ele é um super-talento, um cara que tem coisas que a gente sabe que são muito difíceis de serem feitas e ele faz com imensa naturalidade”, defendeu.

Mais adiante, Diniz utilizou as questões sociais que enunciou para relatar e explicar a função extra-campo dos técnicos de futebol no Brasil.

“O Pato nunca conseguiu me enganar, que ele era quem ele aparentava ser, uma pessoa meio desligada, ou que não tem interesse; ele é um cara que é apaixonado pelo futebol e que precisava minimante ser compreendido. Então quando você fala que o treinador tem que ser meio paternal, as vezes tem que ser até maternal, isso é o papel do treinador nas condições do país que a gente vive e da formação social dos jogadores que a gente tem no país”, disse.

“Por isso eu acho que o problema no Brasil é muito mais psico-social do que de ordem técnica e tática, que é um trabalho que eu abordo constantemente. Não que a parte tática seja menos importante, ela também é, mas quando a gente fala de coragem, confiança, liderança, são todas características emocionais que a gente tem que se dedicar mais, para poder entender melhor quais são os jogadores que a gente tem no nosso país”, seguiu.

“E não simplesmente ficar usando modelos europeus, de como é que se compacta as linhas, isso também são coisas importantes – e até acho que nessa direção a gente tem evoluído muito nas categorias de base -, mas acredito que a gente está perdendo o principal: que é contato humano, saber o que os jogadores precisam para se sentirem bem e gerar confiança, e formar pessoas melhores. Se a gente formar pessoas melhores desde a base, a gente vai ter certamento jogadores melhores também”, concluiu o treinador.