Além dos poucos gols para um centroavante, o que não chega a ser surpresa na carreira do peruano, nunca considerado um finalizador nato, Paolo Guerrero desfalcou muito o Flamengo durante os três anos de contrato. Desde agosto de 2015, o camisa 9 esteve em apenas 60,2% dos compromissos da equipe, sem contar o período em que cumpriu suspensão por doping.
Vale frisar que muitas ausências se justificam pelas constantes convocações do atacante para a seleção peruana. O número não é muito distante do que o jogador atingiu no Corinthians, quando participou de 64,6% partidas do Timão durante o período de contrato.
Guerrero também sai devendo em outro aspecto. Autor do gol do título mundial do Corinthians, em 2012, ele não marcou a torcida carioca com algum tento considerado importante. Balançou a rede na decisão do Estadual de 2017, contra o Fluminense, mas Rodinei marcou o gol do título.
Aliás, o troféu de campeão carioca do ano passado foi o único do peruano no clube da Gávea, o que também dificulta a construção da imagem de ídolo, que tanto clube quanto jogador esperavam na época da assinatura de contrato, em 2015. Guerrero também ficou afastado dos momentos decisivos da campanha do Flamengo na Sul-Americana em 2017, quando o time foi vice, sem seu camisa 9 titular, devido ao caso de doping.
Outra reclamação do torcedor rubro-negro é a falta de gols contra o Vasco, para muitos, o maior rival rubro-negro. Em nove jogos contra o Gigante da Colina, Guerrero não balançou a rede em nenhuma oportunidade. Contra o Botafogo e Fluminense, porém, foi mais feliz e marcou quatro vezes contra cada um.
Com a camisa rubro-negra, o centroavante precisava de mais de oito finalizações para balançar a rede. Com os 43 gols em 112 aparições, a média do peruano com a camisa do Flamengo ficou em 0.38 gol por partida, contra 0,41 da época em que atuava no Parque São Jorge, por exemplo. Em São Paulo, ele também finalizava “apenas” seis vezes para marcar. Os dados são do Footstats, plataforma especializada em estatísticas do futebol.
Doping complica renovação
O atacante ficou impedido de atuar por testar positivo para o uso de benzoilecgonina, um metabólito da cocaína, em exame realizado depois do empate por 0 x 0 entre Argentina e Peru, em Buenos Aires, pela penúltima rodada das Eliminatórias Sul-Americanas, em 5 de outubro. Durante o período, o Flamengo suspendeu o contrato do jogador e parou de pagar os salários ao camisa 9.
Após ter pena reduzida para seis meses e, em um segundo momento, aumentada para 14 meses, Guerrero obteve liminar no Tribunal Federal suíço e conseguiu defender o Peru na Copa do Mundo, além de estar, pelo menos até o julgamento da validade da decisão, liberado para atuar em qualquer torneio.
A intenção do Flamengo era renovar o contrato com Paolo Guerrero até o fim de 2019, com uma sensível diminuição no salário do jogador, algo em torno de R$ 800 mil mensais — um dos maiores do elenco rubro-negro. Porém, o peruano pedia três anos de vínculo, além do pagamento, por parte do clube, dos vencimentos que o camisa 9 deixou de receber durante o período em que estava suspenso.
Torcida diverge sobre a saída do peruano
Dificilmente uma decisão da diretoria agrada a todos os torcedores de um clube. A saída de Guerrero também divide flamenguistas nas redes sociais e nas rodas de conversa sobre futebol.
Para o estudante João Felipe Cabral, a passagem do peruano pode ser considerada “boa”, mas, na opinião dele, o camisa 9 não atendeu às expectativas da torcida. “Não venceu nada de importante, teve alguns bons momentos, mas sai com a imagem desgastada, até pela situação da punição por doping”, opina o torcedor de 26 anos, que concorda com a diretoria em não ceder aos pedidos de Guerrero.
De acordo com o produtor de eventos Tairo Felipe Gomes, 26, o centroavante é o melhor do continente na posição, mas acredita que é a hora de o peruano buscar novos ares. “Ele tem um pivô sensacional e ainda passou a bater faltas no Flamengo, mas chegou a hora de sair. Até queria que ele ficasse, mas é um pensamento pouco racional”, comentou o flamenguista.
Porém, há quem não confie em Henrique Dourado, Fernando Uribe e Lincoln para a posição no ataque do Flamengo. É o caso do professor Daniel Gonçalves, 38. “O homem tinha que ficar no elenco. Se ficar no Brasil, com certeza marcará gols contra a gente e nos prejudicará. Ele tem uma qualidade difícil de encontrar no mercado”, argumentou. A dois pontos dos cariocas na tabela do Campeonato Brasileiro, o Internacional é um dos clubes que deseja contar com o futebol do atacante.
Desempenho
Os 43 gols de Guerrero pelo Flamengo
Torneio Rival Gols Data
Camp. Brasileiro Internacional 1 8/7/2015
Copa do Brasil Náutico 1 15/7/2015
Camp. Brasileiro Grêmio 1 18/7/2015
Camp. Brasileiro São Paulo 1 23/8/2015
Primeira Liga Atlético-MG 2 27/1/2016
Camp. Carioca Boavista 1 30/1/2016
Camp. Carioca Portuguesa 1 10/2/2016
Camp. Carioca Fluminense 1 21/2/2016
Primeira Liga Figueirense 1 9/3/2016
Camp. Carioca Boavista 1 9/4/2016
Camp. Carioca Bangu 1 17/4/2016
Copa do Brasil Fortaleza 1 4/5/2016
Camp. Brasileiro Fluminense 1 26/6/2016
Camp. Brasileiro Botafogo 1 16/7/2016
Camp. Brasileiro América-MG 1 25/7/2016
Camp. Brasileiro Coritiba 1 31/7/2016
Camp. Brasileiro Cruzeiro 1 25/9/2016
Camp. Brasileiro Corinthians 2 23/10/2016
Camp. Brasileiro Atlético-MG 1 29/10/2016
Camp. Brasileiro Santos 1 27/11/2016
Camp. Carioca Boavista 2 28/1/2017
Camp. Carioca Nova Iguaçu 2 4/2/2017
Camp. Carioca Botafogo 1 12/2/2017
Camp. Carioca Madureira 1 19/2/2017
Camp. Carioca Fluminense 1 5/3/2017
Libertadores Atlético-PR 1 12/4/2017
Camp. Carioca Botafogo 2 23/4/2017
Libertadores U. Católica 1 3/5/2017
Camp. Carioca Fluminense 1 7/5/2017
Copa do Brasil Atlético-GO 1 24/5/2017
Camp. Brasileiro Chapecoense 3 22/6/2017
Camp. Brasileiro São Paulo 1 2/7/2017
Camp. Brasileiro Palmeiras 1 19/7/2017
Copa do Brasil Santos 1 26/7/2017
Camp. Brasileiro Sport 1 17/9/2017
Camp. Brasileiro Chapecoense 1 13/5/2018