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RIO 2016

Desde o fim das Olimpíadas, apenas 3,5% do 'maior legado' foi entregue

De 285 projetos, somente 10 Centros de Iniciação ao Esporte (CiEs) foram entregues até o momento; equipamentos previstos para o DF não saíram do papel

postado em 19/10/2018 13:09

Marcos Vicentti/Prefeitura de Rio Branco
Cerca de 800 dias após o fim dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, apenas 10 dos 285 Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs), previstos no que foi chamado de “maior legado olímpico” pelo governo federal, foram entregues à população. O número representa 3,5% da promessa inicial. Para o Distrito Federal, eram estimados três equipamentos, mas nenhum deles saiu do papel.

O projeto, lançado em 2015 e com previsão orçamentária de R$ 785 milhões, tinha como objetivo ampliar a oferta de infraestrutura de equipamento público esportivo qualificado, visando incentivar a iniciação atlética em territórios de vulnerabilidade social dos grandes centros urbanos brasileiros. Até o momento, as cidades com as obras finalizadas são Franco da Rocha (SP), Uberaba (MG), Maringá (PR), Arapongas (PR), Rio Branco (AC), Petrópolis (RJ), Barueri (SP), Santana de Parnaíba (SP), Uberlândia (MG) e Taboão da Serra (SP). Existe a promessa de que mais 13 instalações sejam entregues até o fim de 2018.

O relatório, divulgado em agosto pelo Ministério do Esporte, apresenta algumas inconsistências. O aparelho em Rio Branco-AC, por exemplo, foi entregue em março deste ano, mas ainda aparece com 79,22% das obras concluídas no documento. Em abril, foi a vez de Petrópolis-RJ inaugurar o CIE, mas o município ainda consta com 74,84% das construções realizadas.

Desativados

De acordo com o Ministério do Esporte, dos 285 CIEs prometidos inicialmente, 151 contratos foram desativados “por desistência ou não cumprimento dos prazos por parte dos municípios”. A pasta também frisa que a responsabilidade da realização e entrega das obras são das cidades interessadas. O fato é que, cronologicamente mais próximo de Tóquio-2020 do que da Rio-2016, o legado está longe de ser entregue por completo.

Divulgação/Ministério do Esporte
Em junho do ano passado, a Controladoria Geral da União (CGU) apontou “falta de efetividade das ações adotadas pelo Ministério do Esporte”. Até fevereiro deste ano, apenas 1% do legado estava entregue, por exemplo. Para o sociólogo do esporte Luís Otávio Teles Assumpção, professor da Universidade Católica de Brasília, o discurso sobre os benefícios gerados, antes dos Jogos Olímpicos, faz parte de jogo político. “Nada disso me surpreende. É um descaso com a população no âmbito esportivo e educacional. O impacto dos grandes eventos do esporte no nosso país foi muito negativo”, analisa o especialista.
 
No Distrito Federal, as três construções jamais sairão do papel. As instalações esportivas estavam previstas para Sobradinho e Santa Maria, mas não houve acordo entre a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) e a Construtora Ipê, empresa vencedora da licitação.