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ENTREVISTA

Daniel Xavier

Mineiro está perto de disputar segunda Olimpíada. Em Londres, foi único brasileiro

postado em 15/03/2016 22:38 / atualizado em 21/07/2016 18:04

Leandro Couri/EM/D.A Press


Setenta metros separam o mineiro Daniel Xavier do alvo multicolorido de 1,22m de diâmetro. Nos últimos quatro anos – desde que abandonou de vez a medicina veterinária para se dedicar exclusivamente aos treinos –, esse belo-horizontino, de 33 anos, passa pelo menos seis horas por dia com o arco recurvo de quatro quilos em punho, olhos fixos na mira, enquanto a mão direita exerce uma força de 25 quilos para puxar a corda sintética tensionada em 55 libras. São 300 repetições diárias, chegando a 600 às vésperas de competições importantes.

Milímetros podem definir o campeão olímpico em um esporte em que ser “quase perfeito”, muitas vezes, não garante nem sequer lugar entre os melhores. “Tirar um 10 (acertar o núcleo dos círculos concêntricos) hoje em dia todo mundo consegue. O que conta é o controle emocional, a concentração. Muitas vezes seu oponente consegue 10 e você atira para, no máximo, empatar. Se você não estiver preparado, é difícil segurar a pressão”, explica o arqueiro, enquanto preparava as flechas para mais uma sessão de treinos, no campo da Federação Mineira de Arco e Flecha, no lado externo do Mineirinho.

Filho do presidente da entidade, José Maurício, Daniel ganhou o primeiro arco aos 11 anos e, desde então, não parou mais. Formou-se em veterinária na UFMG e até 2011 dividia treinos com rotina de trabalho, o que mudou com a criação da Seleção Brasileira permanente. Esta já se estabeleceu em Campinas e Maricá-RJ e agora se concentra em Saquarema, nas dependências da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Com condições ideais de treinamento, embora tardias, Daniel Xavier está às vésperas de disputar sua segunda Olimpíada. Em Londres’2012, foi o primeiro brasileiro a competir, logo no sábado de manhã, o que gerou expectativas. Terminou na 51ª colocação, depois de cruzar com um dos favoritos na estreia da fase eliminatória. “No tiro com arco, é muito difícil prever se você vai ficar entre os 10, 20 melhores, porque os duelos são definidos no dia. Se o melhor do mundo não estiver em dia bom, pode enfrentar outro favorito logo na primeira rodada”, afirma.

PREPARAÇÃO

Diferentemente de Londres, quando Daniel foi o único representante, o Brasil terá três vagas no masculino e no feminino no Rio’2016. Os representantes sairão de seletivas, mas é muito improvável que seja alguém de fora da Seleção Brasileira, formada hoje por Daniel, Bernardo Oliveira e a revelação Marcus Vinícius D’Almeida, de apenas 17 anos, medalhista de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude em Nanjing, na China, no ano passado.

O resultado do jovem é fruto direto do investimento na modalidade por parte da Federação Brasileira de Tiro com Arco (CBTArco) e do Exército. Daniel representou o país nos Jogos Mundiais Militares, na Coreia do Sul. “Por muito tempo, para competir, minha família tirou dinheiro do próprio bolso. Tanto que não disputei campeonatos de base”, lamenta o mineiro, que prefere não fazer previsões para o Rio. “Estou vivendo esses Jogos há quatro anos e os próximos meses vão passar voando. O que tenho que fazer é me concentrar em cada flecha que eu disparar até lá.”

Leandro Couri/EM/D.A Press


QUEM É ELE
Daniel Rezende Xavier
Nascimento: 31/8/1982, em Belo Horizonte
Altura e peso: 1,91m e 85kg
Melhores resultados: quinto lugar no Pan de Guadalajara’2011 e na etapa de Ogden da Copa do Mundo’2011
Em Londres’2012: 51º entre 64 competidores

ONDE PRATICAR
O campo de treinamento da Federação Mineira de Tiro com Arco, no lado externo do Mineirinho, é composto por 20 raias e tem estrutura para receber até 80 competidores simultaneamente. Hoje, cerca de 180 arqueiros utilizam o local. A mensalidade custa R$ 150 por duas aulas de 1h30 por semana. O material inicial (arco e flechas) é emprestado pela federação, que mantém dois professores. Um equipamento básico, fabricado nos Estados Unidos e Europa, custa em torno de R$ 1,5 mil, chegando a R$ 4 mil para profissionais.

 

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Tags: tiro com arco Daniel Xavier

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