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HISTÓRIA

Nação forjada há mais de 2.500 anos

Primeiros registros remontam ao século 5 a.C., mas foi um líder viking, nos anos 860, que estabeleceu o primeiro estado russo

postado em 24/05/2018 17:05 / atualizado em 05/06/2018 21:08

AFP / Mladen ANTONOV
Muitos povos num só povo. Em se tratando de gente, a Rússia é, literalmente, um mosaico. Assim, se transformou numa nação que tem o multiculturalismo como uma de suas mais representativas marcas. Sua formação passa por núcleos de nômades a grupos tribais que se estabeleceram ao longo do Rio Danúbio, nas terras hoje ocupadas por húngaros e búlgaros, num período de grandes migrações.

 

Dessa fusão nascem aqueles que seriam os pré-eslavos. Registros sobre os primeiros habitantes remontam ao século 5 a.C., que ocupavam áreas ao Norte do litoral do Mar Negro. Entre os principais estavam os citas, que se fixaram nos vales. Eram dedicados ao cultivo de grãos, além de cera e outros produtos, boa parte destinada à venda para colônias gregas.

Tribos e ‘nações’ foram se sucedendo, como os avaros (Cáucaso), magiares (Hungria), turcos nas porções centro-asiáticas. Além deles, godos, hunos, jázaros. Por fim, os vikings. A esses é atribuída a criação da expressão ‘rus’, considerada uma das hipóteses das origens do termo russo. Os eslavos resistiram e predominaram diante dessa série de invasões.

Só no século 9 se dará o estabelecimento de um estado. A partir de um assentamento próximo de Novgorod (hoje uma das cidades-sede da Copa do Mundo), Riurik, líder de origem viking, funda nos anos 860 a dinastia que seria responsável pela encarnação da chamada Rússia moderna. Do Norte, num próspero entreposto comercial às margens do Rio Volga, seu domínio se expande para o Sul.

O que parecia se unificar será abalado no século 13, com a invasão dos mongóis, derrotados somente no fim do século 15. Outras frentes de desintegração se abririam com conquistas polaco-lituanas e incursões de suecos. A reação russa passaria pela articulação gradual de seus principados, realimentando o conceito de estado nacional.

A ferro e fogo, o processo amadurece com Ivan IV, chamado Ivan, o Terrível. Príncipe da Moscóvia, reino no entorno de Moscou, governou de 1533 a 1584, se autoproclamando o primeiro dos czares da Rússia em 1547. Foi em busca de expansão territorial, anexando principados a Oeste, em direção ao Báltico, e ao Leste, rumo à Sibéria.

Como ele, sobressai o quarto czar, Pedro, o Grande. Foi quem criou o Império Russo. Também expansionista, reinou de 1695 a 1725, envolvendo-se em guerras com turcos, persas e suecos, além da Prússia. A partir da Suécia conquistou toda a costa báltica. Foi ali que ergueu a nova capital, São Petersburgo, em 1703. Mais do que simbolicamente, marcava o fim da antiga Moscóvia para dar início à nova Rússia.

São Petersburgo é descrita como a “janela para o Ocidente”. Não por acaso, era também o principal porto para sua marinha de guerra. Paralelamente, pensou num país sob a perspectiva estratégica. Construiu estradas, abriu canais, reorganizou suas forças militares. E cortou muitas cabeças de rebeldes. Após um hiato de governos pouco expressivos, assume Catarina, a Grande (que governou de 1762 a 1796), mais inclinada às influências europeias – o último czar foi Nicolau II, obrigado a abdicar em 1917, na Revolução Russa, e executado pelos bolcheviques em 1918, assim como sua família. Com Catarina foram erguidos prédios monumentais, muitos deles dedicados às artes.

Claro, também não abriu mão da política expansionista. Essa absorção territorial só tornou mais abrangente o mosaico em que se convertera a Rússia sob inúmeros pontos de vista para além da língua e dos costumes. Entre os religiosos, por exemplo, há expressiva maioria de cristãos ortodoxos, mas parcelas significativas de muçulmanos e, em menor número, budistas, católicos e judeus. E no campo da cultura, festivais espalhados pelo país cuidam de preservar as tradições de uma nação que se reconhece naquele que é um de seus maiores símbolos: o da diversidade.