Basquete

LIGA OURO

Jogador do Cerrado Basquete é também soldado do Exército e universitário

O ala do Cerrado Basquete sonha em jogar fora do DF e comemora ter conhecido outras cidades por meio do esporte

postado em 20/03/2018 12:17 / atualizado em 20/03/2018 13:03

Danilo Queiroz/CB/D.A Press
Do fuzil à bola laranja. Da bola laranja aos livros da faculdade. Assim se resume a rotina diária de Peterson, jogador do Cerrado Basquete. Apelidado de Soldado pelos companheiros da equipe, o ala, de 24 anos, precisa de bastante disposição. Ele cumpre uma extenuante agenda de compromissos, que vai muito além das atividades do time, um dos representantes do DF na Liga Ouro — a segunda divisão do basquete nacional —, e envolve também os trabalhos nas Forças Armadas, pelas quais atua no Comando Militar do Planalto (CMP), e as aulas do curso de graduação em nutrição.

A história de Peterson com o basquete teve o primeiro capítulo quando o jogador estava com 15 anos. Foi no Centro de Iniciação Desportiva (CID) de Ceilândia, onde ele experimentou a aproximação efetiva com a modalidade. De lá, passou pelo projeto Lance Livre e pelo Minas Tênis Clube. Aos 18 anos, precisou cumprir a obrigação militar e ingressou nas Forças Armadas, nas quais manteve uma relação íntima com o esporte. “Quando entrei no Exército, passei a jogar no time deles em competições militares. Praticava basquete e atletismo”, explica.

Pela experiência como militar é chamado de Soldado. O técnico Alexandre Jackson, inclusive, costuma citar o jogador durante as preleções antes de cada partida. O objetivo, segundo o treinador, é fazer com que os demais atletas incorporem o espírito de luta vivenciado pelo ala em diversas oportunidades. “Eu pergunto para o Peterson: ‘Se fosse você com um fuzil na guerra, o que você faria?’. E o deixou responder para o restante do time. Todo campeonato é uma batalha”, destaca Jackson.

Titular da equipe verde, o Peterson destaca os benefícios que uma profissão gera para a outra. “São situações do dia a dia que coloco dentro de quadra. Disciplina, modo de interação... Tudo no Exército tem a ver com o que faço durante os jogos”, ressalta. Pelo Cerrado, o jogador disputa a segunda Liga Ouro da carreira. Em 2015, ele fez parte do elenco do time universitário do UniCeub. Na ocasião, o elenco de Brasília amargou a última colocação da fase de classificação.

Peterson conta que precisou enfrentar problemas no início da fase de conciliação das duas atividades profissionais. A dificuldade para obter liberação do Exército para jogos e treinos era a mais comum. “No começo, era difícil de conciliar, já que eu não era liberado pelo Exército. Mas eu insisti e fui conseguindo. Agora, cheguei ao Cerrado para jogar novamente a Liga Ouro”, acrescenta.

Rotina insana

Apesar de não ser novidade na carreira de Peterson, a rotina tem sido cansativa com a disputa da Liga Ouro. “Nesse período, vou cumprir o expediente do Exército, que é das 6h às 17h. De lá, vou para a faculdade e depois para o treino do Cerrado”, explica.

Liga Nacional de Basquete/Divulgacao

Em 2018, entretanto, o ala tem uma dificuldade a menos para enfrentar. Em 2015, na primeira participação na competição, ele não tinha carro. Com isso, se deslocava entre uma atividade e outra de uma maneira pouco convencional. “Eu ia correndo. Fazia o caminho da Rodoviária e do Eixo Monumental para W3 Sul sempre dessa forma”, relembra.

Peterson confessa não pensar grande em relação ao basquete. Segundo ele, a idade é um empecilho para almejar uma vida apenas dentro das quadras. Devido a isso, o jogador decidiu se preparar em outras frentes. Dar sequência à carreira militar e concluir a graduação em nutrição são os maiores objetivos no momento. Porém, não fecha as portas para futuras oportunidades no esporte, que possam surgir com boas atuações com a camisa do Cerrado. “Tenho mais dois anos nas Forças Armadas e quero seguir a carreira militar. Mas se as portas se abrirem, eu quero focar apenas na carreira como jogador. A Liga Ouro é uma grande oportunidade para isso”, vislumbra.

De qualquer forma, Peterson prefere comemorar o que conquistou por meio do basquete. O brasiliense destaca a chance de conhecer outras cidades do país como um ponto relevante do que colheu até aqui. “Até tenho vontade de jogar fora do DF, mas não sonho alto por causa da idade. O que eu almejava até aqui eu consegui: bolsa de estudos e conhecer outros lugares”, ressalta. A viagem até a Região Sul, onde o time disputou os três jogos iniciais da Liga Ouro, no começo de março, é uma das conquistas citadas pelo ala. “Eu não pensava em realizar uma viagem como essa. Por mim seria muito difícil conhecer essas cidades em Santa Catarina e no Paraná”, reforça. A equipe enfrentou Brusque, Basquete Blumenau e Londrina.