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JOGOS PARAPAN-AMERICANOS DE LIMA

Brasiliense conquista a prata no tênis de mesa

Aloísio Lima fica em segundo lugar na classe 1 da modalidade. Primeiro ouro brasileiro sai no judô

postado em 24/08/2019 21:45 / atualizado em 24/08/2019 22:04

<i>(Foto: Daniel Zappe/EXEMPLUS/CPB)</i>
Lima — Brasília conta com 13 representantes nos Jogos Parapan-Americanos de Lima-2019, quatro a menos do que na última edição, em Toronto-2015. A quantidade equivale a apenas 3,8% da delegação brasileira, que leva o maior número de competidores da história do país à competição: 337 no total. Ainda assim, a capital federal tem assumido protagonismo na principal potência do esporte paralímpico das Américas. Após pouco mais de 16 horas da abertura oficial do evento, que teve como porta-bandeira o jogador de goalball Leomon Moreno, foi a vez de Aloísio Lima Júnior ganhar a prata na classe 1 do tênis de mesa. 

A curiosidade é que os dois nasceram no Riacho Fundo. “Brasília é um celeiro. Não sei se é a água do cerrado ou se é a poeira, mas a cidade tem um potencial de revelar grandes atletas”, brincou Aloísio, medalhista de bronze paralímpico por equipe na edição da Rio-2016. Como a disputa do tênis de mesa começou um dia antes da Cerimônia de Abertura, Aloísio conseguiu apenas dar uma espiada rápida na festa que os peruanos fizeram para desejar boas-vindas aos competidores. “Na hora em que fui jantar, passamos na lavanderia, que tinha uma televisão. Fiquei uns três minutinhos lá e, do que eu vi, achei fantástico”, contou o mesatenista, que teria uma semifinal na manhã seguinte.

O detalhe foi que o brasiliense, de 46 anos, dividia o apartamento na Vila Paralímpica de Lima com o adversário que enfrentaria no jogo valendo vaga na final: Conrado Contessi, jogador de 34 anos, nascido em Criciúma. “Dividimos treinamento, estamos dividindo apartamento e vamos nos ajudando, mesmo sabendo que, infelizmente, uma hora íamos nos encontrar em lados opostos na competição”, destacou o atleta da capital federal, que ficou paraplégico após um acidente quando praticava rapel, há 16 anos.

A partida entre Aloísio e Conrado foi um confronto estratégico, já que os dois se enfrentaram várias vezes na preparação para o Parapan. “Ele estava ganhando de mim direto nos treinos que fizemos na semana antes de vir para a competição, mas, quando vai para situação de torneio, vence quem tiver melhor mentalmente, já que todos estão muito bem preparados”, avaliou o brasiliense. Nesse duelo particular, a experiência do campeão pan-americano de Toronto-2015 prevaleceu. Aloísio venceu por 3 sets a 0, com parciais de 11/8, 13/11 e 11/9. “Percebi que ganhei na questão mental”, avaliou. 

O brasiliense chegou à final após quatro triunfos, em que perdeu apenas um set dos 12 que disputou. Na decisão, porém, foi surpreendido pelo cubano Yunier Fernández. Em uma partida rápida, o rival fechou em 3 sets a 0, com parciais de 11/5, 11/2 e 11/6, levando o ouro.
 

Ouro

O primeiro ouro brasileiro no Parapan de Lima foi conquistado no judô. Paulista de apenas 19 anos, Giulia Pereira, da categoria até 47kg, não se intimidou diante do fato de três, das quatro adversárias que enfrentou, serem da categoria até 52kg — as duas classes foram unidas por falta de competidores. 

Num formato de todas contra todas, a brasileira venceu três lutas por ippon (golpe perfeito), inclusive a medalhista paralímpica brasileira em Londres 2012, Karla Cardoso, que ficou com o bronze. No último confronto de Giulia, contra a argentina Paula Gomez, um waza-ari no golden score (tempo extra) garantiu que o Hino Nacional brasileiro fosse tocado pela primeira vez na capital peruana durante o Parapan. 

"Na minha chave, eu já sabia contra quem iria lutar, porque eram todas contra todas. A final (diante da Argentina) foi muito difícil, uma luta que eu já sabia que seria complicada, mas, graças a Deus, ganhei no golden score", comemorou Giulia. A atleta que nasceu prematura, no quinto mês de gestação, e com 30% da visão, pratica judô há cinco anos e foi vice-campeã dos Jogos Parapan-Americanos de Jovens em 2017.
 
 

A repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro