Velocidade
None

MICHAEL SCHUMACHER

Meio século de uma lenda: Michael Schumacher faz aniversário em reclusão forçada por grave acidente

Um dos maiores nomes da Fórmula 1, alemão completa 50 anos nesta quinta

postado em 03/01/2019 08:49 / atualizado em 03/01/2019 09:30

Em/D.A Press

As vitórias, os pódios, os banhos de champagne e as voltas a mais de 300 km/h pelas pistas do mundo – tão comuns em uma carreira repleta de glórias, feitos históricos, fortuna e badalação – agora dão lugar a um mundo estático e a uma reclusão que chegou a ser desejada, mas que chegou de forma violenta e improvável. Depois de viver anos sob os holofotes, agora as notícias sobre ele são mínimas. Tudo por causa de um grave acidente de esqui nos Alpes Franceses, há cinco anos, que mudou radicalmente o dia a dia de um dos maiores ídolos do esporte. Heptacampeão mundial de Fórmula 1, o alemão Michael Schumacher comemora hoje 50 anos de vida de um jeito bem diferente: com a família, amigos e distante do mundo da fama. Em longo processo de recuperação da tragédia que quase provocou sua morte, o estado de saúde do ex-piloto é um mistério.

A pedido da família, os poucos amigos que ainda têm acesso ao alemão nada comentam em relação às atuais condições dele. O acidente numa estação de esqui nos Alpes Franceses em 29 de dezembro de 2013 resultou numa lesão cerebral com hematomas intracranianos e edema cerebral difuso. Desde então, nenhum boletim médico foi divulgado.

Recentemente, o jornal britânico Daily Mail chegou a publicar que Schumacher não está mais em coma, nem necessita da ajuda de aparelhos para respirar, embora ainda precise de cuidados intensivos de enfermeiros e fisioterapeutas. O mesmo jornal afirma que os cuidados médicos extrapolam os 55 mil euros semanais, em torno de
R$ 250 mil. Estima-se que já foram gastos mais de R$ 150 milhões no tratamento. O ex-piloto está refugiado na mansão da família na cidade suíça de Gland, à beira de um lago.

Na véspera do aniversário do ex-piloto, a família divulgou um comunicado a respeito da situação. “Vocês podem ter certeza de que ele está em boas mãos e que estamos fazendo de tudo que é humanamente possível para ajudá-lo.  Por favor, entenda que estamos seguindo os desejos de Michael e mantendo um assunto tão sensível como a saúde, como sempre foi, em privacidade”.

Para comemorar os 50 anos de Schumacher, a Ferrari organizou uma exposição em sua sede, em Maranello, na Itália, para relembrar os cinco títulos mundiais vencidos pela escuderia com o ex-piloto – 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. A mostra foi criada em parceria com a Fundação Keep Fighting, mantida pela família do heptacampeão, e terá duração de vários meses.Hoje, será lançado um aplicativo, que terá carros de corrida em 3D, informações e vídeos da carreira do alemão.

LINHAGEM Schumacher é de uma família que tem a velocidade no sangue. O pai, Rolf Schumacher, pilotava e administrava um kartódromo em Kerpen, Noroeste da Alemanha. O tio, Karl-Heinz Schumacher, pilotava por hobby nos fins de semana e foi um dos maiores incentivadores da carreira dele. O irmão, Ralf, conquistou seis vitórias na Fórmula 1 de 1997 a 2007. Um dos herdeiros do ídolo já dá os primeiros passos na profissão: aos 19 anos, o primogênito Mick conquistou o título da Fórmula 3 Europeia do ano passado e neste ano correrá na Fórmula 2.

Mas nenhum chegou ao status de Michael. O período em que ele guiou os carros da Benetton e da Ferrari, entre 1991 e 2006, se tornou o mais glorioso de um piloto de Fórmula 1. Além dos sete títulos, o alemão colecionou recorde atrás de recorde, superando lendas como o argentino Juan Manuel Fangio (pentacampeão), o francês Alain Prost (tetra) e os brasileiros Nelson Piquet e Ayrton Senna (ambos tricampeões). Seu melhor parceiro foi o brasileiro Rubens Barrichello com quem formou dupla nas temporadas de 2000 a 2005. Eles estiveram juntos no pódio 34 vezes e em 22 fizeram a dobradinha. Rubinho foi vice-campeão em 2002 e 2004, anos em que Schumacher ficou em primeiro.

