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BOLADAS E BOTINADAS

Ele falou

"Orozimbo tem lá suas razões. Outra coisa que ele disse foi que o jogador hoje não tem mais vontade. Tem, isso sim, estafe. Quem decide onde ele vai, o que faz, o que bebe é o estafe"

postado em 01/01/2019 09:32

Son Salvador/EM
Orozimbo está preocupado com o futuro de futebol mineiro. Segundo ele, é  importante manter valores aqui. Argumentei que em algumas mesas redondas o assunto é discutido, e que há anos a troca de jogadores tem sido boa solução para quem não tem dinheiro. O Oró respondeu com aquele ar irônico: “Meu amigo, o nome já diz tudo, ‘mesa redonda’, e a origem dele é o fato de, às vezes, as mesas estarem redondamente enganadas”. Até citou o caso do Ronaldinho Gaúcho, que veio para o Atlético como um craque acabado e deu muitas alegrias ao torcedor.

Orozimbo tem lá suas razões. Outra coisa que ele disse foi que o jogador hoje não tem mais vontade. Tem, isso sim, estafe. Quem decide onde ele vai, o que faz, o que bebe é o estafe. Você pode acertar tudo com um atleta: salários, prêmios, tempo de contrato. Mas se não entrar em acordo com o tal do estafe, nada feito.

A ideia do meu amigo é revolucionar o futebol nas férias, criando o feirão de craques, num saldão de fim de ano. Os clubes baixariam os preços de jogadores que são emprestados a cada temporada e se livrariam deles. Disse a ele que nem sempre o emprestado é descartável. Alguns aproveitam a passagem por outros clubes e se destacam. Mas o Oró quer mais: que o feirão tenha espaço para dirigentes. Nesse caso, o clube não receberia nada – pelo contrário, dependendo do dirigente, teria que pagar para que ele baixasse em outro centro, trabalhasse em outro clube.

Previsões

O Cruzeiro está com uma equipe mais bem montada para a temporada. Conta com bons titulares e reservas que pedem passagem. Fico apenas na dúvida se o Mano Menezes finalmente vai manter na equipe um centroavante de ofício. Digo isso porque numa Libertadores o camisa 9 é fundamental. Não gosto do tal falso 9. Afinal, se é falso, já deixa certa dúvida. Além do mais, numa disputa em que entrar na área adversária é tarefa parecida com aquela de entrar num ringue para uma luta de MMA, é preciso contar com alguém do ramo, alguém que se imponha.

Há quem goste de ataque sem centroavante e com alguém que volte para buscar a bola. É justamente esse tipo de jogo que os adversários adoram. A marcação fica pesada no meio-campo e ninguém consegue chutar a gol.

Mudança

O que vejo no futebol de hoje é que muita gente perdeu o rumo. O lateral não sabe se marca ou se ataca, alguns não fazem nem uma coisa, nem outra. Muito meia-atacante se transformou em meia-marcante. Ou seja, tem treinador exigindo que o atacante defenda e que o defensor ataque. E tudo isso sem combinar com o adversário E tome números: é 4 -2-4, 4-3-3, 4-5-1... Dizem que isso é moderno.

Ainda vai surgir um treinador montando equipe para jogar com goleiro, zagueiros e laterais marcando com a luxuosa cobertura do cabeça de área. Os meias vão criar jogadas e dois pontas rápidos vão servir ao centroavante. Podem ter certeza, será aplaudido e chamado de gênio.

Trânsito

Há algum tempo as jogadas de meio-campo já eram complicadas. Muita gente povoando aquele espaço. Tinha meia, lateral, centroavante, todo mundo numa aglomeração mais complicada que reunião de condomínio. Veio a Fifa e antes da Copa mandou estreitar os gramados. Agora, ninguém se abaixa para amarrar a chuteira. É como pegar sabonete no chão do banheiro. Um risco tremendo. Os caras correm mais, trombam mais, e o campo ficou menor. A Fifa já, deve estar pensando em uma solução, talvez diminuir o tamanho da bola. Pode ser...

Ajeitando

O Atlético está montando uma defesa mais consistente. Realmente, nos últimos tempos o time levou muitos gols, mais pelas mudanças no meio-campo do que por erro dos beques. Então, com as novas e velhas caras o time poderá marcar melhor. No entanto, não há zagueiro que dê conta do recado se não tiver ajuda na entrada da área. Outro problema que o Galo terá que resolver será no ataque. Tem poucas peças e algumas costumam atuar como seta de automóvel: piscam muito, funcionam, não funcionam; funcionam, não funcionam...

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