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CLÁSSICO

Segurança chora ao relembrar cusparada e injúria racial: 'Agressão gratuita contra um trabalhador'

Torcedor do Atlético cuspiu e disse, com menosprezo, 'olha a sua cor' ao segurança Fábio Coutinho

postado em 11/11/2019 08:51 / atualizado em 11/11/2019 09:28

(Foto: Divulgação / Facebook)

O segurança Fábio Coutinho, de 42 anos, recebeu cusparada no rosto e foi vítima de injúria racial de um torcedor do Atlético no clássico contra o Cruzeiro (0 a 0), nesse domingo, no Mineirão. Tudo foi filmado por jornalistas que estavam na área de imprensa do estádio.

Em entrevista ao Superesportes, ao relembrar o caso, o segurança não segurou a emoção e chorou. Ele disse que ficou abalado com a situação.

"Não quero me vitimizar, mas foi uma agressão injusta, ato racista, recebi vídeos que comprovam que ele cuspiu na minha face, me agrediu falando da minha cor. Foi uma agressão gratuita a um profissional e a um atleticano", disse o segurança. Ele é carioca e mora em Minas Gerais há seis anos. "Torço para o Fluminense no Rio e aqui me identifiquei com o Atlético".

Fábio Coutinho ainda não fez boletim de ocorrência. Ele disse que vai pensar melhor sobre o caso, mas pretende ir a uma delegacia dar sua versão do que ocorreu.

"Eu moro em Betim e dependo de carona para ir e voltar. No momento em que deixei o Mineirão, eu só queria voltar para a casa. Não tive respaldo de ninguém. Mas eu só queria voltar", frisou. "Hoje, devo fazer o boletim de ocorrência até para que casos como esse não voltem a acontecer".

Coutinho disse que no momento em que recebeu a cusparada não reagiu para não complicar ainda mais a situação, que já era tensa no Mineirão. Houve confronto de torcidas e ação dura da Polícia Militar após o jogo.

"A gente estava impedindo que os torcedores passassem por aquele corredor para não se confrontarem com a torcida do Cruzeiro. Só passavam idosos e pais com as crianças. E aquele torcedor se exaltou. Começou a apontar o dedo na minha cara, depois falou 'olha a sua cor' e cuspiu em mim. Os vídeos mostram tudo", afirmou Coutinho.

"Não revidei porque poderia piorar a situação. Tinha que ter tranquilidade, porque hoje a imprensa poderia estar noticiando que segurança agride torcedor. Poderia perder o emprego se não tivesse sangue frio", acrescentou.

O Atlético divulgou nota lamentando o ocorrido:

"O Clube Atlético Mineiro repudia veementemente qualquer ato de violência, incluindo racismo, injúria ou ofensa moral, seja no estádio ou fora dele.

As diversas imagens que circulam em redes sociais são lamentáveis e devem ser objeto de rigorosa apuração.

O Clube se coloca à disposição das autoridades policiais e pede o máximo rigor e urgência nas investigações sobre os fatos ocorridos hoje no Mineirão".

O torcedor do Atlético que cometeu a agressão contra o segurança foi flagrado por vídeos, mas ainda não foi identificado.

Depois da partida, torcedores do Atlético invadiram camarotes destinados à torcida do Cruzeiro e provocaram uma briga generalizada nas cadeiras do Mineirão. Segundo a PM, 53 pessoas foram presas em confusões antes e depois da partida, a maioria delas ligada a torcidas organizadas.

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