Futebol Nacional

OPINIÃO

Coluna de Fred Figueiroa: O teatro dos vampiros às vésperas da final do Pernambucano

Colunista do Superesportes citou confusão sobre mando de campo

postado em 01/08/2020 09:18 / atualizado em 31/07/2020 20:36

(Foto: Paulo Paiva/DP)
Desde os dias que antecederam o jogo contra o Náutico, o Santa Cruz fez movimentos nos bastidores para garantir a disputa da final no Arruda. As ações no TJD e STJD, respectivamente, na véspera e no próprio dia da semifinal, tinham como eixo principal criar a turbulência e inflar a torcida para exercer a pressão. Ainda que derrotado judicialmente, a estratégia funcionou em um sequência de movimentos programados. Da fabricação da narrativa pré-clássico, passando pela marcação da semifinal entre Salgueiro e Afogados para a quinta-feira e chegando na autorização do governo do estado para o uso do Arruda. Em todo este roteiro, o presidente tricolor, Constantino Júnior, silenciou quando foi conveniente silenciar e bradou quando foi conveniente bradar. A torcida o seguiu. No fim, conseguiu tudo o que precisava. Garantiu a decisão em casa e ainda recuperou parte da popularidade perdida com sua postura dúbia em torno da reforma do estatuto.

A justiça 

De toda forma - por caminhos tortos, mesquinhos e em nada alinhados com a segurança e os cuidados necessários relacionados com a pandemia da Covid-19 (o protocolo de retorno do Estadual foi ridiculamente precário) - o desfecho acabou sendo justo. Não havia como fazer o Salgueiro jogar quinta à noite no Sertão e domingo à tarde na Arena. Não havia tempo para isso e todos sabiam. Quem silenciou, como o próprio Santa Cruz, sabia das consequências. Por isso, repito a definição acima: “Sequência de movimentos programados”. Como em uma partida de xadrez. Um passo interfere no outro. 

Xeque-mate

O xeque-mate foi a realização da segunda semifinal na noite de quinta. Ao entrar em campo, o Salgueiro sabia que - vencendo - jogaria novamente em seu estádio no domingo. A outra alternativa seria adiar as finais para segunda e quinta, saindo da grade de transmissão da TV. Impossível. Claro que o Santa previu esta consequência. Fez o jogo de cena de ter sido “surpreendido” apenas para alimentar a pressão. O próprio presidente da FPF também entrou na dança. Lançou no ar uma frase intransigente enquanto abria caminho para o Governo bancar a mudança.

Todos ganharam

Observe que todos conseguiram uma fatia do que queriam: Salgueiro e Santa jogarão em suas casas; a FPF se eximiu da responsabilidade e o Governo restabeleceu o senso de justiça. E o debate sobre protocolos, segurança e controle máximo da pandemia? O futebol, e toda insanidade que o cerca, o engoliu.