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Vitória Calhau, do Atlético, manifesta-se sobre ato machista do Galo Doido: 'Eu me senti um objeto sexual'

Jogadora contou que teve até vergonha de ir ao treino nesta segunda-feira

postado em 17/02/2020 22:26 / atualizado em 17/02/2020 22:38

(Foto: Pedro Souza / Atlético)
A zagueira Vitória Calhau, do Atlético, manifestou-se nesta segunda-feira sobre o ato machista protagonizado pelo Galo Doido durante apresentação do time feminino do clube, nesse domingo, no Mineirão. A jovem de 19 anos declarou à ESPN Brasil que se sentiu um “objeto sexual” ao perceber que a mascote que a apresentava à torcida tirou proveito da situação para se insinuar e exaltar seu corpo, em vez de valorizá-la como atleta.

Calhau só percebeu os gestos machistas do Galo Doido depois da apresentação do time. Enquanto as jogadoras eram saudadas pela torcida, a mascote a pegou pela mão e a convidou a dar uma “voltinha”. Em seguida, esfregou as mãos como se tivesse interesse sexual pela jogadora.

“Quando aconteceu o fato, eu não me senti ofendida porque, pra mim, ele me virou para ver o meu número. Porque o número do Galo é 13 e ontem eu estava com a camisa 13.  Até então, eu não levei como segundas intenções, ele só me virou para ver o número. Só que aí, depois, começaram a chegar vários vídeos, várias pessoas falando, pessoas próximas a mim, familiares, e a partir daí eu comecei a assistir ao vídeo umas cinco vezes, e aí que eu vi que teve segundas intenções. Eu me senti um objeto, um objeto sexual. Eu não estava ali por brincadeira ou para tirar fotos, eu estava ali pela minha profissão. Eu jogo futebol no time feminino do Atlético e ele vai e me faz isso: sai esfregando a mão, passando a mão na boca”, declarou Calhau ao canal ESPN.

“Eu não sei se da parte dele teve segundas intenções, eu não sei quem é ele, eu não sei da conduta dele. Então, eu não tenho como falar que não foi assédio, mas também não estou falando que foi assédio, entende? Por quê? Ele é mascote, tinha que fazer aquilo. Só que, o fato de ele esfregar a mão, sair passando a mão na boca, virar e olhar para as minhas partes, foi errado”, completou.


Calhau disse que foi respaldada pelo clube nesse momento de constrangimento. “E eu não culpo o Atlético, de jeito nenhum. Eu culpo a pessoa que estava dentro da fantasia. Eu não sei se foi brincadeira ou foi algo intencional dele. Pessoas de cima mesmo, chefes, vieram conversar comigo, falaram que estavam do meu lado, que tomaram uma providência, que afastaram ele e tal. Que se eu quisesse falar qualquer coisa, sobre qualquer assunto, que eu teria o apoio deles, estariam do meu lado. Que eles não acharam certa a atitude do mascote”, disse a jovem atleta.

A jogadora ainda comentou como foi o seu “dia seguinte”. A repercussão nacional do episódio fez com que Vitória sentisse até vergonha de ir ao centro de treinamento. “Eu fiquei envergonhada, eu comentei com algumas pessoas próximas a mim que eu estava com vergonha de aparecer no CT, eu estou com vergonha de ir treinar. Até teve alguns comentários, brincando, e eu até entrei na brincadeira. Só que aí, pensa: você está lá pelo seu trabalho, pela sua profissão, aí dá uma repercussão enorme e várias pessoas falando que você foi culpada por estar com short curto ou coisa do tipo. Não foi nada disso. Ali eu estava pelo meu trabalho e eu me senti constrangida. Fiquei chateada”.

Namorada sente nojo pela atitude

Namorada de Vitória Calhau, a jogadora Lorrayne Macedo, do Flamengo, usou as redes sociais para expressar seu desapontamento com o comportamento do Galo Doido. “A reação dele esfregando as mãos e passando a mão na boca me dá nojo, já me incomodaria sendo uma pessoa que não conheço mas me incomoda mais ainda sendo minha namorada. São atletas profissionais, estão ali pela profissão, serem reconhecidas como jogadoras não por corpo ou beleza!”.

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