GRANDE FINAL

Messi tem a chance de fazer história e ficar no patamar de Pelé e Maradona. Será que consegue?

Perder a Copa, em contrapartida, o colocará em outro grupo de gênios

postado em 11/07/2014 07:55 / atualizado em 11/07/2014 10:07

Gustavo Marcondes /Correio Braziliense


AFP PHOTO / JUAN MABROMATA


O futuro do maior craque das últimas duas décadas estará em jogo no Maracanã, onde Argentina e Alemanha decidem a Copa do Mundo do Brasil. Qual Lionel Messi ficará para a história? Aquele que devolveu a combalida nação sul-americana ao caminho das glórias — e que, por isso, pode até postular o posto de maior de todos os tempos — ou o supercraque que não conseguiu levantar o principal título do planeta?

Domingo, Messi tem o match point do jogo de sua vida. Se levar a Argentina à conquista da Copa dentro do maior templo do futebol brasileiro, selará o posto entre os monstros sagrados do esportes, como Pelé e Maradona. Não haverá mais espaço para questionamentos ao que já é praticamente inquestionável.

O camisa 10 e capitão argentino tentará coroar uma campanha de altos e baixos, mas sempre pontuada pela emoção. Começou com uma primeira fase irrepreensível, com gols decisivos contra Bósnia, Irã e Nigéria. Foi novamente o herói ao fazer a jogada do gol de Di María contra a Suíça, no fim da prorrogação das oitavas de final, mas, bem marcado, teve atuações apagadas contra a Bélgica e na dramática classificação nos pênaltis diante da Holanda.

Viu outros companheiros assumirem a responsabilidade de levar a albiceleste adiante, como Mascherano, Higuaín e o goleiro Romero, mas volta ao centro das atenções na final. Está depositada em Messi a esperança de bater a Alemanha que massacrou o Brasil por 7 x 1. É ele quem deve ser o herói, o messias da redenção argentina após 24 anos de decepções.

Idade
A final do Maracanã não é, necessariamente, a única chance de Messi vencer uma Copa do Mundo, mas é difícil que ele tenha outra oportunidade como essa. A história mostra que todos os grandes craques venceram o primeiro Mundial no auge da forma (ou antes dele, como Pelé e Garrincha), geralmente entre 25 e 29 anos, mas nunca depois dos 30. Aos 27, Messi está nessa fase da carreira. Na Rússia, terá 31.

Maradona tinha 25 anos em 1986. Mesma idade de Ronaldo em 2002. Zidane tinha 26 em 1998. O mais tardio que alguns dos mestres da bola chegaram ao topo do mundo foi aos 28, como Beckenbauer (1974), Bobby Charton (1966) e Romário (1994). Mesmo o Rei do Futebol, ao levantar o terceiro troféu da carreira, computava 29 aniversários no México-1970.

Quem deixou passar a grande chance da carreira no auge da forma não teve como recuperar o tempo perdido. Ironicamente, três dos maiores craques do século passado viram o sonho da Copa acabar nos pés dos alemães, todos aos 27 anos de idade: o húngaro Ferenc Puskas, em 1954; o holandês Johan Cruyff, em 1974; e o francês Michel Platini, em 1982. Cruyff não disputaria outro Mundial. Puskas (pela Espanha, em 1962) e Platini (1986) não teriam forças para vencê-lo depois dos 30.

A geração brasileira de 1982 viveu situação parecida. Zico tinha 29 anos na Tragédia do Sarriá, na Espanha. Sócrates e Falcão, 28. Os dois primeiros, já veteranos, repetiram a decepção quatro anos depois, no México.

Gênio consagrado ou gênio de mãos vazias? O lugar de Messi nos livros de história dos mundiais será escrito na terceira decisão entre Alemanha e Argentina, domingo, às 16h, no Maracanã.

Lionel Messi

Idade:
27 anos

Nascimento:
Rosário, Argentina

Altura:
1,69m

4 vezes eleito
o melhor jogador do mundo (2009, 2010, 2011 e 2012)

Pelo Barcelona:
243 gols em 277 jogos

Títulos:
3 Ligas dos Campeões,
2 Mundiais de Clubes,
2 Supercopas Europeias,
6 Campeonatos Espanhóis,
2 Copas do Rei e 2 Supercopas da Espanha

Pela Argentina:
42 gols em 92 jogos

Título:
Medalha de ouro
na Olimpíada de 2008

Na Copa de 2014
6 jogos (1º)
4 gols (3º)
2 assistências (4º)
18 chutes (8º)
10 chutes a gol (11º)
573 minutos (9º)

Grandes sem a taça

Arquivo/CB/D.A Press

Ferenc Puskas
Maior jogador dos Magiares Mágicos, como ficou conhecida a geração que dominou o mundo na primeira metade da década de 1950, Puskas levou a Hungria à final da Copa de 1954. A equipe, campeã olímpica de 1952, chegou à decisão contra a Alemanha com uma invencibilidade de 20 jogos e 4 anos. Abriu 2 x 0, mas tomou a chocante virada e nunca mais foi a mesma.
Idade na Copa de 1954: 27 anos
Teve outra chance? Em 1962, pela Espanha, não passou da primeira fase.

Arquivo/AFP - 5/7/74

Johan Cruyff
Mentor e maior craque da Laranja Mecânica, Johan Cruyff só disputou uma Copa. Em 1974, na Alemanha, a Holanda revolucionou o esporte com o futebol total, em que os jogadores tinham habilidade para atuar em várias funções. Na final, contra os anfitriões, a derrota de virada, por 2 x 1, deixou Cruyff com o sabor do vice-campeonato.
Idade da Copa de 1974: 27 anos
Teve outra chance? Não. Recusou-se a ir à Copa da Argentina.

Arquivo/AFP - 26/6/84

Michel Platini
Antes de Zinedine Zidane, houve Michel Platini. O maior craque da geração que levantaria o primeiro grande troféus dos Azuis — a Eurocopa de 1984 — teve uma mega decepção na Copa de 1982. Pela semifinal, a França chegou a abrir 3 x 1 na prorrogação, contra a Alemanha, mas sofreu o empate e perdeu a classificação nos pênaltis.
Idade da Copa de 1982: 27 anos
Teve outra chance? Perderia outra semifinal para a Alemanha, em 1986.

google.com/Reprodução da Internet - 23/4/10

Zico
Reserva na campanha do “título moral” de 1978, Zico era a estrela maior da Seleção Brasileira de 1982. O futebol-arte dos comandados de Telê Santana encantou o mundo e deixa saudades até hoje no torcedor verde-amarelo, mas caiu diante da futura campeã, Itália, numa tarde trágica em que Paolo Rossi marcou os três gols no Sarriá.
Idade da Copa de 1982: 29 anos
Teve outra chance? Voltando de contusão, ficou marcado pelo pênalti perdido em 1986.