O duelo entre Irã e Espanha já começou vitorioso para iranianas. No país, onde mulheres eram proibidas de acompanhar partidas masculinas desde a Revolução Iraniana, em 1979, elas finalmente conseguiram pisar pela primeira vez em uma arena esportiva. A transmissão da partida ocorreu no estádio Azadí, em Teerã.
Women/families finally entered to Azadi stadium after 37 years of ban, to watch #IRNESP on screen. pic.twitter.com/oSBXHMWI8h
%u2014 OpenStadiums (@openStadiums) 20 de junho de 2018
A entrada das mulheres no estádio para a transmissão começou sob protestos. Nas redes sociais, iranianas relataram buzinaços e a presença de forte aparato policial. Por um momento, muitas acreditaram que a transmissão seria cancelada. Ainda assim, elas se reuniram em frente à arena para conseguir entrar.
Uma corrente ultraconservadora no país defende que mulheres se afastem das competições masculinas porque o ambiente seria "violento demais" para a presença de mulheres. Setor da sociedade também defende que a "linguagem inapropriada" justifica a proibição. Até 1987, elas não poderiam assistir aos jogos nem pela tevê.
Iranianas na Rússia
Sem conseguir acompanhar transmissões no Irã, as iranianas têm transformado a Copa do Mundo da Rússia em palco para libertação. Elas são maioria nos estádios e têm chamado a atenção da mídia internacional. A seleção iraniana, porém, evita comentar a "transgressão". Na terça-feira, o capitão Massoud Shoajaei afirmou que a Copa do Mundo "não é o momento ideal" para debater o tema e que prefere conversar sobre isso após o mundial.
Shoajaei, porém, já se mostrou defensor da presença das mulheres nos estádios. No ano passado, logo após a classificação do Irã para a Copa do Mundo, ele chegou a ter um encontro com o presidente Hassan Rouhani e pediu que proibição fosse revista. O político prometeu analisar a proposta, mas não depende só dele, mas do líder religioso, o aiatolá Ali Khamenei.
A manutenção da proibição deixa o Irã isolado até entre os países mais conservadores. Na Arábia Saudita, mulheres são permitidas em arenas esportivas desde janeiro. Lá, o público feminino fica segregado em uma área chamada "seção da família".