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Mineira 'de coração': Luana Pinheiro, ex-judoca do Minas, estreia no UFC

Paraibana radicada em BH luta neste sábado em Las Vegas

30/04/2021 06:33 / atualizado em 30/04/2021 01:05
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Luana Pinheiro, de 28 anos, é a nova aposta do Brasil para o peso palha do UFC
foto: UFC/Divulgação

Luana Pinheiro, de 28 anos, é a nova aposta do Brasil para o peso palha do UFC



Nos últimos anos, o MMA vem recebendo cada vez mais atletas de outras modalidades de combate. E o judô chegou forte ao octógono do Ultimate Fighting Championship e de outras franquias de artes marciais mistas. É o caso da paraibana Luana Pinheiro, ex-judoca do Minas e que estreia no UFC neste sábado, diante da iraquiana naturalizada canadense Randa Markos, pelo card preliminar, em Las Vegas. O duelo será no peso palha (52kg).

Luana, de 28 anos, migrou do judô para o MMA em 2016. Ainda atleta do Minas, ela se interessou pelas artes marciais mistas e decidiu mudar de ares, trocando o tatame pelo octógono. A paraibana passou a treinar na BH Rhinos, do técnico Cristiano 'Titi' Lazzarini, e conheceu o também lutador Matheus Nicolau, de BH. Os dois engataram relacionamento firme e agora dividem a mesma academia, a Nova União, no Rio de Janeiro, como atletas do UFC - ele está na divisão peso mosca (57kg). 

Com cartel de oito vitórias e uma derrota no MMA, Luana lutou no BH Fight e despontou no Brave FC, com três triunfos seguidos. Selecionada para o Contender Series, programa criado pelo presidente do UFC, Dana White, para revelar novos talentos, ela não perdeu a oportunidade e ganhou contrato com a franquia de Las Vegas ao bater Stephanie Frausto por nocaute, em novembro de 2020 - na ocasião recebeu elogios do 'chefe'. 

Luana teve a estreia contra Randa Markos adiada, depois que a canadense contraiu a COVID-19. A luta, que estava marcada para 27 de março, foi reagendada para este sábado. Em entrevista ao SUPERESPORTES, a paraibana e 'mineira de coração' disse que aproveitou o tempo para treinar mais e contou com a ajuda de uma antiga companheira dos tempos de judô: a campeã olímpica Rafaela Silva



CONFIRA A ENTREVISTA COM LUANA PINHEIRO

Depois de ter a estreia adiada, chegou o momento. A espera foi bem administrada, ou você ficou mais ansiosa?

Olha, nesses tempos em que estamos vivendo, só sabemos se vamos lutar praticamente no dia do evento, né? Quando somos liberadas de todos os testes. Então a gente sempre sabe que pode acontecer alguma coisa. Todo mundo que está lutando corre esse risco. Eu fiquei chateada porque queria lutar logo, mas tento levar para o lado bom, para o lado positivo. Eu tive mais tempo para me preparar. Se já estava preparada há um mês, agora estou mais do que nunca.

Você permaneceu nos EUA depois da luta do Matheus, mas precisou retornar ao Rio com o adiamento da estreia. Você acha que isso atrapalhou um pouco?

Acredito que não. Eu consegui fazer mais um mês de camp. Depois da luta do Matheus, fiquei uma semana aqui em Las Vegas esperando para ver se o UFC conseguiria uma substituta. Mas acabou não acontecendo. Mas foi só um dia de viagem e eu logo retornei aos treinos.

Você vai enfrentar uma adversária que teve problemas recentes com a COVID-19. É um ponto a ser explorado, já que há possibilidade de alguma sequela ou mesmo fraqueza?

Acredito que não. Acho que ela teve um bom tempo para se recuperar, mais de um mês. Não sei como ela ficou, mas pelo que as pessoas me falaram, ela voltou a treinar logo, ela estava bem.

Como você projeta a estreia diante de uma adversária experiente, mas que não vem de bons resultados (Randa Markos perdeu as três lutas anteriores no UFC)?

A Randa é o maior desafio da minha carreira até hoje. Ela tem o dobro de lutas que eu tenho, está no MMA há bastante tempo. Eu respeito muito ela por isso. Quando ela estava lutando MMA, eu estava me mudando pra Belo Horizonte para iniciar uma nova carreira no judô. Mas eu estou na minha melhor forma física, cada dia mais adaptada ao MMA.

