É um primeiro passo corajoso para voltar a brilhar em uma Olimpíada. Ketleyn escolheu bem a época da mudança de Belo Horizonte para Porto Alegre para chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, com chances de repetir o feito histórico obtido em Pequim-2008. Naquela competição, com o bronze, ela se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica em esportes individuais. A vontade dela é tão grande que decidiu pagar para lutar em tatames israelenses, já que o torneio não faz parte do calendário da Seleção Brasileira, da qual ela faz parte.
“Este ano é determinante para a Olimpíada. Então, quanto mais eu puder competir, melhor. Toda pontuação vai somar quase 100% para o ranking mundial”, explica a ceilandense. “Por isso, estou investindo pessoalmente nesse torneio”. Ela vai se reunir com o time brasileiro ainda este mês para definir o calendário e se empenhar para ficar entre as 14 melhores do ranking na categoria meio-médio (-63kg) e se garantir em Tóquio. Por enquanto, ela está fora da lista, apesar de ser titular na Seleção Brasileira, mas tem até maio de 2020 para pontuar. Aí entra a explicação para a mudança de Minas para o Rio Grande do Sul.
“Foi um ano de muita adaptação, de muito aprendizado; afinal, eu fiquei 12 anos no Minas.O ritmo, aqui na Sogipa, é outro, o jeito de treinar é diferente”, define Ketleyn, cheia de elogios para a antiga equipe, mas extremamente confiante no novo clube. “É um judô muito competitivo, de muita força. Todo mundo aqui é muito focado, desde a base, desde as criancinhas”, aponta.
Ousadia
A judoca lembra também que 11 atletas dos 43 que integram o time nacional são da Sogipa. “Acredito que, agora, será um novo início e vou atrás do fruto dessa ousadia. A intenção é de ter novos desafios”, define Ketleyn. Essa é a motivação da judoca: desafio. Mesmo que seja para deixar a cidade onde nasceu e voar mais alto bem longe de casa. Agora, não tem nem a companhia da amiga de infância Érika Miranda, também nascida em Ceilândia, que se aposentou no fim do ano passado.
Para suportar a rotina intensa de treinos, Ketleyn também faz questão de, quando dá, visitar o Distrito Federal. Segundo ela, a saudade é grande da cidade, dos familiares e dos amigos. “A gente nunca abriria mão de ficar em Brasília se tivesse condições”, diz, pragmática. “Brasília vive dentro da gente. Não sai de dentro de mim, pelo menos”, deixa escapar. Ketleyn conta que tem orgulho de ser brasiliense e lembra disso na hora dos treinos mais pesados, principalmente nesta época de calor em Porto Alegre. “Eles perguntam: ‘Você não se cansa, menina?’. E eu respondo: ‘Vocês não sabem o que é correr no sol de meio-dia da seca de Brasília…’”, lembra, em meio a risadas.
As conquistas de Ketleyn
Ouro
Copa do Mundo de Madrid (2011); Pan-Americano de Santiago (2017); Grand Prix de Almaty (2013), de Tashkent (2013) e Cancún (2017)
Prata
Copa do Mundo de Miami (2010), Oberwart (2011) e de Lisboa (2001); Pan-Americano de Buenos Aires (2016); Grand Slam de Moscou (2013); Grand Prix de Amsterdã (2011) e de Qingdao (2012)
Bronze
Copa do Mundo de São Paulo (2011), Pan-Americano de Montevidéu (2015), de San Salvador (2015) e de Lima (2016); Campeonato Europeu de Oberwart (2013); Grand Slam de Abu Dhabi (2016); Grand Prix de Abu Dhabi (2012) e de Dusseldorf (2014)