Moscou — De longe era possível identificar quatro jovens brasileiros no centro da Praça Vermelha, em Moscou, menos de uma semana antes de a Copa do Mundo da Rússia começar — a abertura está marcada para a próxima quinta-feira (14/6). Os quatro tiravam fotos com uma bandeira do Brasil nas mãos e a catedral de São Basílio, um dos mais famosos cartões-postais da capital russa, ao fundo. Além de compor a torcida pelo hexacampeonato brasileiro na terra das matrioskas — bonecas tradicionais russas —, eles são missionários voluntários de uma ONG internacional religiosa que trabalha com refugiados.
Anne Louyse Araujo, 26 anos, Bruna Sales, 18, Wellington Pereira, 26, e Fernanda Mousinho, 22, haviam acabado de chegar de Bad Blankenburg, cidade localizada no centro da Alemanha. Lá é onde fica a base missionária deles. “Ajudamos os refugiados com as burocracias. Temos programas para crianças, mulheres e grupo de jovens”, explica Anne.
Em Moscou, os brasileiros tinham poucas horas até pegar um ônibus para Rostov On Don, cidade onde o Brasil estreará no Mundial, no domingo, contra a Suíça. Além das fotos, a parada na Praça Vermelha foi uma espécie de esquenta para o clima do Mundial. Com a bandeira à vista, os brasileiros ouviram brincadeiras bem-humoradas de três turistas vestidos com a camisa da Argentina.
Para chegar a Rostov, os brasileiros enfrentariam 17 horas dentro de um ônibus. Na cidade, distante 1.100km de Moscou, o grupo vai ajudar um casal que adota crianças abandonadas. “São 18 crianças, então, ajudaremos com recreação, limpeza e construção, dependendo do que eles precisem”, explica Anne. Os brasileiros também foram selecionados para visitar um lar de pessoas com deficiência, a maioria idosos abandonados pela família.
Estudos bíblicos
Além de colaborar com o centro, os brasileiros têm programado estudos bíblicos. A agenda na cidade russa ainda inclui uma visita a um hospital para tuberculosos e o jogo do Brasil, para o qual eles não têm ingresso. “Espero que a gente consiga achar para comprar”, almeja Wellington.
Medos e receios também entram na bagagem em uma aventura em um país com fama de ser mais fechado e rígido do que o Brasil. O grupo não se identificou como missionário logo no primeiro contato no local. “Como aqui na Rússia é tudo muito restrito, a gente não sabe em quem confiar”, justifica Anne. No país, manifestações religiosas são proibidas em locais públicos. “É claro que a gente cumpre um papel social importante, mas a gente acredita que compartilhar o amor de Deus muda a sociedade como um todo, então, toda nossa programação é baseada na Bíblia Cristã.