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COLUNA DO JAECI

Do céu ao inferno em 90 minutos!

Todos pedimos a renovação dos treinadores, já que os velhos estão ultrapassados, mas não temos a menor paciência para deixar fluir o trabalho dos novatos

postado em 30/05/2019 12:00

<i>(Foto: Bruno Cantini / Atlético)</i>
O técnico interino do Atlético Rodrigo Santana (foto) está agradando em cheio. O goleiro Victor, criticado pela torcida que tanto o amava durante a Libertadores deste ano, voltou a ser o herói. Segundo o dirigente Rui Costa, o clube ainda procura um treinador, mas, por enquanto, vai se mantendo entre os ponteiros do Brasileirão. Lembro-me quando o Galo fez belíssima campanha com Thiago Larghi, que ficou interino, foi efetivado e adorado pela torcida. Bastaram alguns resultados ruins na reta final da competição do ano passado para ser trocado pelo péssimo Levir Culpi, que deixou o Atlético como terra arrasada. O problema do futebol brasileiro é esse. O cara vai do inferno ao ceú, ou do céu ao inferno, em 90 minutos. Todos pedimos a renovação dos treinadores, já que os velhos estão ultrapassados, mas não temos a menor paciência para deixar fluir o trabalho dos novatos. Basta um tropeço para dizermos que eles não têm experiência, que é preciso a volta dos antigos. O fato de Felipão ter ganho o Brasileiro passado pelo Palmeiras fez com que fosse endeusado. Alguns até chegaram a dizer que ele apagou o vexame dos 10 a 1 – 7 da Alemanha e 3 da Holanda. Balela! Felipão causou o maior estrago à Seleção Brasileira, sujando uma história centenária. Foi o pior vexame da história do esporte mundial. Ganhar com o Palmeiras é como ganhar com o Barcelona de Messi. Qualquer treinador com o dinheiro que o Palmeiras tem ganha com os pés nas costas. Quero ver Felipão ganhar com o América, com o Fortaleza, com o Avaí...

Rodrigo Santana está buscando seu espaço, mostra-se humilde. Não faz milagre, mas está conseguindo um bom trabalho com o grupo limitado que tem. O mesmo grupo que Levir Culpi tinha em mãos e que fez um estrago gigantesco. Não tenho como avaliar um técnico por 10 jogos. É muito pouco. Porém, se ele está merecendo seu espaço, que o torcedor e a diretoria o apoiem. Só não quero, em caso de mais duas derrotas no Brasileirão, que digam que ele é péssimo, que não deveriam tê-lo mantido. Ou a diretoria aposta no trabalho dele, dando tempo para realizar o trabalho, ou então que busque um técnico no exterior, porque no Brasil existem poucos bons, e os bons estão empregados. Aliás, não cabem numa palma da mão. Tem o Renato Gaúcho, o Sampaoli, o Cuca, o Vanderlei e só.

O futebol brasileiro está muito errado. Paga salários de Europa num país com economia quebrada e estagnada. Tem jogador ganhando R$ 1,5 milhão por mês. Ricardo Goulart, que ganhava R$ 4 milhões por mês na China, foi para o Palmeiras ganhando outra fortuna. Não conseguiu jogar, passou por cirurgia e acabou rescindindo o contrato. Não deu tanta repercussão porque o time paulista está por cima da carne seca, com um patrocinador que ganha dinheiro fácil e joga pela janela da mesma maneira. Como pode um jogador medíocre como Luan ganhar R$ 400 mil mensais? E o torcedor, carente que é, acha que ele é útil ao time. Dá “oitocentos passes para trás, carrinho com a bola saindo pela lateral e outras coisas mais”. O futebol está cheio desses enganadores, ganhando fortunas.

Não vejo um dirigente falar em investir nas divisões de base, contaminadas por empresários inescrupulosos que “compram o passe do menor, ainda em sua própria casa”. Não vejo gente competente trabalhando nas categorias de base dos clubes. Vejo amigos dos dirigentes, que nunca deram um chute na bola e querem holofote e fama. Outros querem mesmo é ganhar dinheiro nas transações obscuras. O futebol brasileiro precisa ser repensado, sob todos os aspectos. Os poucos bons jogadores que surgem são negociados ao exterior por bagatelas. Não criam nem identidade com os torcedores. Os clubes, de pires na mão e reféns das cotas de TV, se sujeitam a jogar sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Além disso, as cotas são diferentes, ao ponto de Flamengo e Corinthians receberem 20 vezes mais que o Avaí, por exemplo. Por que não pegar 50% e dividir em partes iguais entre os 20 clubes, premiando com os outros 50% os melhores? É assim que acontece nos países sérios, onde o futebol é dirigido por empresas, que põe CEOs para comandar as instituições. Deu resultado técnico e financeiro, é mantido. Não deu, é rua. O futebol precisa ser tratado com a seriedade que é tratada uma empresa. Tirando a paixão dos torcedores, que é um amor diferente, o resto é mesmo uma empresa, que tem que dar títulos e lucro!

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