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PANDEMIA DA COVID-19

Renato, Conceição, Abel: colegas discordam de Lisca sobre parar o futebol

Técnico do América defendeu adiamento da Copa do Brasil, mas não teve respaldo de seus pares

postado em 04/03/2021 00:28 / atualizado em 04/03/2021 15:40

(Foto: Reprodução/TV Coelho)
Um apelo feito pelo técnico Lisca, do América, teve grande repercussão nas redes sociais e na imprensa nesta quarta-feira à noite. Antes do jogo contra o Athletic, em Juiz de Fora, pelo Campeonato Mineiro, o comandante desabafou e pediu à CBF que adie o início da Copa do Brasil em função da elevação do número de casos de COVID-19 e também de mortes no país. O último balanço, divulgado neste dia 3 de março, registrou 1.910 óbitos em 24h, um recorde na pandemia. 


Lisca explicou que a Copa do Brasil exigirá dos clubes viagens longas. Atletas e comissões técnicas ficarão mais expostos no justo momento em que hospitais estão superlotados. Além disso, várias regiões do Brasil que receberão jogos estão com números alarmantes e sem as condições ideais de atendimento.

No momento em que falou com o canal Premiere, antes da partida, Lisca cobrou um posicionamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, e do técnico Tite, da Seleção Brasileira, representante maior da categoria no país.

Logo depois da partida, vencida pelo América por 1 a 0, Lisca voltou a defender a vida e cobrou duramente uma posição de Caboclo e Tite sobre o adiamento da Copa do Brasil. “Pelo amor de Deus, gente? O que está acontecendo com o nosso país? Nós precisamos nos posicionar, precisamos lutar contra isso. Nós precisamos nos vacinar. Por favor, presidente Caboclo. Tite, nós precisamos do seu posicionamento. Você é o treinador principal do país. Não deixe acontecer conosco isso, Tite. Pelo amor de Deus!”.


“Então, faço um apelo à CBF para dar um tempo nessa Copa do Brasil, para que a gente adie um pouco esses jogos. Tenho certeza que meus colegas também estão preocupados. Sou pai de família, tenho duas filhas, tenho uma esposa e eu quero viver, gente. Tem gente que pega e morre, tem gente que pega e não acontece nada”, reforçou Lisca, preocupado com o cenário.

Críticas ao Governo Federal


O treinador ainda criticou a falta de agilidade dos Governo Federal para viabilizar vacinas para todos no Brasil. “Eu não sei de parar o Campeonato (Mineiro) agora, mas a Copa do Brasil a gente vai ter de repensar. São 80 times do Brasil inteiro, nós não podemos colocar 80 delegações dentro de avião, dentro de aeroporto. Estamos morrendo quase duas mil pessoas por dia. Nós não temos a vacina. Nós não podemos comprar a vacina, para a indústria privada vender para a população, não estamos avalizando a vacina produzida aqui. É o país que menos vacina. Daqui a pouco não poderemos sair daqui para ir para lugar nenhum. Nós estamos muito preocupados, está havendo reinfecção dos jogadores. É um novo vírus, uma cepa nova, muito mais forte”, alertou.

Renato Gaúcho, Felipe Conceição, Abel Ferreira


Numa noite de futebol em vários estados, o discurso de Lisca repercutiu também entre alguns colegas. Mas, de uma maneira geral, o treinador do América não foi acompanhado por seus pares.

Renato Gaúcho, do Grêmio, por exemplo, vê o futebol como um mecanismo para manter as pessoas em casa. "Adoro o Lisca e cada um tem sua opinião. O futebol é o local mais seguro, não que seja 100%. Mas a gente está fazendo, entre aspas, um favor ao povo. No momento que a gente joga a gente ajuda o torcedor a ficar em casa. Não pode parar tudo no país”, opinou.

Embora esteja preocupado com a pandemia, o técnico Felipe Conceição, do Cruzeiro, preferiu não se manifestar sobre a realização ou não da Copa do Brasil. O comandante celeste prefere deixar a decisão para os governantes.



"Pelo lado do ser humano Felipe, essa questão da pandemia incomoda. Incomoda toda sociedade, o mundo todo. A gente está vivendo um momento atípico. Por outro lado, o Felipe treinador não tem a responsabilidade de definir se a competição vai continuar, se as autoridades estão corretas ou não, porque elas têm capacidade, números, análises, seja na área de saúde, seja nossos governantes, para tomar as decisões devidas. O que me cabe, sou funcionário do Cruzeiro, se tiver jogo sábado eu vou e vou procurar melhorar o time, que é isso que eu tenho que fazer. Essa é minha função. E vou continuar trabalhando e me esforçando ao máximo para que a equipe cresça. Questões políticas e governamentais não me cabem”, disse.

O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, mostrou-se muito preocupado também com o crescimento do números de casos de COVID-19 e de mortes no Brasil, em consequência da doença. Mas ele preferiu chamar atenção da população para a necessidade de se cuidar mais e ficar em casa, dentro do possível. A paralisação do futebol no país não foi tema de reflexão do português.

Assista, na íntegra, a opinião de Abel Ferreira sobre o cenário da pandemia:




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