Gustavo Nolasco
None

DA ARQUIBANCADA

Quem vai abandonar o Mano?

Chegou a hora de os jogadores tirarem o fone de ouvido, desligarem o Instagram e realmente encarnarem La Bestia

postado em 25/04/2018 08:00 / atualizado em 24/04/2018 23:18

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press

Quando qualquer um dos 9 milhões de torcedores do Cruzeiro pensa na camisa azul estrelada, o amor sempre é incondicional. Não há coração celeste no mundo capaz de desejar o mal ao manto sagrado. Jamais o abandonamos por mais que jogadores e treinadores que estão a usá-lo temporariamente nos tragam lágrimas, provoquem suspiros de saudade de outros tempos ou mesmo acendam uma fúria causada pela preguiça em campo. 

Não será a palhaçada exposta no Maracanã contra o Fluminense a mudar o status do nosso sentimento. Contra La U, explodiremos pelo Cruzeiro e vamos repetir o que fazemos desde 1921. Entregaremos a alma pelo nosso clube. Se depender de história e torcida, venceremos os chilenos por 3, 4, 5, 6 a 1. 

Colocados “os pingos nos is” sobre a tentativa subjetiva de reverter para a torcida a responsabilidade pelos resultados, vamos a uma prosa de pé de orelha com os jogadores...

Não somos nós que pusemos Mano Menezes na berlinda. Chegou a hora de vocês tirarem o fone de ouvido, desligarem o Instagram e lançarem mão de algo básico, a conversa! Trancar numa sala e só sair depois de responderem: quem quer ajudar o Mano? 

Se não fizerem isso por convicção, ao menos façam por gratidão.

Nunca se viu um treinador defender tanto um grupo de jogadores do Cruzeiro como ele tem feito desde o ano passado. Sempre a blindar todos contra o imediatismo da torcida, a perversidade da imprensa, o desdém da crônica esportiva nacional e principalmente, para afastar o fantasma da insegurança.

Lembrem-se da noite de 28 de junho de 2017, quando viram o Palmeiras empatar o jogo por 3 a 3. Qual de vocês não estava cabisbaixo no vestiário quando Mano surpreendeu com a pergunta: “se antes da partida soubéssemos que terminaria 3 a 3, vocês achariam um mau resultado?”. No mesmo instante, ele devolveu a vocês o brilho dos olhos. Ali, sem nenhuma jogada treinada, nasceu o penta da Copa do Brasil. Vocês sabem disso!

Se o esquema tático continua sem existir há mais de um ano, ajudem a comissão técnica a encontrá-lo. Os gênios, ídolos e comprometidos com o Cruzeiro fazem isso. Perguntem a Luxemburgo se não ouvia Alex. Busquem na história quantas horas Procópio, Piazza e tantos outros gastavam na concentração discutindo uma mera jogada para vencer uma batalha da Libertadores. Vejam a foto de Sorín sangrando em qualquer pedaço do campo quando não havia mais tática.

Portanto, chegou a hora de realmente encarnarem em campo La Bestia. 

Amanhã, contra La U, em mais uma guerra da Libertadores Raiz, não será obrigação do departamento de marketing aplicar uma goleada. Assessores e empresários não impedirão um contra-ataque. Não serão 10 ou 100.000 sócios-torcedores que formarão uma barreira para impedir um gol no Fábio.

A torcida do Cruzeiro estará lá amanhã. Amamos incondicionalmente o Time do Povo e assim será para sempre. Por nós, venceremos, mas a responsabilidade é de vocês, jogadores. 

Até o momento de entrarem no gramado, pensem: quem realmente vai abandonar o Mano, nós ou vocês?

Por fim, só mais um pedido. Quando terminar a batalha e vocês confirmarem a vitória anunciada pela arquibancada, não venham com a arrogância do tipo “nós avisamos!”.

Não! Quem avisou sobre a grandeza do time fomos nós, torcedores. Vocês só terão aprendido com o peso daquilo que apoiamos incondicionalmente e estamos lhes emprestado: a camisa do Cruzeiro.

Deem a vida. Se não for por convicção, ao menos façam por gratidão. 

Siga-me no Twitter @gustavonolascoB

Tags: La U Universidad de Chile cruzeiro cruzeiroec libertadores2018 interiormg seriea mano