Sérvia, a seleção mais alta da Copa, testará a impulsão do Brasil

 Moscou — Sentado na última fileira da sala de conferências da Arena São Petersburgo, atrás da reportagem do Correio, um dos auxiliares de Tite acompanhava a entrevista coletiva do chefe após a vitória por 2 x 0 sobre a Costa Rica. Cléber Xavier estava ali só de corpo presente. A cabeça maquinava os preparativos da decisão contra a Sérvia, adversária do Brasil nesta quarta-feira, às 15h, no Estádio Spartak, pela última rodada do Grupo E da Copa do Mundo.

Quando Tite acabou de falar, o assistente gentilmente parou para uma rápida conversa sobre a Sérvia. Informado de que a seleção do Leste Europeu é a mais alta deste Mundial, ele parou, colocou a mão no queixo, pensou, citou alguns nomes de jogadores e soltou: “Tenho que ver, vamos começar a tratar disso a partir de agora, mas acho que é por aí mesmo”, avaliou.

A Sérvia tem média de mais de 1,86m — a do Brasil é de 1,80m. Portanto, além de explorar as cobranças de falta e de escanteio buscando seus “gigantes”, a próxima inimiga do hexa usará a força contra um time brasileiro, formado por jogadores leves. O futebol de contato físico da Suíça incomodou o Brasil na estreia. A tendência é mais desconforto no duelo com os grandalhões.

Dos 23 jogadores escolhidos pelo técnico Mladen Krstajic, sete — ou seja, praticamente um terço — têm estatura para defender a seleção de vôlei da Sérvia. Os jogadores mais baixos convocados por Nicola Grbic para a Liga das Nações medem 1,91m.  Dos sete, dois poderiam também reforçar o time de basquete no campeonato europeu. O mais baixinho da turma liderada pelo treinador Aleksandar Dordevic ostenta 1,95m — altura, por exemplo, do zagueiro Milenkovic.

Entre os nomes citados por Cléber Xavier estava justamente o beque da Fiorentina. Ele é mais alto do que pelo menos três jogadores da forte seleção de vôlei da Sérvia: Buculjevic (1,92m), Rosic (1,92m) e Majstorovic (1,93m). Miranda é o beque mais alto do Brasil, com 1,86m. Entre os titulares do Tite, Alisson, de 1,93m, é quem mais se aproxima do “gigantismo” da Sérvia. O goleiro Cássio e o zagueiro Geromel também, mas são reservas.

 

 

Ao consultar a altura dos sérvios em seu “HD”, Cléber Xavier fez uma pequena pausa em Matic. O volante de José Mourinho no Manchester United tem 1,94m. É quem vai bater de frente com Philippe Coutinho e Neymar no meio de campo e incomodar Miranda e Thiago Silva nas bolas aéreas. Na era Tite, o Brasil sofreu seis gols. Quatro deles de cabeça. Dois da Colômbia, um do Japão e um da Suíça na primeira rodada da Copa do Mundo.

“A bola aérea pode ser um trunfo da Sérvia, sim. Temos jogadores altos, um time mais compacto, difícil de ter a marcação quebrada”, admitiu, em entrevista recente ao Correio, o sérvio Petkovic, ídolo da torcida do Flamengo.

Autor de dois dos três gols do Brasil na Copa, o nanico Philippe Coutinho (1,72m) disse que a bateria antiaérea da Seleção está pronta para se defender da Sérvia. “O Tite trabalha muito, é muito ligado nos detalhes. Nos treinamentos, ele sempre busca a perfeição das bolas paradas, porque a gente vê que se decidem muitos jogos assim”, analisou o camisa 11.

Embora a altura favoreça a Sérvia, o volante Matic afirmou que considera praticamente impossível derrotar o Brasil na última rodada. “É muito difícil. Eles são um dos melhores times do mundo. Mas no futebol tudo é possível”.

O Correio formou uma seleção de gigantes da Copa: três seriam sérvios

Sistema tático: 4-3-1-2

Kalinic (Croácia, 2,01m); Milenkovic (Sérvia, 1,95m), Fazio (Argentina, 1,99m), Vestergaard (Dinamarca, 2m) e Magnusson (Islândia, 1,91m); N’Zonzi (França, 1,97m), Matic (Sérvia, 1,94m), Fellaini (Bélgica, 1,94m); Milinkovic (Sérvia, 1,92m); Shin-wook Kim (Coreia do Sul, 1,97m) e Nwankwo (Nigéria, 1,97m).

Lembra-se daqueles duelos épicos do Brasil de Bernardinho contra a Sérvia no vôlei? A altura do rival fazia o Brasil sofrer horrores. A Seleção de futebol também teve dificuldade com a altura da Sérvia no último duelo entre os dois países. Foi no amistoso antes da estreia na Copa de 2014. A Seleção venceu por 1 x 0 no Morumbi, gol de Fred, que estava bem posicionado entre os dois zagueiros grandalhões. Entretanto, o time comandado na época por Luiz Felipe Scolari teve muita dificuldade para quebrar as linhas defensivas da Sérvia e, principalmente, levar vantagem no contato físico. A tendência é de que o filme se repita aqui em Moscou, no Estádio Spartak. Que tal uma videoconferência com o Bernardinho, Tite?