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BOLA MUNDI

Ter um só craque atrapalha?

"Zlatan é nosso maior jogador de todos os tempos, mas escolheu não participar. Tivemos que nos adaptar. Hoje temos muitos heróis" Janne Andersson, técnico da Suécia

postado em 16/11/2017 13:42

AFP / JONATHAN NACKSTRAND
Pode parecer loucura, mas uma seleção pode melhorar após abrir mão de seu astro e maior artilheiro? A Suécia diz que sim. Ídolo local, eleito o melhor do país de 2007 a 2016, Zlatan Ibrahimovic (foto), de 36 anos, se retirou em junho de 2016. Sem ele, a equipe conquistou vaga na Copa’2018, feito que não conseguira nas duas últimas edições, mesmo com o craque em ação.

Com 482 gols na carreira, sendo 62 pela Suécia, e o peso de ter atuado por equipes como Ajax, Juventus, Inter de Milão, Barcelona, Milan e PSG, Ibra era dono da Seleção e o time jogava em função dele. Até por sua estatura (1,95m), as bolas alçadas na área eram uma constante. O craque, por sua vez, pouco colaborava com a recomposição defensiva, sobrecarregando o time.

Com ele, a Suécia não fez muito. Na Copa’2002 pouco jogou e foram eliminados por Senegal nas oitavas. Teve certo brilho na Euro’2004, mas não evitou o adeus precoce. No Mundial’2006, já consagrado, passou em branco. Depois, fracassos na Euro’2008, Eliminatórias da Copa’2010 e Euro’2012. Nem em seu melhor momento individual fez a equipe mudar de nível: foi batido por Portugal na repescagem para a Copa’2014. Após ver o país fora da Euro’2016, anunciou a ‘aposentadoria’ da Seleção.

A partir daí, a Suécia perdeu em talento, é fato, mas ganhou ao adotar futebol coletivo. Foi assim que, mesmo sem jogadores nos principais clubes europeus, desbancou a Holanda na fase de grupos das Eliminatórias. E sem perder poder ofensivo: foi o sexto melhor ataque da competição, com 26 gols. Depois, na repescagem, eliminou ninguém menos que a Itália.

Ibra chegou a dizer que sua retirada permitiu que a Seleção jogasse sem pressão; afinal, “ninguém espera muito deles agora”. Empáfia à parte, há um fundo de verdade... Mas isso pouco importa. O técnico Janne Andersson sintetizou o sentimento sueco: “Zlatan é nosso maior jogador de todos os tempos, mas escolheu não participar. Tivemos que nos adaptar. Hoje temos muitos heróis”. Em recuperação de cirurgia e sem jogar desde abril, Ibra teve que engolir o ‘tapa de luvas’...

Façanha do canguru
Com a Austrália de passaporte carimbado para a Rússia’2018, após eliminar Honduras na repescagem, o veterano Tim Cahill, de 37 anos, pode entrar no seleto grupo de jogadores que participaram de quatro Mundiais: 48 atletas integram essa lista, mas só 26 estiveram em campo em todas as Copas (entre eles, Pelé, Maradona, Klose, Henry, Cannavaro). Cahill esteve nas três últimas edições (2006, 2010 e 2014) e fez cinco gols. Ele só não deve ter fôlego pra alcançar os recordistas: o mexicano Carbajal, o alemão Matthaus e o italiano Buffon, donos de cinco participações. O camisa 1 da Itália esteve perto de se isolar neste ranking, mas havia uma Suécia no caminho...

Nem esquentou o lugar...
Após ver a vaga na Copa’2018 “cair do céu” ao substituir o holandês Bert van Marwijk, mandado embora pela Arábia Saudita mesmo tendo classificado o país ao Mundial, o argentino Edgardo Bauza também teve seu sonho interrompido. Dois meses depois de ser anunciado e com apenas três jogos disputados, foi demitido após a derrota por 1 a 0 para a Bulgária (já havia perdido de 3 a 0 para Portugal e batido a Letônia por 2 a 0). Era a segunda chance de Bauza, que dirigiu a Argentina nas Eliminatórias Sul-americanas, mas caiu, pressionado pelo fraco desempenho: três vitórias, dois empates e três derrotas. Em tempo: a federação árabe de futebol ainda não havia definido o nome de sua próxima vítima.

Melhor ficar calado
Irmão menos famoso do campeão mundial Fabio Cannavaro, o também zagueiro Paolo Cannavaro arrumou um culpado para a ausência da Itália na Copa’2018: a imigração. “Não perdemos o mundial hoje, perdemos há quase 15 anos. Graças à lei de trabalho, chegaram ‘pacotes’ de todas as partes do mundo, que tiram o posto dos nossos atletas”, bradou. Alguém deveria avisá-lo de que o ‘problema’ não começou em 2003: desde 1929, mais de 50 oriundi (como os italianos chamam os estrangeiros que jogaram pela Seleção) já defenderam o país e o ajudaram a conquistar seus títulos, como o brasileiro Filó e os argentinos Monti, Orsi, De Maria e Guaixta (Copa de 1934), o uruguaio Andreolo (1938) e o argentino Camaronesi (2006), por exemplo.

Em campanha?
Após surgir como promessa de craque no São Paulo e na base da Seleção Brasileira (campeão mundial Sub-20 em 2011), o atacante William José nunca foi unanimidade por aqui e só viu a carreira decolar no exterior. Destaque do surpreendente Real Sociedad (fez oito gols em 15 jogos), ele ‘se candidatou’ esta semana a uma vaga na Fúria e cutucou Tite, afirmando que o Brasil sempre convoca os mesmos para a Seleção. Perto de obter a cidadania espanhola, William José acredita que tem tudo para se juntar a Thiago Alcântara e Rodrigo, que integram o grupo espanhol. Resta saber se o técnico Julen Lopetegui pensa assim.

De olho
Bruun Larsen
Nova joia do Borussia Dortmund, Jacob Bruun Larsen, de 19 anos, tem tudo para comandar a nova geração dinamarquesa. Ambidestro, atua como ponta pelos dois lados. Revelado pelo modesto Lyngby, está desde o Sub-15 na Seleção. Após a transferência para a Alemanha, em 2015, participou da Olimpíada Rio’2016, mas seu país foi eliminado pela Nigéria nas oitavas. Em julho, foi puxado para o time de cima do Borussia. Seu contrato vai até junho de 2021.

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