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Medina x John John em Pipeline: quem começará um longo reinado no surfe?

Última etapa da temporada define, até o fim do mês, o campeão mundial. Brasileiro busca o bicampeonato

postado em 08/12/2017 12:00 / atualizado em 20/12/2017 11:09

Brian Bielman/AFP, Gaizka Iroz/AFP
A última etapa do Circuito Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês), disputada desta sexta-feira (8/12) ao dia 20, em Pipeline, no Havaí, coroa não apenas o campeão de 2017. Ela carimba também uma geração que promete assumir a hegemonia do surfe mundial nos próximos anos. Dos quatro surfistas com chances de título, nenhum atingiu os 30 anos. Os favoritos são John John Florence, 25, e Gabriel Medina, 23; líder e vice-líder, respectivamente.

Tanto Medina quanto John John brigam pelo bicampeonato mundial da carreira. O que pode ser o início de um reinado como o do norte-americano Kelly Slater, que durou quase duas décadas, com 11 títulos entre 1992 e 2011. Neste período, houve intrusos, é verdade. Andy Irons, havaiano considerado um dos poucos a surfar de igual pra igual com Kelly, sagrou-se tricampeão mundial, ao levantar o caneco em 2002, 2003 e 2004.

Aos 32 anos, no entanto, Andy Irons foi encontrado morto no quarto de um hotel em Dallas, nos Estados Unidos, em 2010. Foram apontadas duas causas da parada cardíaca que resultou no falecimento: overdose de drogas, tese defendida pelo Instituto Médico Legal de Tarrant, ou por uma arteriosclerose, afirmada por legista contratado pela família.

O outro “intruso” no reinado de Slater foi Mick Fanning, também tricampeão (2007, 2009 e 2013), que, aos 36 anos, não alimenta mais chances de título neste ano. Antes deles, houve ainda um australiano chamado Mark Richards, que ergueu uma dinastia por quatro anos consecutivos: foi campeão de 1979 a 1982.

Voltando ao presente, apenas 3.100 pontos separam John John Florence, com 53.350, de Gabriel Medina, que tem 50.250. Para o brasileiro conquistar o bicampeonato em 2017 é preciso vencer a etapa de Pipeline e torcer para o principal adversário não chegar à final. Ocorre que o local da grande decisão é uma espécie de quintal da casa de John John, nascido no norte da ilha de Oahu, no Havaí.

Medina, por sua vez, não se intimida. Foi na terra de John John que o brasileiro conquistou o primeiro título mundial de surfe do país, em 2014. Na ocasião, Mick Fanning e Kelly Slater também estavam na briga pelo mundial. “Adoro aquela onda e já consegui bons resultados neste evento. Então, nada é impossível. Vou preparado para disputar o título lá mais uma vez”, projeta Medina.

Na briga pelo título há também Jordy Smith, da África do Sul, que foi vice-campeão mundial duas vezes (2016 e 2010) e soma 47.600 pontos, ocupando a terceira posição no campeonato. Em seguida, vem Julian Wilson. Na melhor campanha da carreira, o australiano figura na quarta colocação com 45.200. Ambos estão com 29 anos.

A volta por cima de Medina

Atual campeão mundial, John John começou 2017 embalado. Com um ataque agressivo, o jovem havaiano venceu em Margaret River e ficou entre os cinco primeiros em outras sete etapas do circuito mundial. Medina ressurgiu das cinzas. Em junho, o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe sofreu a pior queda da carreira na elite. Foram quatro derrotas consecutivas da segunda à quarta etapa, ficando fora do Top 10.

Brian Bielman/AFP
Enquanto um novo título mundial parecia distante para Medina, os demais surfistas se revezavam no pódio a cada etapa, sem que ninguém assumisse a ponta de forma convicta. Foram sete vencedores diferentes nos sete primeiros eventos do circuito. Medina, então, despontou. Terminou em terceiro lugar na África do Sul, foi finalista no Taiti e conquistou duas vitórias consecutivas na Europa: uma na França e outra em Portugal. Assim, voltou à briga pela taça, eletrizando o campeonato.

Antes da etapa decisiva, em Pipeline, Medina recarregou as energias em Maresias (SP), onde nasceu e pegou as primeiras ondas. Ele e outros surfistas da elite mundial, como Adriano de Souza, o Mineirinho, disputaram o QS de Maresias como preparação para o último compromisso da WSL no ano. Mineirinho, por sinal, pode devolver o presente dado por Medina em 2015, quando venceu Mick Fanning na semifinal, ajudando o colega a conquistar o campeonato mundial.

Mineirinho, na sétima posição do ranking, e Filipe Toledo, na décima, são os demais brasileiros entre os 10 melhores do circuito mundial. Além deles, outros conterrâneos podem ajudar Medina a levantar mais uma taça, a começar pelo brasileiro Wiggolly Dantas, que disputa a primeira bateria do havaiano John John Florence.

Quem tem chance de título

John John Florence, Havaí: 53.350 pontos
Gabriel Medina, Brasil: 50.250 pontos
Jordy Smith, África do Sul: 47.600 pontos
Julian Smith, Austrália: 45.200 pontos