O treino com bola realizado pelo goleiro Jackson Follmann, nesta quinta-feira (16/11), na Arena Condá, levantou a hipótese de o arqueiro voltar a defender o clube. Porém, segundo o Departamento de Futebol da Chapecoense, a atividade não tem relação com uma possível exibição oficial ou em amistoso. O goleiro é embaixador do clube. O assessor de imprensa Daniel Frasolin informou que o clube apenas cedeu as dependências do estádio e realizou filmagens. Ele descartou que o time esteja planejando uma partida para homenagear o atleta. “Isso não vai acontecer”, frisou.
Em resposta ao Correio, a CBF avisa que a lei impede o goleiro de entrar em campo. “Em princípio, nem oficialmente nem amistoso. O caso dele poderia se adequar às regras da modalidade paralímpica”, diz o o procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua, abrindo uma exceção. “Talvez, uma partida amistosa, por meio de uma RDP da CBF e com a autorização da Fifa pudesse ser realizada em caso excepcional”, pondera.
Especialista em direito esportivo da Universidade de Brasília (UnB), o advogado Frederico Henrique Viega concorda. “Às vezes, nós vemos jogadores atuando com máscara, bandagens que substituem gesso. Isso é regulamentado. Um amistoso seria perfeitamente possível”, analisa.
Follmann é um dos sete sobreviventes do acidente com o avião da LaMia, que vitimou 71 pessoas no ano passado. Como consequência da tragédia, o goleiro precisou amputar parte da perna direita — abaixo do joelho. Apesar da polêmica sobre a utilização do jogador, há exceções à regra. No fim de janeiro, pouco depois de deixar o hospital onde realizou a adaptação à prótese, Follmann disse que estudaria ser atleta paralímpico. “Até jogar bolinha, quem sabe...”, disse. Dos outros sobreviventes, Alan Ruschel já voltou a jogar, mas Neto não tem previsão de retorno.
Em 2013, a Fifa autorizou o austríaco Martin Hofbauer, de 21 anos, a disputar uma partida oficial pelo modesto UFC Miesenbach, da primeira divisão amadora austríaca. Hofbauer teve a perna direita amputada na altura do tornozelo em 2012. Por conta disso, morreu em 2015. O romeno Cosmin Lambru, que joga com uma prótese após perder a mão esquerda ao ser atropelado por um caminhão quando era criança, também conseguiu atuar profissionalmente. A partida foi em 25 de outubro deste ano, quando o Petrolul Ploiesti, time de Lambru, venceu o Mioveni nos pênaltis pela Copa da Romênia.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima