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COLUNA DO JAECI

Não há empatia entre a torcida do Galo e Culpi

'Eu pensei que ele voltaria bem atualizado, mas, pelo que tenho visto, está ultrapassado e com conceitos ruins. Claro que milagre ninguém faz. Porém, não vejo o Atlético tão ruim como pintam'

postado em 14/03/2019 12:00

<i>(Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)</i>
A torcida do Galo não quer mais Levir Culpi (foto). Aliás, já não queria quando ele foi contratado. Culpi foi mandado embora pelo ex-presidente Daniel Nepomuceno por suas incoerências, escalações equivocadas e por sua postura arrogante. Quem viu a entrevista dele após a derrota para o Nacional pôde perceber que ele não está nem aí para nada. Respostas malcriadas, desdenhando dos jornalistas, como se fosse o dono da verdade. Parece que ele está fazendo um favor ao Galo ao dirigi-lo, quando, na verdade, ele tem de pôr a mão para o céu por ter sido contratado ganhando uma fortuna. Foi mandado embora do Japão depois de campanha pífia, com oito derrotas, e achou emprego no Galo. Fiquei com pena dos repórteres, mas eles deveriam ser mais incisivos e não mostrar o medo de perguntar. Por exemplo: será que o técnico não enxerga que Patric não tem condições de ser titular do Galo e, para dizer a verdade, nem reserva? Será que ele não percebe que Fábio Santos não dá mais, que Elias está mal escalado, como falso ponta-esquerda, que Ricardo Oliveira está isolado e que o Atlético está jogando futebol medíocre? Ou ele está vendo outro jogo, diferente de todos nós?

Levir sempre soube arrumar as equipes nas quais trabalhou. É bem verdade que derrubou o Botafogo e o Palmeiras para a Série B, mas já fez bons trabalhos que lhe deram alguns vice-campeonatos. Ganhou, é verdade, duas Copas do Brasil, em 1996, com o Cruzeiro, e em 2014, com o Galo. Os outros títulos são estaduais, irrelevantes. Para uma carreira de mais de 30 anos é muito pouco. Eu pensei que ele voltaria bem atualizado, mas, pelo que tenho visto, está ultrapassado e com conceitos ruins. Claro que milagre ninguém faz. Porém, não vejo o Atlético tão ruim como pintam. O acho na média da maioria das equipes brasileiras. O grande problema do futebol brasileiro é que os técnicos veteranos estão ultrapassados, e os jovens não conseguem se firmar. Fica, então, esse hiato.

Estamos aqui analisando o treinador, jamais a pessoa. O mesmo pensamento tenho do auxiliar de Levir, seu cunhado, Matter. Nunca o achei competente. Mas Levir o guindou para auxiliar há anos. O erro do Atlético, e a torcida é culpada, foi ter demitido Thiago Larghi. Da nova geração, é dos mais estudiosos e competentes. Porém, o torcedor o xingou e não acreditou em seu trabalho. Teve uma queda sim, mas com ele o Galo, com todas as suas limitações, fez bela campanha no Brasileirão. Essa impaciência com os jovens e essa dependência de técnicos ultrapassados estão matando o futebol brasileiro. Não acredito que o presidente Sérgio Sette Câmara vá demitir Levir. A torcida deseja isso, mas ele vai permanecer. E deve manter Patric, porque é teimoso. Luan, que até fez duas boas partidas nas fases preliminares da Libertadores, mas caiu nessa no Uruguai, também deve permanecer, assim como Fábio Santos e Elias. E ainda essa opção por três volantes, que, na verdade, são dois, já que ele escalou Elias na esquerda, onde ele jamais soube jogar. A situação na Libertadores é caótica e a classificação está por um fio. Ou o Atlético muda sua postura e seu treinador admite os erros e os corrige ou o time vai figurar em todas as competições que disputar. Depois, não digam que não avisei. Foi por isso que defendi o Independência como terreiro do Galo. Entendo que o presidente tem o direito de levar sua equipe para o Mineirão, pensar grande e tudo o mais. Porém, com esse time e esse treinador, no Horto a coisa poderia melhorar, pois ali a torcida funga no cangote dos jogadores e os empurra às vitórias. Ainda há tempo de melhorar, desde que haja comprometimento desses homens, que ganham fortunas e não dão o retorno esperado ao clube e ao torcedor. O Atlético é muito grande para ter um técnico e jogadores pensando pequeno. Uma instituição centenária, com glórias e conquistas, que precisa ser respeitada.

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