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ESPORTE NA TV

Profissional x personagem: SporTV debate prós e contras de Lisca

Participantes do programa Seleção SporTV fizeram ponderações sobre o trabalho do treinador do América

postado em 10/05/2021 19:30 / atualizado em 10/05/2021 20:22

(Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O técnico Lisca, do América, é um dos principais personagens do futebol brasileiro. Recentemente, o gaúcho se envolveu em polêmicas nos clássicos contra o Cruzeiro e agitou os bastidores do futebol mineiro com suas declarações. Nesta segunda-feira (10), a postura do treinador virou tema de um debate sobre os ‘prós e contras’ de seu trabalho, no SporTV.

Na partida de ida da semifinal do Campeonato Mineiro, contra o Cruzeiro, Lisca foi pivô de grande polêmica. O técnico do Coelho disse ter sido provocado por atletas da equipe rival no gol celeste, e fez o mesmo nos tentos que marcaram a virada de seu time por 2 a 1. Ele encarou o banco de reservas da Raposa e chegou até a discutir com o goleiro Fábio durante o jogo: ‘Se ninguém te tira do gol do Cruzeiro, eu vou tirar’. Lisca fez gestos com a mão, insinuando que o arqueiro celeste ‘fala muito’.

Após eliminar a Raposa no último domingo (9), com nova vitória, por 3 a 1, no Independência, o técnico do América foi flagrado no vestiário do time alviverde aos dizeres: ‘1, 2, 3, o Conceição é meu freguês’. Em entrevista à Rádio Grenal, o treinador ressaltou que a fala teve tom de brincadeira e, em nenhum momento, teve a intenção de provocar o comandante do rival celeste.

Nos últimos meses, nas mesas esportivas, muito se debateu sobre o fato de Lisca ter abandonado o rótulo de ‘doido’, que antes o perseguia. O gaúcho conseguiu trazer os holofotes para o seu trabalho pelos bons resultados no América, especialmente pela histórica campanha na última edição da Copa do Brasil. 

As últimas atitudes de Lisca, no entanto, fazem os rótulos voltarem a rondá-lo? Essa postura ofusca o bom profissional por trás do personagem? Essas questões viraram tema de um extenso debate no programa Seleção SporTV desta segunda-feira (10). Veja, a seguir, os principais trechos do diálogo.
 

Paulo Nunes


(Foto: Reprodução)

O ex-jogador e comentarista teceu elogios ao trabalho de Lisca ‘dentro de campo’. Apesar disso, em sua visão, a imagem do treinador pode ficar desgastada mediante atletas de outros clubes por sua postura.

“O trabalho do Lisca, para mim, é impressionante. Dentro do campo, o trabalho dele é perfeito. A capacidade que ele tem de envolver os seus jogadores, de tirar aquilo que o jogador pode dar de melhor. Às vezes, mexer com o brio do atleta. Eu acho isso importantíssimo para um treinador”. 

“Agora, eu não acho interessante quando o treinador mexe com outros jogadores das outras equipes, porque ele vai trabalhar ainda nas outras equipes. Ele vai ter que trabalhar com outros atletas, e é ruim para um treinador como o Lisca, pela capacidade que ele tem, e pelo conhecimento - e a gente sabe que ele vai treinar muitos grandes clubes - de depois enfrentar. Ele vai ter que trabalhar no Cruzeiro, e aí? As portas vão estar abertas no Cruzeiro se o Fábio estiver lá? Eu não acho isso legal. Acho que ele vai crescer, tem que crescer, tem que evoluir, pelo bem dele e pelo futuro dele no futebol”.

André Rizek


(Foto: Reprodução)

O apresentador do Seleção SporTV salientou sua simpatia por Muhammad Ali, ex-boxeador, conhecido por grandes resultados no esporte e também pelas provocações. Na visão de Rizek, personagens como Ali e Lisca engrandecem o futebol como ‘espetáculo’.

“Meu grande ídolo no esporte é o Muhammad Ali. Além de ser o Pelé do boxe, o maior provocador que o esporte já viu. Provocava todos os seus rivais e pagava um preço alto por isso também, porque despertou o ódio de muitos dos seus rivais e tinha que comprovar no ringue. Portanto, eu não posso ser incoerente com os valores que eu acho legal do esporte. Vejo o esporte também como uma atração. Não é só um jogo, uma luta, uma corrida - é uma atração”.

