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BEBETO DE FREITAS

Biografia de Bebeto de Freitas resgata memórias do técnico da 'Geração de Prata'

Treinador liderou grupo que marcou início de nova fase no vôlei brasileiro

postado em 15/10/2019 20:45 / atualizado em 15/10/2019 21:29

<i>(Foto: Divulgação)</i>
Não será um lançamento de vulto, tal como fazia Bernard, impulsionando a bola de vôlei às alturas, no saque batizado como Jornada nas Estrelas. "Bebeto de Freitas: o que eu vivi", a biografia do comandante da chamada Geração de Prata, será lançada em São Paulo na próxima terça-feira, a partir das 19h, no pequeno Bar São Cristóvão (Rua Aspicuelta, 533, Vila Madalena).

A família de Bebeto preparou uma primeira tiragem, de apenas 500 exemplares, sem o suporte de uma editora. "Oferecemos o livro a diversas editoras. Elogiaram a qualidade do texto e ressalvaram a dimensão do personagem biografado, mas nenhuma se interessou pela publicação. Alegaram que, nesse contexto de crise, estão reduzindo o número de títulos lançados", diz o autor, o jornalista Rafael Valesi.

Entre novembro e dezembro de 2017, Valesi gravou quase 20 horas de entrevistas com o treinador que elevou o vôlei brasileiro a outro patamar. Em março de 2018, Bebeto sofreu um ataque cardíaco, aos 68 anos, e partiu. O jornalista havia escrito apenas alguns trechos iniciais do livro, aprovados pelo biografado. Após o falecimento, família e autor decidiram manter o estilo do texto, escrito em primeira pessoa.

"O Bebeto precisa ser valorizado como um dos caras mais importantes do vôlei brasileiro. Com muita justiça, dá-se muito valor ao Bernardinho e ao Zé Roberto, que ganharam praticamente tudo no comando das seleções brasileiras. Mas o Bebeto, de uma certa forma, foi o mentor dos dois", diz Valesi.

Na avaliação do autor, o livro é uma excelente oportunidade para que jovens da geração dele (o jornalista tem 34 anos) conheçam as raízes do sucesso do vôlei brasileiro. "Minhas primeiras lembranças do vôlei são dos Jogos de Barcelona. Tinha sete anos de idade e me lembro do mascote Cobi e do Brasil sendo campeão olímpico, com a Geração de Ouro."

Fiel a suas convicções, Bebeto fazia do questionamento aos dirigentes uma prática cotidiana e, por esse motivo, pouco tempo durou em muitos de seus empregos, mesmo com conquistas que o levaram ao Hall da Fama do vôlei, como os títulos da liga italiana pelo Maxicono Parma e a própria conquista do Mundial de 1998, pela seleção da Itália.

"Bebeto sempre foi muito passional. Amava muito o esporte e, por ser apaixonado, jamais compactuou com práticas que considerava erradas. Um capítulo muito importante do livro mostra a diferenciação que ele fazia entre o vôlei do Brasil e o vôlei no Brasil. Ele mostra que a seleção brasileira era um produto muito bem trabalhado, que obteve muito sucesso. Mas a seleção era praticamente um adversário dos clubes, que ficavam desfalcados de seus atletas mais importantes por vários meses do calendário esportivo, embora pagassem seus salários."

Sobrinho de João Saldanha, primo do craque do Botafogo Heleno de Freitas, pai de Rico Freitas, vice-campeão olímpico no vôlei de praia, Bebeto tinha histórias de sobra para contar, algumas bem divertidas - e as contou. No final do livro, o ex-presidente do Botafogo, ex-dirigente do Atlético e ex-secretário de Esporte e Lazer de Belo Horizonte, na atual gestão do prefeito Alexandre Kalil, propõe que se pense uma política esportiva para o Brasil, baseada no oferecimento de atividade física a toda a população - o desenvolvimento do esporte de Alto Rendimento seria apenas uma consequência do investimento em esporte como ferramenta para a promoção da melhoria da saúde dos brasileiros.

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