Copa do Mundo

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Sete jogos da era Tite para o torcedor acreditar e um para desconfiar

Pelo histórico das partidas comandadas pelo treinador, é possível ser otimista para a estreia do Brasil no Mundial da Rússia. Mas com um pé atrás...

Lucas Figueiredo/CBF

Rostov-on-Don — Tite jura que não toma remédio para dormir. Consequência de oito cirurgias na carreira. Mas admite: “Tento, de alguma forma, administrar os meus fantasminhas”. Uma das assombrações na carreira é herança de um desafeto: o 7 x 1 de Luiz Felipe Scolari na semifinal contra a Alemanha, em pleno território brasileiro.

Quatro anos depois, o novo comandante não tem o direito de errar. A missão é comandar uma operação caça-fantasmas e levar o Brasil ao hexa. Tite aposta no trabalho para fazer as pazes da Seleção com a torcida. Repetiu a palavra diversas vezes na entrevista coletiva de ontem, na Arena Rostov. “O trabalho, até agora, nos dá muita expectativa, mas uma paz de que fizemos um trabalho de preparação muito forte. Somos fortes, competitivos, temos qualidade técnica individual e estilo de jogo consolidado. Somos uma das equipes postulantes ao título”, discursa. 

O escolhido para comandar a primeira sessão de exorcismo aqui na Rússia é o capitão Marcelo, um dos titulares na maior derrota da história centenária da Seleção. “São coisas que acontecem no futebol. Eu queria que fosse de outra maneira, mas não tem nenhum trauma. Se tivesse, eu não estaria jogando futebol mais, teria largado. Como sempre faço na minha vida, é tentar traçar novos objetivos, novos desafios. Não levo trauma algum. Nem as coisas boas deixo subir à cabeça, nem as derrotas me afetam”, aponta o lateral do Real Madrid.

Com base nos jogos da era Tite, o Correio separou sete jogos para o torcedor olhar com o otimismo para a chance de levar o hexacampeonato. E para trazer a realidade, também tem um para se desconfiar de que isso será possível aqui na Rússia.

SETE JOGOS PARA ACREDITAR NO HEXA...

1. Grupo fechado com Tite
1º/9/2016 — Equador 0 x 3 Brasil
A Seleção comprou o discurso de Tite desde o primeiro jogo sob o comando do treinador: a goleada por 3 x 0 sobre o Equador, em Quito. Ali surgiu o menino Gabriel Jesus, autor de dois gols, e um Neymar firme na cobrança de um pênalti dentro da casa do adversário.

2. Sangue nos olhos
10/11/2016 — Brasil 3 x 0 Argentina
A Seleção não deu chance ao rival no Mineirão. A vitória teve repertório variado de jogadas, com gol de Philippe Coutinho de fora da área, na individualidade, com inversão de papéis (ou seja, Gabriel Jesus servindo Neymar), e com Paulinho marcando como homem-surpresa.

3. Resiliência
22/3/2017 — Uruguai 1 x 4 Brasil
O Brasil mostrou no Estádio Centenário, em Montevidéu, capacidade de reação. Saiu atrás no placar dentro da casa do adversário e virou o jogo para 4 x 1, com autoridade impressionante. Novamente como Paulinho assumindo a responsabilidade de decidir o jogo.

4. Inteligência emocional
5/9/2017 — Brasil 1 x 1 Colômbia
Foi um dos jogos em que o Brasil mais sofreu pressão de um adversário. Saiu na frente com gol de Willian, levou o empate com um cabeceio de Falcao Garcia, mas aguentou firme até o fim da partida disputada sob o forte calor na cidade de Barranquilla.

5. Paciência de Jó
23/3/2018 — Rússia 0 x 3 Brasil
O time soube esperar a hora certa de liquidar os donos da casa no Estádio Luzhniki, em Moscou, impondo uma goleada por 3 x 0 na casa dos anfitriões da Copa e possível palco da sonhada final do Mundial, em 15 de julho. O melhor da vitória: sem Neymar.

6. Terapia de grupo
27/3/2018 — Alemanha 0 x 1 Brasil
Tite queria enfrentar os atuais campeões do mundo num amistoso antes de um possível encontro com os germânicos na Copa do Mundo — pode acontecer nas oitavas, se um terminar em primeiro e o outro em segundo. A vitória por 1 x 0 começou a exorcizar os fantasminhas.

7. Capacidade de reinvenção
10/6/2018 — Áustria 0 x 3 Brasil
Os amistosos contra a Croácia e a Áustria mostraram que a Seleção começa a ter uma nova engrenagem sem o lateral-direito Daniel Alves. Mais do que isso: jogou bem com o quarteto formado por Willian, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e Neymar.


...E UM JOGO PARA DESCONFIAR

Falha contra retranca
14/11/2017 — Brasil 0 x 0 Inglaterra
Essa foi a partida mais difícil da era Tite. Com o time considerado titular, a Seleção foi incapaz de derrotar uma Inglaterra reserva, que lançou um desafio ao Brasil: “Como montar a Seleção contra uma linha de cinco atrás”, disse o técnico. Suíça, Costa Rica e Sérvia devem jogar assim.