O alemão estreou na principal categoria do automobilismo em 1991, pela Jordan, na Bélgica. Na corrida seguinte, ganhou uma vaga na Benetton depois que o brasileiro Roberto Pupo Moreno foi dispensado por Flávio Briatore, então chefe da escuderia. Ao longo dos anos, Schumacher ajudou os italianos a fortalecer sua marca, popularizando-a mundo afora. Ao lado do britânico Johnny Herbert, levou a equipe ao título de construtores em 1995 e conquistou por duas vezes o Mundial de pilotos (1994 e 1995).

A primeira despedida de Schumacher na F-1 foi em 2006, depois de não renovar contrato com a Ferrari. Nessa temporada, seu desempenho foi até satisfatório, com sete vitórias e três segundos lugares. Mas ele acabou perdendo o título para o espanhol Fernando Alonso, da Renault. Três anos depois, um convite da Mercedes o levou de volta ao circo. Em três temporadas, contudo, seu melhor resultado foi um terceiro lugar no GP da Europa, em 2012.

SUCESSÃO O substituto do alemão na Mercedes foi justamente o piloto com maior possibilidade de ultrapassá-lo. Com contrato com a Mercedes até 2020, o inglês Lewis Hamilton, dono de cinco títulos mundiais, tem tempo e habilidade para igualar o hepta conquistado por Schumacher. O piloto de 33 anos, que reinou nas duas últimas temporadas, já bateu alguns recordes do ídolo alemão. Em 2018, atingiu 83 poles na carreira, contra 68 de Schumacher. Pode superá-lo também no número de vitórias (tem 73, contra 91 do alemão) e de pódios – esteve 134 vezes entre os três primeiros, contra 155 de Schumacher.

AFP


OS RECORDES DO ALEMÃO

7 títulos mundiais
91 vitórias
155 pódios
21 pódios consecutivos entre 2001 e 2002
116 largadas na primeira fila
22 hat-tricks (pole, volta mais rápida e vitória numa mesma corrida)
77 voltas mais rápidas
16.825 voltas completadas
22 vitórias em corridas diferentes
40 poles acompanhadas de vitórias
43 segundos lugares
13 corridas vencidas em uma só temporada (2004)
15 temporadas consecutivas vencendo pelo menos uma corrida (1992 a 2006)
17 pódios numa mesma temporada (2002)
82,2% de aproveitamento em pontuação (2004), com
13 vitórias e dois segundos lugares em 18 corridas
247,585 km/h de velocidade média numa corrida (GP da Itália em 2003)
Fonte: FIA

LINHA DO TEMPO


AFP


25/8/1991

Estreia na Fórmula 1 no GP da Bélgica, pela Jordan, numa prova em que abandonou por problema na embreagem do carro

30/8/1992

Pela Benetton, vence sua primeira corrida, coincidentemente no circuito de Spa-Francorchamps, em território belga

13/11/1994

Conquista seu primeiro título mundial na Austrália, após se envolver em acidente com o inglês Damon Hill, que tirou ambos da prova

12/11/1995

No GP da Austrália faz sua última corrida pela Benetton. Naquele ano, além de garantir o bicampeonato com facilidade, leva a Benetton ao único título de construtores de sua história

8/10/2000

Vence seu primeiro campeonato com a Ferrari ao chegar em primeiro no GP do Japão, em Suzuka, no primeiro título da escuderia em 21 anos

12/5/2002

Em corrida polêmica na Áustria, cumpre ordem da Ferrari de ultrapassar Rubens Barrichello – o que ocorreu na última curva – para receber a bandeirada na frente, gerando críticas dos fãs. Constrangido, chama Rubinho para o lugar mais alto do pódio. A partir dali, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) proibiu o jogo de equipes

12/9/2004

A quatro corridas do fim do campeonato, obtém o último título mundial de sua carreira com o segundo lugar na Bélgica, em prova vencida por Barrichello

22/10/2006

Na corrida que marca o bicampeonato de Fernando Alonso e a vitória de Felipe Massa, o alemão se despede da Ferrari no GP do Brasil, em Interlagos, com um quarto lugar

14/3/2010

De volta à Fórmula 1, agora pela Mercedes, termina o GP do Bahrein em sexto lugar

24/6/2012

Conquista seu último pódio na Fórmula 1, o único pela Mercedes, no GP da Europa, em Valência

25/11/2012

Despede-se de vez da F-1 com o sétimo lugar em Interlagos

29/12/2013

Envolve-se em grave acidente de esqui numa estação nos Alpes Franceses, entrando em coma. Desde então, permanece sob cuidados médicos