“Personagens como o Lisca, no meu entendimento, desde que não seja algo forçado, alguém que crie um personagem que não é espontâneo - o Lisca é assim -, acho que acrescentam muito, muito mesmo, ao espetáculo, ao entretenimento do futebol. Eu acho o maior barato. Agora, eu sei que o Lisca, ao provocar, também paga um preço, fica exposto. Tem que se garantir. Provocou, depois se garante”.

Luís Roberto


(Foto: Reprodução)

Perguntado sobre o assunto, o narrador rasgou elogios ao América e ao técnico Lisca. Na visão de Luís Roberto, a postura do treinador é ‘encantadora’ e amplia ainda mais os holofotes sobre o clube mineiro.

“Eu acho bem legal a gente falar do ‘pacotão Lisca’. ‘Tamo Liscado!’, para plagiar o Gil do Vigor, do nosso BBB. O caso é o seguinte, Rizek: eu estou com você. Acho o Lisca um grande personagem. Acho que, no caso do América, que tem uma torcida pequenininha, e o torcedor do América pode ficar bravo comigo, mas hoje em dia é uma torcida pequenininha, mas é um clube que está se mostrando muito organizado. Um clube que busca recursos, consegue sobreviver num conflito pelo mercado com dois gigantes (Atlético e Cruzeiro). São gigantes independentemente do momento do Cruzeiro. Então, o América tem muito mérito”.

“Eu acho que para o América, o Lisca desse jeito, está contribuindo. É legal! Ajuda! Bota a cabeça de fora e fala: ‘Nós estamos aqui e não é por acaso’. Foi assim na temporada passada, de forma brilhante na Copa do Brasil - os confrontos contra o Internacional foram épicos, na minha opinião. Acho que o Lisca é um grande treinador, acho que ele terá dimensão, dependendo do clube para o qual ele for trabalhar, como se comportar, como usar esse lado dele que é poderoso. Ele faz esses movimentos porque ele tem esse carisma. Não é forçado, é o Lisca!”.

“Para mim, é encantador esse personagem. Faz bem para o jogo, faz bem para o espetáculo. Acho que não diminui o que ele é capaz, e ele tem que tomar esse cuidado para que o Lisca que toma conta emocionalmente dessa parte do jogo - que é muito importante - não se diminua como treinador. No Ceará, por exemplo, ele tinha esse comportamento. Isso tudo funcionou. Num dado momento: ‘Ah, o vestiário não está mais legal’. Os jogadores não compram mais esse barato. E ele acabou saindo. Mas acho que é bacana. O Lisca contribui e acho que não devemos extrapolar no julgamento da questão que envolveu o Conceição”.

André Rizek


“Nunca o Seleção falou tanto do América, que é um time hoje de torcida pequena. Isso se dá porque o América ficou muito relevante esportivamente, é óbvio. É um time que chegou longe na Copa do Brasil, vai jogar a Série A esse ano, fez uma bela campanha na Série B e também porque o Lisca é um personagem. É um personagem, é assunto”.

Carlos Eduardo Lino

 
(Foto: Reprodução)

Questionado sobre o tema, Lino foi enfático e disse não ter visto problemas na atitude de Lisca com Felipe Conceição. O comentarista também saiu em defesa dos profissionais do grupo Globo, que fizeram a filmagem do momento em que o treinador realizava a brincadeira.

“Só acho que não aconteceu nada de errado. Acho que o Lisca fez uma brincadeira normal. Acho que a nossa função também é fugir um pouco das luzes da ribalta, descobrir um pouco do que acontece nos bastidores. O trabalho jornalístico é perfeito. A gente tem que investigar, e cada um que assuma as consequências daquilo que disser. Nossa função é tentar encontrar não só versões oficiais, mas descobrir o que acontece em bastidores também. E também acho que ele não falou nada demais. Foi uma brincadeira que vai ficar no lugar dela. Não achei ofensiva também não”.

André Rizek


“Dando o peso certo a isso: é futebol, gente. Uma coisa é o Presidente da República ofender uma nação soberana, que está nos fornecendo insumos para a vacina, por exemplo. Isso é uma coisa extremamente grave. A outra é um técnico tirar uma onda com quem ele derrotou três vezes num campeonato estadual. Vamos dar o devido peso a que esse assunto merece”.

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