Velocidade

Nelsinho Piquet participará pela primeira vez do Rally dos Sertões

O piloto radicado em Brasília e candidato ao título da Stock Car conta por que topou disputar a corrida off-road mais conhecida do Brasil em 2020

postado em 06/10/2020 13:38 / atualizado em 06/10/2020 14:54

(Foto: Piquet Sports/Divulgação)
Aos 35 anos, Nelsinho Piquet acumula mais de duas décadas dedicadas ao automobilismo profissional. O alemão nascido em Heidelberg e radicado em Brasília foi o primeiro campeão mundial na história da Fórmula E — a categoria revolucionária de carros elétricos —, subiu ao pódio na Fórmula 1 na temporada de estreia dele, em 2008, conquistou o vice-campeonato na GP2, tem títulos da F-3 Britânica e F-3 Sul-Americana e vitórias na Nascar. Agora, vive o melhor início de temporada na Stock Car. Mesmo assim, não dispensou a oportunidade de inovar mais uma vez no esporte a motor. Ele aceitou disputar, pela primeira vez, o Rally dos Sertões.

“Sempre gostei de correr em qualquer modalidade. Corri tudo na minha vida. Correr nos Sertões era só questão de achar uma equipe”, diz Nelsinho em entrevista ao Correio. Ele pilotará o UTV Can-Am Maverick X3 com a equipe Varela Racing Team. Para Nelsinho, o mais diferente será dividir a aventura com um navegador responsável pela condução do trajeto ao lado do piloto.

O filho do tricampeão mundial Nelson Piquet entrou para o mundo off-road por meio do pai. “Foi em uma expedição de quadriciclo, de Fortaleza a São Luiz, há muitos anos”, conta Nelsinho. Quando passou a frequentar os Lençóis Maranhenses, ele experimentou andar no Can-Am de um amigo. “Achei o lugar maravilhoso e o UTV também, tanto que comprei um para usar lá”, conta.

A largada do Rally dos Sertões está marcada para 30 de outubro, no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), e a chegada para 7 de novembro, em Barreirinhas (MA). São 5.000km. Os competidores cruzarão cinco estados e o Distrito Federal, onde cresceu.

“É uma coincidência boa. Não sei exatamente por onde do DF o Rally passará, mas é sempre bom andar por lá. Conheço bastante e já tem um tempo que não ando”, anima-se. Mas o percurso todo promete ser encantador, ainda mais para quem gosta de natureza, como Nelsinho diz ser o caso dele. “É uma corrida superconhecida, que passa por áreas muito bacanas, vários lugares que nós, brasileiros, não conhecemos.”

Nelsinho não poderá cumprir o trajeto completo dos Sertões. A corrida está prevista para terminar na véspera da etapa de Curitiba da Stock Car. Na terceira temporada completa na categoria, o piloto vive o melhor início de campeonato. Em quatro provas, conquistou dois pódios. Entre eles, a primeira vitória na principal categoria do automobilismo brasileiro, no fim de agosto, em Interlagos (SP).

“Temos um carro bom. Estamos trabalhando com pessoas boas e, agora, eu chego no fim de semana de corrida com aquela confiança em alta. É bom sentir isso”, comemora o piloto da equipe Texaco Full Time Sports, décimo colocado na classificação geral, com 99 pontos, 47 a menos que o líder, Rubens Barrichello.

Experiência na Fórmula 1


Antes de representar o país em várias modalidades pelo mundo, Nelsinho Piquet foi a esperança do Brasil na Fórmula 1. Em 2008, terminou o Grande Prêmio da Alemanha na segunda colocação a bordo da Renault. Naquele ano, Nelsinho e o inglês Lewis Hamilton, que conquistaria seis campeonatos mundiais, dividiram o pódio no GP da Alemanha. Foi a última vez em que dois pilotos brasileiros terminaram uma corrida da categoria entre os três primeiros. A vitória de Lewis Hamilton, com a McLaren, teve Nelsinho Piquet e Felipe Massa em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

No ano seguinte, porém, Nelsinho protagonizou escândalo e as portas da principal categoria do esporte a motor fecharam-se para ele. O piloto confessou que provocou acidente no Grande Prêmio de Singapura de 2008 para forçar a entrada do Safety Car e facilitar a vitória do companheiro de equipe, o espanhol Fernando Alonso.

Segundo as investigações, Flavio Briatore, chefe da escuderia, e o diretor de engenharia, Pat Symonds, teriam pedido ao brasileiro que forjasse o acidente. Após o episódio, o brasiliense ampliou o currículo, com destaque para as participações na Nascar, na Fórmula E e na própria Stock Car.

“Desde que fui para os Estados Unidos, em 2010, comecei a correr mais e sempre enfrentei qualquer tipo de carro e de categoria”, conta. Nelsinho Piquet é o único piloto brasileiro a vencer na Nascar, por três divisões diferentes, tanto em pistas ovais quanto em circuitos mistos.

Na avaliação dele, porém, poucos pilotos saem da zona de conforto para conduzir um carro diferente do que está acostumado. “Eu faço porque comecei a aceitar os convites que recebi e sempre fui bem em qualquer tipo de prova”, explica, orgulhoso pelos aprendizados durante a carreira. “Meu prazer é pilotar, não interessa se em um carro de pouca ou muita velocidade, se um kart ou uma Fórmula 1.”