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SELEÇÃO BRASILEIRA

Neymar: dez anos entre amor e ódio na Seleção Brasileira

Há dez anos, atacante estreava com a Amarelinha. Mesno longe de ser unanimidade, se tornou o principal jogador de sua geração

postado em 09/08/2020 09:52 / atualizado em 09/08/2020 10:18

(Foto: Roslan RAHMAN/AFP - 10/10/19)
Abusado. Imaturo. Habilidoso. Esnobe. Iluminado. Fominha. Craque. Indisciplinado. Genial. Genioso. São apenas alguns dos adjetivos utilizados – às vezes, quase ao mesmo tempo – para definir Neymar ao longo dos últimos 10 anos desde que estreou com a camisa amarelinha da Seleção, naquele 10 de agosto de 2010. Os mais de 77 mil pagantes que assistiram à vitória por 2 a 0 do Brasil sobre os Estados Unidos, em Nova Jersey, nem podiam imaginar, mas testemunhavam o ‘surgimento’ do maior nome do futebol brasileiro da última década. Gostem ou não.

Então com apenas 18 anos e seis meses, Neymar era a principal aposta do também estreante técnico Mano Menezes para reformular (e rejuvenescer) a Seleção, que, sob o comando de Dunga, fora eliminada pela Holanda da Copa da África do Sul 40 dias antes. Situação que muitos consideravam ser possível evitar caso o técnico com nome de personagem de conto de fadas tivesse convocado o jovem revelado pelo Santos em março de 2009. Preferiu levar Grafite e deixar Tardelli e Ronaldinho Gaúcho na “lista de espera”.

Logo na estreia, Neymar já mostrou sua estrela, marcando um dos gols da vitória sobre os norte-americanos. Ao lado de outras revelações do Santos, como Paulo Henrique Ganso e André, parecia se sentir em casa com a amarelinha. E se os companheiros não conseguiram fazer valer a expectativa que neles era depositada, Neymar, por sua vez, foi muito além.
 
É claro que nem tudo foram flores. Desde sempre, aliás... Por entrar em atrito que culminou na demissão do técnico Dorival Júnior no Santos, Neymar levou um ‘gancho’ de Mano Menezes e ficou fora da convocação para as partidas seguintes (contra Irã e Ucrânia). Começava o misto de amor e ódio entre Neymar e a torcida (e também parte da imprensa, é preciso reconhecer). Não por acaso, Renê Simões, então técnico do Atlético-GO, soltou a célebre frase: “Estamos criando um monstro”, destacando a falta de limites e a ausência de esportividade do jovem atacante.

Os anos seguintes foram nítidos exemplos desses altos e baixos de Neymar. Se na Sub-20 foi campeão e artilheiro do Sul-Americano da categoria em fevereiro de 2011, em julho, fracassou com a Seleção principal, que foi eliminada pelo Paraguai nas quartas de final. Muitos já o acusavam de ser ‘jogador de time’, mesmo que ele tenha conduzido o Santos ao título da Libertadores, sido eleito o Rei da América, entrado no top-10 da Bola de Ouro (primeiro atuando na América do Sul a conseguir tal façanha) e faturado o Prêmio Puskas. Mas nem isso afastava a pecha de que ‘pipocava’ na hora H com a Seleção. A prata na Olimpíada’2012 foi um prato cheio para os críticos.

Mas, ao melhor estilo Zagallo, esses mesmos tiveram ‘de engolir’ quando, no ano seguinte, Neymar conduziu a Seleção ao título da Copa das Confederações’2013, sendo eleito o melhor do torneio, com direito a goleada por 3 a 0 sobre a Espanha, então campeã do Mundo. Quatro dias depois, era apresentado como novo jogador do Barcelona.

Lesões

 
Já com status de craque internacional, teria a chance perfeita para se consagrar em 2014, ao disputar um Mundial em casa. Mas aí começou a enfrentar outro adversário que o atrapalharia muito daí em diante: as contusões. Lesionou-se nas quartas de final, diante da Colômbia, perdendo o restante da Copa. Até hoje, muitos ainda especulam se o fatídico 7 a 1 da Alemanha teria acontecido se Neymar estivesse em campo.
 
Conjecturas à parte, o fato é que, mesmo tendo feito um ano de 2015 fantástico pelo Barcelona (campeão e artilheiro da Champions e 3º no Bola de Ouro), Neymar não escapou de outro vexame: eliminação nas quartas de final da Copa América diante da Colômbia, tendo sido expulso após causar confusão generalizada. Consequência: um mar de críticas, inclusive sobre sua vida particular. A ‘bipolaridade’, entretanto, voltaria no ano seguinte, quando foi o líder da equipe que faturou o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, único título que faltava à Seleção Brasileira.

Ao mesmo tempo em que se destacava nas Eliminatórias e assumia o posto de transação mais cara do futebol após a transferência multimilionária para o PSG, em 2017, Neymar passou a ser figura cada vez mais frequente no Departamento médico. Com grave lesão no metatarso, ficou quase sete meses afastado da Seleção, só voltando a atuar duas semanas antes da Copa da Rússia. Os críticos de sempre não se atentaram para esse ‘detalhe’ após a eliminação para a Bélgica. Daí em diante, sua presença com a amarelinha se tornou ainda mais rara: foram apenas mais seis jogos no segundo semestre de 2018 e cinco em 2019, após nova lesão no mesmo metatarso.

Como a Seleção Brasileira ainda não entrou em campo em 2020 devido à pandemia do coronavírus, Neymar teve adiada a sua retomada. Mas, se tudo der certo, pode ter longo caminho pela frente. Com 28 anos, teria condições de disputar mais duas Copas do Mundo. Há quem diga que só a conquista de um Mundial o colocará de vez entre os grandes do futebol. Provavelmente, sim. O certo é que com 61 gols em jogos oficiais, Neymar já é o quarto maior artilheiro da Seleção, atrás apenas de Pelé (77), Ronaldo (67) e Zico (66). Algo quase impensável há 10 anos para um adolescente que começava sua história na amarelinha. Dizer até que ponto ele pode chegar é quase impossível. Só não duvidem dele. Para o bem ou para o mal. Afinal, isso é Neymar.
 

Entre os maiores artilheiros

 
Pelé - 77 gols em 92 jogos (0,83 por jogo)
Ronaldo - 67 gols em 99 jogos (0,67  por jogo)
Zico - 66 gols em 89 jogos (0,74 por jogo)
Neymar - 61 gols em 101 jogos (0,6  por jogo)
Romário - 55 gols em 70 jogos (1,27  por jogo)
 

“Vítimas” preferidas

 
8 gols: Japão
5 gols : Estados Unidos
4 gols: Colômbia
3 gols: África do Sul; Argentina; Bolívia; China; Croácia; Equador
2 gols: Camarões; Costa Rica; Escócia; México; Turquia; Uruguai
1 gol: Alemanha; Austrália; Áustria; Espanha; Chile; Coréia do Sul; El Salvador; França; Iraque; Itália; Panamá; Paraguai; Peru; Portugal 

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