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Dez pontos que explicam por que o Brasil foi eliminado na Rússia

Bolas aéreas, falta de um Neymar decisivo e a presença de uma Bélgica que joga como o velho Brasil. Correio lista 10 problemas que levaram a Seleção a adiar o sonho do hexa

postado em 06/07/2018 17:12 / atualizado em 06/07/2018 17:28

Luis Acosta/AFP
Kazan — A eliminação do Brasil nas quartas de final da Copa da Rússia  diante da Bélgica aumenta para 20 anos o jejum de títulos do país recordista de taças. Esse será o tempo de abstinência que verde-amarela, se o país se classificar para o Mundial de 2022, no Catar. Neste ciclo que se encerra, a CBF jogou os dois primeiros anos no lixo ao escolher Dunga para comandar o processo para 2018, depois do vexame em casa em 2014. Com ele, o Brasil foi eliminado duas vezes na Copa América: nas quartas de final diante do Paraguai, no Chile, e na fase de grupos da edição centenária, nos Estados Unidos. 

Quando a CBF despertou para a gravidade do que havia feito, deu praticamente um ano e meio para Adenor Leonardo Bachi, o Tite, montar um time minimamente competitivo para as Eliminatórias. A arrancada na seletiva continental alimentou a expectativa pelo hexa, "bombada" pela vitória sobre a Alemanha antes da última convocação e triunfos sobre a forte Croácia e a fraca Áustria, antes do início do Mundial. No entanto, as exibições irregulares na fase de grupos mostraram que a caminhada rumo à sexta estrela seria complicada. Bastou enfrentar uma seleção talentosa, com um pouquinho do Brasil das antigas — ou seja, envolvente, driblador e com um pouquinho de diversão e arte —, e os problemas foram expostos.  

A seguir, o Correio Braziliense lista 10 motivos para o fim precoce da campanha do Brasil na Rússia. 

1. Insubstituível

Casemiro era uma peça-chave no sistema tático de Tite. E nunca teve um substituto à altura no elenco. O técnico imaginou que Fernandinho teria essa capacidade, mas o remanescente do 7 x 1 não jogou bem nem quando o Brasil goleou a Argentina por 3 x 0, no Mineirão, com ele no lugar justamente de Casemiro. 

2. Daniel Alves

A contusão do lateral-direito dias antes da convocação quebrou a mecânica de jogo que a Seleção tinha na lateral-direita, com ele e Willian. O tempo de treino foi curto para reorganizar o setor. Além disso, Danielo e Fagner jamais foram reserva à altura. 

3. Nove fora

Aos 21 anos, Gabriel Jesus sentiu o peso da Copa do Mundo. Deixa a Copa sem balançar a rede. Reserva, Roberto Firmino fez contra o México o que o moleque não conseguiu em cinco jogos, mas Tite preferiu "morrer" abraçado com quem brilhou nas Eliminatórias. 
 
Roman Kruchinin/AFP
 

4. Bola aérea

O Correio alertou em pelo menos cinco matérias que esse era o ponto fraco da era Tite. O Brasil sofreu seis gols nesse tipo de lance, dois deles na Copa, contra Suíça e Bélgica. Antes, Japão, Argentina, Colômbia (duas vezes) haviam mostrado o caminho. 

5. Lesões

Pelo menos seis jogadores foram parar no departamento médico na pré-temporada e na Copa: Fagner, Renato Augusto, Fred, Douglas Costa, Marcelo, Paulinho e Danilo, que foi cortado na véspera da derrota para a Bélgica. Até Neymar assustou durante o torneio. 

6. Bolas nas costas

Marcelo é um excelente lateral-esquerdo, mas a proteção aos avanços do jogador, que atua praticamente como ala, nunca foi uma questão bem resolvida. A Bélgica soube explorar o ponto débil com precisão no lance da finalização de De Bruyne. 

7. Afinou

Neymar já disputou 10 partidas em Copa do Mundo, mas nunca brilhou em um jogo grande no Mundial. As melhores exibições do único fora de série do time foram na fase de grupos. A exceção aconteceu no triunfo sobre o México, na Rússia, nas oitavas.

8. Carências

Ao escolher os 23, Tite abriu mão de um centroavante, um pivô à moda antiga, para situações de emergência como a necessidade de cruzar bolas para dentro da área em situações de desespero. Desprezado, Luan seria um jogador que poderia mudar uma partida.

9. Plano B

O 4-4-2, alternativa táticas de Tite para momentos de crise, só funcionou no segundo tempo da vitória sobre o México nas oitavas de final. As entradas de Roberto Firmino e de Douglas Costa contra a Bélgica não repetiram o a reação das oitavas de final. 

10. Cartolas

Vale lembrar que o ciclo da Copa de 2018 começou com a CBF elegendo Dunga para comandar o processo depois de o Brasil levar 7 x 1 da Alemanha e 3 x 0 da Holanda. Com ele, o Brasil caiu nas quartas de final contra o Paraguai na Copa América do Chile, em 2015, e na fase de grupos da edição ceentenária. Quando os cartolas despertaram, metade do caminho para a Rússia havia sido percorrido e Tite teve dois anos para começar tudo do zero.