Velocidade

'Piloto bom tem de se adaptar a categorias diferentes', diz Nelsinho Piquet

Aos 35 anos, Piquet Jr acumula mais de duas décadas dedicadas no automobilismo profissional e não se cansa de inovar: estreará no Rally dos Sertões

postado em 06/10/2020 13:56 / atualizado em 06/10/2020 14:51

(Foto:  Piquet Sports/Divulgação)
Em duas décadas dedicadas ao automobilismo profissional, Nelsinho Piquet vai inovar novamente e se aventurar pela primeira vez no Rally dos Sertões. A  competição off-road mais famosa do Brasil está marcada para 30 de outubro, no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP). O tajeto abrange 5.000km, com chegada em Barreirinhas (MA), em 7 de novembro. Aos 35 anos, o filho do tricampeão mundial Nelson Piquet contou ao Correio o que o motivou a topar o novo desafio na carreira e comentou sobre o início da terceira temporada completa dele na Stock Car. Leia a entrevista abaixo. 


O que te motivou a disputar o Rally dos Sertões? Como surgiu a oportunidade?
Eu iniciei um relacionamento com a Can-Am, há um ano, quando comecei a frequentar os Lençóis maranhenses. Eles gostaram muito do jeito que a gente explorava a região, por meio do UTV, que é um tipo de bugego muito bacana, que passa no meio de rios, é bom nas subidas. Quando me fizeram o convite, foi muito bom.

O Rally dos Sertões está previsto para terminar em 7 de novembro, véspera da etapa de Curitiba da Stock Car. Como conciliar?
Eu vou fazer até dois terços do percurso dos Sertões. Tenho um limite, porque preciso me deslocar até Curitiba. Vai ser o primeiro ano no Rally dos Sertões, então, é bom não ter expectativa para terminar. Farei para ganhar experiência. É uma prova que exige muito conhecimento dos pilotos, muita experiência, mesmo. Se eu quiser entrar para ganhar um dia, terei de acumular essa experiência.

O Rally dos Sertões é mais uma categoria na sua carreira. Imaginou que correria em tantas?
Eu já tinha corrido de rallycross, mas, nela, a corrida é em uma pista em arena fechada, não é de um ponto A a B, como nos Sertões. Eu já tinha experiência de correr em estrada de terra. Agora, estar em um rali com um navegador, vai ser novo. Desde que fui para os Estados Unidos, em 2010, comecei a correr mais e sempre enfrentei qualquer tipo de carro e de categoria. Acho importante. Piloto que é bom tem de se adaptar a modalidades diferentes de automobilismo. No fim, é tudo feeling para calcular o risco a tomar. Eu acumulei muita experiência, para mim foi bom. Não sei se imaginei ter feito tanto tipo de coisa assim, mas fico feliz de ter feito e aceitado fazer tantas coisas diferentes. Acabei evoluindo e crescendo muito.

A que você atribui essa alta rotatividade na carreira? É uma tendência no automobilismo?
São poucos pilotos que fazem isso. Em geral, não gostam de sair da zona de conforto e ficar diversificando desta forma para enfrentar uma modalidade nova ou uma prova diferente. Eu faço porque comecei a aceitar os convites que recebi e sempre fui bem em qualquer tipo de prova. Há alguns anos, eu disputei um KartCross, que tinha um motor muito forte, em um deserto no Chile. Consegui ganhar a prova entre vários pilotos locais e com experiência. Fui acumulando milhagem e aprendendo a andar em carros diferentes, em tipos de terras, pistas variadas. Meu prazer é pilotar, não interessa se em um carro de pouca ou muita velocidade, se um kart ou uma Fórmula 1.

Você está em décimo lugar da Stock Car. Como avalia o início da sua temporada?
Essa pausa na competição por causa da pandemia, de certa forma, deu uma chance de a gente, como equipe, recuperar a performance, que estava faltando um pouco no ano passado. Começamos o ano bem, mas ainda tem mais da metade da competição pela frente. Estou bem confortável, trabalhando muito bem com os engenheiros, que são diferentes do ano passado. Não que sejam melhores, mas a equipe estava precisando de mudança após dois anos frustrantes. Neste ano, veio uma vitória e estamos na briga pelo campeonato. Temos um carro bom, estamos trabalhando com pessoas boas e, agora, chego no fim de semana de corrida com confiança. É bom sentir isso.