Essa sequência negativa da Randa aumenta a pressão sobre ela? Isso faz parte da sua estratégia para a luta? Explorar esse ponto também...

Pode ser que sim, mas eu acho que quando você está na corda bamba, você fica com receio, com medo de errar. Mas, ao mesmo tempo, ela também pode vir para o tudo ou nada. Eu sei que ela pode vir das duas formas. Estou preparada para os dois jeitos.

Como é a vida de lutadores ao lado de Matheus Nicolau? Ele pode ser um ponto de apoio para a sequência, assim como você pode ser o dele também?

Sim, é muito bom compartilhar a sua vida com uma pessoa que tem o mesmo objetivo e o mesmo sonho que você. O Matheus é um atleta muito experiente, ele está no MMA há muito tempo. Eu aprendo muito com ele todo dia. É muito bom ter ele comigo, estamos sempre nos ajudando.

Auxíllio de campeã olímpica: Rafaela Silva (esq) deu uma força a Luana (centro) em camp no Rio
foto: Reprodução/Instagram

Auxíllio de campeã olímpica: Rafaela Silva (esq) deu uma força a Luana (centro) em camp no Rio



Como foi essa transição do judô para o MMA?

Foi bastante difícil. Eu nunca tinha treinado boxe nem nenhuma outra arte marcial na vida que não fosse o judô. Eu tive que começar do zero, aprender a dar jab, direto. Mas é um esporte que eu sou apaixonada, me apaixonei pelo MMA. E é um desafio muito grande para mim porque o judô é algo que nasci fazendo e o MMA é algo que eu estou apredendo. É muito desafiador e adoro desafios. Isso me motiva.

Você era apontada como revelação do Minas no judô. O que pesou para mudar e apostar no MMA?

Eu perdi a seletiva olímpica do Rio'2016 e, depois disso, me senti desmotivada, não sentia mais aquela vontade, aquela chama. Eu precisava de novos desafios e foi ai que eu comecei a acompanhar a Ronda (Rousey, ex-campeã do UFC e que também foi judoca), fiquei encantada. E pensei que se ela saiu do judô e chegou aonde chegou, eu poderia também.

Você projeta uma estreia mais focada no chão? Ou a trocação pode ser um ponto importante?

Eu me preparo para lutar MMA. Até porque na hora tudo pode acontecer e é preciso estar preparada pra tudo.

Você nasceu na Paraíba, foi para Minas e agora está no Rio. Qual a sua relação com Minas?

Minha sogra mora em Belo Horizonte, eu sempre estou indo. Meus amigos de Minas eram todos do clube e a maioria já não está mais lá, então meus amigos em Belo Horizonte, hoje, são os do Matheus.

Você teve a ajuda da Rafaela Silva no camp. Como foi treinar com uma campeã olímpica? Ela é uma espécie de incentivo para você?

Eu conheço a Rafa há bastante tempo. No judô, quando você compete muito, você encontra muito as pessoas. Eu já viajei com ela pela Seleção, conheço ela desde que eu tenho 11 anos. É muito legal, um ânimo a mais. Eu sou muito fã dela. Ela é um exemplo para todo mundo, não só do judô, mas para a galera do MMA também. 



UFC Vegas 25: Reyes x Prochazka


Sábado, 1º de maio
Local: UFC Apex, em Las Vegas (EUA)
Horário (de Brasília): card preliminar (20h); card principal (23h)
Transmissão: Canal Combate (na íntegra)

CARD PRINCIPAL

Dominick Reyes x Jiri Prochazka
Cub Swanson x Giga Chikadze
Ion Cutelaba x Dustin Jacoby
Sean Strickland x Krzystof Jotko
Merab Dvalishvili x Cody Stamann
Poliana Botelho x Luana Dread

CARD PRELIMINAR

Luana Pinheiro x Randa Markos
Gabriel Benitez x Jonathan Pearce
Kai Kamaka III x T.J. Brown
Loma Lookboonmee x Sam Hughes
Felipe Cabocão x Luke Sanders
Andreas Michailidis x KB Bhullar

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