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COLUNA DO JAECI

Um jogo que me encheu os olhos

Com o futebol de terça-feira, o Cruzeiro se impôs na Libertadores como o grande adversário a ser batido. Estou feliz por poder elogiar um jogo na América do Sul

postado em 24/05/2018 12:00 / atualizado em 24/05/2018 13:26

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O jogo entre Cruzeiro e Racing, vencido pelo time mineiro por 2 a 1, terça-feira, no Mineirão, pode ter sido um divisor de águas entre o péssimo futebol disputado na América do Sul e o que queremos ver de melhor. Foi um jogo fantástico, de encher os olhos. O Cruzeiro deu a impressão de que iria golear, pois já vencia por 2 a 0 com 10 minutos. Mas o Racing se impôs, diminuiu o placar e quase empatou, numa bola em que Centurión encobriu Fábio e a bola bateu na trave. As duas equipes tocando a bola, com poucas faltas, querendo o gol. Parecia um jogo dos tempos épicos do nosso futebol. A qualidade do time argentino é inquestionável. Os jogadores tocam a bola com uma maestria impressionante. Lisandro López acabou com o jogo, assim como De Arrascaeta, pelo Cruzeiro, que comandou todas as ações do time azul. Perdeu um gol incrível, mas esteve acima da média. Foi um belo espetáculo, que me fez perceber que o futebol por essas bandas ainda tem jeito. A vitória deu ao Cruzeiro o primeiro lugar do grupo, numa arrancada espetacular – duas goleadas, sobre La U e Vasco, e a bela vitória de terça-feira.

A torcida saiu do Mineirão feliz. O Cruzeiro continua sério candidato aos títulos que disputa, mas a prioridade, não há como negar, é a Libertadores.

O torcedor azul tem feito sua parte, lotando o Mineirão, apoiando incondicionalmente. O time não é a oitava maravilha, mas vai se ajustando jogo a jogo. Lucas Silva vive sua melhor fase, voltando aos bons tempos de 2013/2014. Uma pena que o Real Madrid queira emprestá-lo ao Celta, de Vigo. Tomara que o Cruzeiro contorne isso. Fábio e Dedé são dois monstros! Como jogam futebol. A lateral direita, sem Edílson, fica carente. Na esquerda, Egídio apoia bem, mas, na hora de cruzar, erra a maioria. Os saudosos mestres Telê Santana e Carlos Alberto Silva determinavam que os laterais cruzassem para os companheiros e não se livrassem da bola. Não adianta o cara ir ao fundo 50 vezes e errar todos os cruzamentos. Se ele se dedicar mais nesse fundamento, poderá ter êxito. Henrique continua jogando muito bem, dando equilíbrio ao meio-campo. Thiago Neves faz jogos medianos. Não consegue encontrar o futebol que o consagrou no Fluminense. De Arrascaeta é craque e, no ataque, Sassá faz uma boa partida e outra ruim. Mas tem força física, sabe proteger a bola e precisa de mais confiança. Raniel é um jovem promissor. Precisa aprender um pouco mais para se firmar. No geral, porém, o Cruzeiro é um time organizado, que sabe o que fazer com a bola.

A Libertadores vira copa a partir de agora. Os cruzeirenses torcem para que o sorteio os entregue um adversário, teoricamente, mais fraco. Vejam bem: teoricamente, pois, em Libertadores já vimos muito porco magro sujando a água. Claro que qualquer equipe que caia como adversário saberá respeitar o Cruzeiro, por sua grandeza e pelo futebol que tem jogado. Eu acredito que Mano Menezes não esteja de todo satisfeito, pois a equipe oscila muito. No jogo contra o Racing, muita gente diz que o time recuou e tirou o pé. Não foi isso. Do outro lado havia um adversário forte e qualificado, que também impôs seu jogo. Por isso a partida foi excelente do ponto de vista técnico. Achei até que o empate teria sido mais justo pelo que as duas equipes apresentaram. Assim como no 4 a 2 que o Racing aplicou no Cruzeiro achei injusto, pois o empate teria sido o resultado normal, pelo que o Cruzeiro apresentou. Mas no futebol o “se” não existe. Cada jogo conta uma história diferente e o de terça-feira deve servir de modelo para que a escola sul-americana volte a nos brindar com espetáculos de qualidade. O Cruzeiro está forte e muito vivo em busca do tri. A torcida já sonha com o Mundial Interclubes, mas é preciso esperar um pouco mais. Mano, por exemplo, já disse que prefere evitar pegar um time brasileiro, agora. E ele tá certo. Uma hora, caso continue avançando, terá que cruzar, mas que seja numa semifinal, por exemplo. Com o futebol de terça-feira, o Cruzeiro se impôs na Libertadores como o grande adversário a ser batido. Estou feliz por poder elogiar um jogo na América do Sul. O de terça não ficou devendo em nada aos grandes jogos da Liga dos Campeões da Europa.

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