No ano seguinte, a CBF deu férias ao astro e os pentacampeões caíram na primeira fase da edição centenária da competição continental. Resultado: o capitão do tetra perdeu o emprego. Sem o camisa 10, a Seleção despediu-se diante do Peru. Tite pode ser o terceiro comandante de Neymar a perder o único fora de série do time.
Recém-recuperado de uma cirurgia no quinto metatarso do pé direito, o craque reclamou de dor no tornozelo no treino de terça-feira, em Sochi. Ontem, participou da última preparação antes da viagem para São Petersburgo e entrará em campo amanhã, às 9h (de Brasília), no Estádio Kretovsky, pela segunda rodada do Grupo E da Copa do Mundo.
A comissão técnica sabe que usar Neymar é um risco necessário depois do empate por 1 x 1 com a Suíça, no último domingo. Em caso de emergência, Tite acionará o plano B, tão ensaiado por ele nas vitórias sobre Rússia e Alemanha antes da Copa do Mundo. O técnico não terá vergonha de ser o velho Tite. Menos ofensivo e mais cauteloso.
Na prática, isso quer dizer três volantes no meio de campo — Casemiro, Fernandinho e Paulinho —, Willian e Philippe Coutinho no papel de homens de ligação e Gabriel Jesus mantido como referência no ataque. Uma espécie de 4-3-2-1 ou 4-1-4-1, com Paulinho e Fernandinho liberados para formar a linha com Coutinho e Willian.
Assim, o Brasil goleou a Rússia por 3 x 0, em Moscou, e venceu a Alemanha por 1 x 0, em Berlim. Entretanto, sofreu horrores para segurar a vitória sobre os germânicos. A formação repetiu-se no primeiro tempo do amistoso contra a Croácia e não funcionou. Os gols só saíram quando Neymar e Roberto Firmino deixaram o banco de reservas. A outra possibilidade é Tite investir em Douglas Costa. Veloz e driblador, o atacante é o reserva natural de Neymar. Sem o fora de série do time, caberia ao jogador da Juventus ocupar a ponta esquerda, mantendo a configuração tática aprovada por Tite na goleada sobre a Áustria.
Plano B é um drama para a Seleção Brasileira desde 2010, quando Dunga não soube o que fazer quando a Holanda virou o duelo pelas quartas de final na África do Sul. O técnico olhou para o banco de reservas e não achou um jogador capaz de mudar a partida. Aconteceu o mesmo em 2014. Refém de Neymar, Luiz Felipe Scolari jogou a bomba nas mãos de Bernard, um dos mais inexperientes daquele elenco. Com Tite, a tendência é que Philippe Coutinho assuma o protagonismo. O meia foi decisivo nos últimos dois jogos. Marcou contra a Áustria, em Viena, e na estreia diante da Suíça.
Clima de organizada
Aos gritos de “O campeão chegou”, a Seleção Brasileira desembarcou ontem, às 17h30 (de Brasília), 23h30 em São Petersburgo, no luxuoso hotel Corinthia, onde ficará hospedada até a partida de amanhã no Estádio Kretovsky. O comportamento dos seguidores do time chama a atenção na Rússia. Cada vez menos usando “Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”, a conduta é como a de uma torcida organizada. Não faltaram provocações a Messi e Cristiano Ronaldo. Na sequência, gritaram o nome do técnico Tite, de Neymar, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e Alisson.Taticamente falando
» Com Neymar (4-2-3-1) — Time confirmado para o jogo de amanhãAlisson; Danilo, Miranda, Thiago Silva e Marcelo, Casemiro e Paulinho; Willian, Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus
» Sem Neymar (4-2-3-1 ou 4-3-2-1) — Plano B a ser ativado em caso de emergência
Alisson; Danilo, Miranda, Thiago Silva e Marcelo; Casemiro e Paulinho; Willian, Philippe Coutinho e Douglas Costa ou Fernandinho; Gabriel Jesus
“A expectativa é grande para o segundo jogo, a gente espera fazer um segundo jogo muito melhor do que foi a estreia e queremos vencer. Estamos indo para vencer e jogar muito bem. Treinei bem, estou me sentindo à vontade, o pé está tranquilo”
Neymar, em entrevista à CBF TV, antes do embarque para São Petersburgo