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Líderes do ranking nacional, atletas de Brasília criam oficina de esportes de aventura

Treinamento busca formar atletas de nível internacional. Treinos de corrida em trilha, mountain bike e canoagem invadem a natureza da cidade

postado em 04/04/2015 17:38

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense

Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Alcançar o top 10 no ranking mundial de corrida de aventura era um dos objetivos dos candangos Camila Nicolau e Guilherme Pahl. Em 2014, eles riscaram o item da lista ao encerrarem o ano em 8º — melhor posição já alcançada por uma equipe brasileira. Quando está fora das duras competições em meio à natureza, o casal se dedica a uma outra meta: formar uma equipe inteiramente brasiliense, capaz de fazer frente a atletas neozelandeses, norte-americanos e europeus nas principais corridas internacionais da modalidade.

Como faltam atletas de alto nível na cidade, eles decidiram formar os próprios companheiros de equipe. O propósito se transformou em negócio e hoje o casal conta com 30 alunos interessados em aprender técnicas de corrida em trilha, canoagem, mountain bike e orientação. O resultado já aparece nas competições nacionais, quando a equipe brasiliense recorre apenas a atletas da cidade. No ano passado, eles se tornaram o time número 1 no ranking brasileiro de corrida de aventura.

A ideia surgiu em 2012, durante uma prova de multisport na Ermida Dom Bosco. Juntando corrida, ciclismo e canoagem, a competição desafiava os atletas em terrenos rústicos, com muita terra. “Era uma prova bem difícil, com um percurso muito desafiador, e as pessoas tinham receio de entrar na disputa por isso”, conta Camila Nicolau. Foi quando ela e o namorado, Guilherme Pahl, começaram a fazer treinos abertos e gratuitos de reconhecimento de percurso. “Teve muita adesão. A galera empolgou. Depois disso, a gente viu a possibilidade de ensinar, de criar um grupo interessado em aventura. E foi uma forma que encontramos de financiar nossa carreira de atletas”, completa Camila.

Um dos talentos descobertos pelo casal foi Flávio Guercio. Atleta de corrida de montanha, ele chamou a atenção de Pahl e recebeu o convite para treinar. Os treinos renderam tanto que o administrador de 29 anos passou a integrar a equipe BMS desde a corrida de aventura Terra de Gigantes, em maio do ano passado. “Eu tinha experiência com ultramaratonas em trilha, mas nunca em uma corrida que durasse vários dias, com ciclismo e canoagem, tudo junto. Deu tão certo que vencemos essa prova, depois outra, e a equipe alcançou o topo do ranking nacional”, conta.

Arquivo Pessoal
Ainda houve quem procurasse a oficina para aperfeiçoar a técnica. Corredor de aventura, Diogo de Sordi foi um dos primeiros a entrar para o grupo. Hoje, ele se divide entre corrida, ciclismo, canoagem e escalada. “Eu já fazia corrida de aventura e queria aprender mais”, diz Diogo, que escolheu o casal por causa da experiência em competições. “Com eles, não fico só na parte física. Treinamos muita técnica, teoria e estratégia.”

Além dos atletas mais experientes, há espaço para a turma iniciante. A maioria se interessa pela corrida em trilha, popular na cidade. As atividades vão de acordo com o objetivo de cada atleta e é possível treinar até seis vezes por semana — a mensalidade custa a partir de R$ 150. “Acredito que o fato de sermos atletas contribua muito para a motivação deles”, analisa Camila, no caminho de formar, quem sabe, a primeira equipe brasileira campeã mundial.

No sangue
Brasília tem tradição na corrida de aventura. Na década de 2000, atletas da cidade formaram a equipe Oskalunga, time brasileiro mais bem colocado em um Mundial da modalidade — quarto lugar em 2008. O grupo se dissolveu e os atletas seguiram para novos projetos, caso de Camila Nicolau e Guilherme Pahl que fundaram a Brasília Multisport (BMS). Outra brasiliense se destaca no cenário mundial. Barbara Bomfim alcançou no ano passado o topo do ranking mundial com a equipe espanhola Columbia Vidaraid. Neste ano, o Mundial da modalidade será em solo brasileiro, com a corrida no Pantanal em novembro.