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COLUNA DO JAECI

Que a expulsão de Dedé não sirva de desculpas. O Cruzeiro não faz gols

A não ser que o futebol azul mude da água para o vinho, principalmente na parte ofensiva, não vejo muitas chances de vitória. E olha que esse Boca não é aquele que mete medo

postado em 23/09/2018 12:00

Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.
O Cruzeiro foi garfado na Argentina no jogo contra o Boca, isso é fato. O árbitro errou de forma vergonhosa ou venal ao expulsar o zagueiro Dedé após choque involuntário com o goleiro Andrada, todos nós sabemos. Agora, o que não pode é a diretoria se apoiar nesse argumento, caso o time mineiro seja eliminado da Copa Libertadores. A verdade nua e crua é que a equipe não está jogando futebol de primeira linha, e deixa muito a desejar do meio para a frente. Apostou em Thiago Neves, um bom jogador, mas que não é mais aquele de 2008, vice-campeão da competição com o Fluminense, único a marcar três gols numa final de Libertadores. Neves ficou quatro anos no mundo árabe, onde não se treina e joga-se pouco, e isso compromete o futebol de qualquer um. E também, de 2008 para cá, são 10 anos – e muita coisa muda. Infelizmente, para o torcedor azul, Thiago Neves nunca fez uma grande partida de encher os olhos, decisiva. Não. Jogou para o gasto e não justifica aquilo que percebe por mês. É um cara que me parece bom de grupo, inteligente, mas o futebol não é o esperado.

No ataque, então, a coisa se complica ainda mais. Se Thiago Neves não cria e não faz a bola chegar, Barcos, contratado recentemente, acaba se tornando um “poste” ali na frente. Se não me engano, fez dois ou três gols em 15 jogos, uma das piores médias da história. E pensar que Mano insiste com ele, em detrimento de Raniel, que sempre se movimenta mais e tem mais o cheiro do gol. Salva-se De Arrascaeta, por sua inteligência, categoria e qualidade. Porém, sozinho, não pode fazer muita coisa. É característica dos times de Mano Menezes a retranca e a força defensiva. Mas ele nunca privilegiou o ataque. É um ótimo técnico, bom de prosa e um cara honesto. Porém, precisa evoluir no quesito armação de uma equipe. Pôr os compartimentos funcionando a contento. Peguem os últimos jogos do Cruzeiro. Se não fossem Fábio, o melhor goleiro do Brasil, e Dedé, um zagueiraço, o Cruzeiro já estaria eliminado da Copa do Brasil e ainda em pior situação no Brasileirão.

Fred já está fazendo gols em treinamentos. É verdade que ele, quando estava inteiro, também não conseguia fazer gols, e olha que por onde passou Fred foi artilheiro, tem o cheiro do gol. Então, podemos entender que o problema não são os atacantes e, sim, quem os treina. A gente assiste a um jogo do Liverpool, por exemplo, e percebe a organização tática da equipe de Klopp, equilibrada em todos os setores. Aí, dirão os técnicos brasileiros: “Mas ele tem grandes jogadores à disposição”. Sim, é verdade. Mas a maioria dos técnicos brasileiros, mesmo quando tem jogadores de qualidade, não consegue fazer suas equipes jogarem bonito. É defeito dos técnicos brasileiros, soberbos, achando que sabem mais que os outros, sem estudar, sem se modernizar. Peguem um jogo da Champions League e uma partida de Libertadores. Vocês verão a distância abissal entre o que se pratica no Velho Mundo e o que é jogado pelas bandas da América do Sul. Estamos anos-luz atrasados.

O Cruzeiro perder para o Boca por 2 a 0 ou vencer o time argentino pelo mesmo placar é normal e aceitável. O que o torcedor não deve aceitar é ver um time apático, jogando muito pouco ofensivamente. Que a expulsão de Dedé, um erro crasso e grosseiro, não sirva de desculpa para uma possível eliminação. A não ser que o futebol azul mude da água para o vinho, principalmente na parte ofensiva, não vejo muitas chances de vitória. E olha que esse Boca não é aquele que mete medo. Tem uma defesa frágil, isso é notório. Porém, para enfrentar um time que não faz gols, dá para o gasto. E não há centroavante que resista à falta de um grande armador, um cara inteligente, que enxergue as jogadas, que enfie as bolas na medida. Definitivamente, Thiago Neves não é esse jogador.

“Morrer abraçado”
O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, foi contra tudo e contra todos e resolveu manter Maurício Barbieri como técnico. Se o Flamengo for eliminado na quarta-feira, contra o Corinthians, na Copa do Brasil, “morrerá abraçado com o treinador”. A queda do Flamengo após Copa do Mundo é vertiginosa, e a diretoria rubro-negra se reuniu segunda-feira exigindo a troca do treinador. Bandeira de Mello é fenomenal na gestão financeira, deixando o clube carioca com superávit. Porém, como gestor de futebol é um fracasso. Em seis anos, gastou milhões de dólares, faturou outros milhões, mas contratou pessimamente e ganhou uma Copa do Brasil em 2013. Se o Flamengo for eliminado da Copa do Brasil e não ganhar o Brasileiro, corre o risco de não fazer seu sucessor em dezembro.

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