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FUTEBOL FEMININO

Na estreia da Série B no Brasileiro, Cresspom comemora chance de representar Brasília

O único representante do DF no torneio, que conta com mais de uma divisão pela primeira vez em 2017, visa campanha de destaque com jogadoras de fora

 Jhonathan Vieira/Esp.CB/D.A.Press

O ano começa com expectativas diferentes para as adeptas do futebol feminino no Brasil. Pela primeira vez, o Campeonato Brasileiro terá a segunda divisão, uma porta a mais de entrada à elite. O único representante do Distrito Federal será o Cresspom, convidado após protagonizar a melhor campanha de um time brasiliense na Copa do Brasil, no ano passado, ao terminar na terceira colocação. Com algumas mudanças, a equipe começará a se preparar para um calendário novo, que começará em 10 de maio.

Antes, com apenas a Série A na temporada, metade das 20 vagas do principal torneio nacional eram destinadas aos clubes de melhor classificação na elite do Campeonato Brasileiro masculino — por mais esdrúxulo que seja tal espelhamento. Neste ano, com 16 times por divisão, o regulamento passou a reservar seis vagas a aqueles que tiverem êxito na competição entre os homens.

Portanto, não é nada simples o acesso à elite do futebol feminino por um clube que só tem equipe feminina, caso do Cresspom. E, por meio do ranking, dificilmente o time brasiliense conseguiria uma vaga nas séries A ou B — elas figuram na 23ª posição nacional. Como o convite surgiu fruto da boa campanha na última Copa do Brasil, é enorme a expectativa para o começo da segundona feminina. “É uma das melhores coisas que nos aconteceu. Trabalhamos forte no ano passado e, agora, nos vemos em outra realidade, com uma nova vitrine e perspectivas de podermos chegar à Série A”, comemora a atacante Bruna Miranda.

O desempenho do Cresspom na única competição nacional que participou rendeu maior visibilidade às jogadoras. Dani Helena, atacante e vice-artilheira da Copa do Brasil, foi uma das quatro atletas que o time não conseguiu segurar. Por outro lado, entre os 10 reforços que vêm de outras cidades, as únicas que já chegaram são a meia Joice Mostarda, 20 anos, e a zagueira Jérica Gomes, 23, mais conhecida como Neguinha. Além da Série B do Brasileiro, o Cresspom disputará o Campeonato Brasiliense.
 
 
 
Entre futebol e livros
O clima no Cresspom ainda é de novidade. Aos poucos, as atletas recém-contratadas se acomodam no alojamento dentro do próprio clube. A apresentação oficial do time, prevista para o sábado, foi adiada. Segundo o presidente, Pedro Rodrigues Carvalho, as passagens aéreas para trazê-las estavam muito caras e, por isso, ele agendou a chegada para a próxima semana. De qualquer forma, a pré-temporada começará na próxima semana e os amistosos estão previstos para começar em março.

As duas novatas que chegaram nesta semana vieram motivadas pela oportunidade de jogar uma competição nacional, mas principalmente pela chance de conciliar a paixão pelo futebol com os estudos. Joice já se inscreveu para cursar engenharia de produção e Jérica começará  educação física, com especialidade em fisiologia. Por meio de parceria com faculdades, atletas do Cresspom conseguem bolsas para fazer cursos superiores.

Com mais tempo de casa, a goleira Mariel também recebeu proposta de outros times “até para jogar na primeira divisão”, como ela salienta. A intenção de continuar escrevendo o nome na história do time que ela defende há oito anos, no entanto, pesou. Aos 31, ela já se prepara para o momento em que pendurar as chuteiras. “Optei por ficar no Cresspom para também concluir meu segundo curso universitário”, conta a jogadora, já formada em administração, agora estudante de educação física.

Veja como funciona a segundona feminina
Programada para começar em 10 de maio, a Série B do Campeonato Brasileiro feminino terá 16 clubes e cada equipe jogará, no mínimo, sete vezes. A primeira fase será disputada em turno único, com duas chaves de oito times. As duas primeiras colocadas se classificarão para as semifinais, disputadas em jogos de ida e volta. As finalistas se classificarão para a elite nacional, em 2018. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) promete pagar custos de passagens, hospedagem e alimentação. O time campeão da segundona receberá R$ 50 mil da entidade.