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RIO-2016

Apesar de salto, Forças Armadas não veem Time Brasil predominamente militar

O número de atletas militares saltou de 1,12% em 2008 para 25% no Rio-2016

postado em 26/07/2016 10:58 / atualizado em 26/07/2016 11:32

Vítor de Moraes /Correio Braziliense

AFP Photo/Yasuyoshi Chiba
O impressionante salto de 1,12% de atletas militares no Time Brasil em Pequim-2008 para 25% no Rio-2016 pode ter continuidade no próximo ciclo olímpico. Em alta constante, porém, as Forças Armadas (FAs) não veem um time predominantemente militar.

O período máximo desse vínculo é de oito anos. Durante esse tempo, os atletas passam por avaliações e podem deixar o quadro das FAs por vontade própria ou por resultados aquém dos esperados por Aeronáutica, Exército ou Marinha.

Até por conta dessa constante renovação, o almirante Paulo Zuccaro — diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa — afasta a possibilidade de o Brasil tornar-se integralmente um país olímpico militar. “Não diria que chegaremos a 100% do Time Brasil, tem de haver lugar para todos. Há esportes para os quais alguns clubes dão excelentes condições, empresas aparecem com grandes programas”, explica. “Se quisermos ser uma potência olímpica, tem de haver lugar para todo mundo.”

Nem todos os atletas ficam em instalações militares. Muitos continuam em seus estados, embora sob monitoramento (ou “controlados de forma administrativa”) pelas comissões de suas modalidades. Outros aproveitam as estruturas das Forças Armadas. “Fato é que eles têm mais flexibilidade nessa rotina do que um militar em carreira tradicional”, assegura Zuccaro.

O Exército e a Marinha mantêm, cada um, 40% do efetivo de atletas militares. A Aeronáutica, integrada ao programa somente em 2014, tem 20%. Dos olímpicos, o atletismo, em números totais, é o esporte com mais representantes das FAs. Em termos proporcionais, porém, o judô bate qualquer um. A Seleção Brasileira inteira é formada por militares.

Esse esporte, aliás, foi um dos que mais lembraram as FAs nos pódios do Pan-Americano de Toronto, em 2015. A cada medalha, uma continência. “Não há nenhuma ordem para isso, não obrigamos os atletas a executarem o gesto”, afirma o almirante. “É uma forma de gratidão por parte deles. A única orientação é ‘sinta-se à vontade’.”

Entrevista Sarah Menezes

Por que você optou por ser uma atleta militar?
Entrei no programa porque eles fizeram uma parceria com a Confederação Brasileira de Judô. Financeiramente, contribuiu bastante para mim. Ainda pude conhecer outro meio e ter novas experiências.

Em competição, faz diferença ser militar?
Não tenho vantagem competitiva em relação aos judocas que não são militares. Minha função, como militar, é treinar. Quando estiver em competição militar, participo defendendo a Marinha do Brasil.

Quando você se aposentar como atleta, pretende seguir carreira militar?

Já pensei nessa possibilidade, mas ainda é muito cedo para planejar. Não sei do meu futuro.