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Atletas mirins arrecadam dinheiro em semáforo de Brasília para bancar torneio em Goiás

postado em 29/11/2016 08:00 / atualizado em 28/11/2016 21:24

Maíra Nunes


Os karatecas Isabela Ramos e Douglas Almeida, ambos de 9 anos, estão acostumados a desferir golpes em competições regionais e nacionais ao sinal do árbitro. Eles os fazem em harmonia com gritos que pontuam uma sequência que mais lembra uma dança do que uma luta, tal a delicadeza dos movimentos. Ao cair do sol em algumas tardes na capital federal, no entanto, a dupla brasiliense troca o tatame pelo asfalto. O acender da luz vermelha no semáforo em frente a uma das entradas do Parque da Cidade era o novo "comando" para que iniciem a apresentação. De fundo, as mães dos atletas estendem uma faixa estampada com "Ajude um atleta".

A cada carro que se dispõe a ajudar com moedas ou notas de dinheiro, os meninos chegam mais perto do objetivo de cobrir as despesas que tiveram no último campeonato, disputado em Trindade-GO. "Temos de pagar o valor do transporte que usamos para ir à competição, arcar com a anuidade deles na confederação e federação e ainda deslocamentos e demais gastos com os treinos diários deles", justifica Leila Sandra Almeida, que trabalha em casa de família e encontra tempo para acompanhar o filho Douglas em todas as competições que ele participa desde quando aderiu à prática, aos cinco anos.

Arquivo pessoal
O mesmo sentimento é compartilhado por Dani Ramos, recepcionista e mãe de uma menina que já diz ter certeza do que pretende fazer para levar a vida. "É isso que quero para mim: me tornar uma atleta de karatê e disputar torneios mundiais", afirma a pequena Isabela, que luta desde os três anos. Por enquanto, a modalidade da qual é apaixonada a levou a São Paulo, onde conquistou o sétimo lugar no Campeonato Brasileiro, e para Trindade-GO, no último fim de semana, quando voltou do 34º Campeonato Goiano com quatro medalhas (três de ouro e uma de prata).

O colega Douglas alimenta o mesmo sonho, que se mostrou possível ao se tornar campeão brasileiro por equipe na categoria de oito a nove anos, em 2015. A dupla mora em Santa Maria, onde treina três vezes por semana. Nos outros quatro dias, o compromisso é no Defer, no centro da capital federal, distante cerca de 30km de onde vivem.