Flamengo

TRAGÉDIA

Jogador brasiliense do Flamengo que escapou do incêndio morava com a mãe

"Todos eram amigos do meu filho. Já tomaram café, almoçaram ou jantaram na minha casa", lamenta a mãe de João Marcelo, atleta da base do Flamengo

postado em 08/02/2019 13:08 / atualizado em 09/02/2019 09:35

Arquivo pessoal/Facebook
Assim como a maioria das vítimas do incêndio que matou 10 pessoas e deixou três meninos feridos no Ninho do Urubu, alojamento da base do Flamengo, o brasiliense João Marcelo Teles de Araújo, 14 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para viver o sonho de ser jogador profissional. O atleta de Brasília treina com o grupo atingido na tragédia desde fevereiro de 2018, e só não estava no local porque a mãe mudou-se para a capital fluminense para acompanhar o filho. Mãe e filho moram juntos próximo ao Centro de Treinamento, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. 
 
Arquivo pessoal/Facebook
“O incêndio interrompeu o sonho de muitos garotos. Todos eram amiguinhos do João, já tomaram café, almoçaram ou jantaram na minha casa, estamos sem chão”, lamenta em entrevista ao Correio Braziliense Maísa Teles, mãe de João Marcelo. O atleta brasiliense dormia em casa quando ocorreu o incêndio, às 5h desta sexta-feira (8/2). A rotina dele, porém, era junto aos demais jogadores da base do Flamengo das 7h às 19h. No CT, tomavam café, iam para a escola, almoçavam, treinavam e jantavam. “O João está bem, mas muito triste. São todos da categoria dele. Viviam juntos direto”, relata Maísa. 

A mãe de João Marcelo passou a manhã na frente do local do incêndio. Diante de parte do Ninho do Urubu completamente destruída pelo fogo, a tristeza e a perplexidade era generalizada. Segundo ela, por volta das 12h, o Flamengo sugeriu aos familiares e amigos dos atletas que estavam na porta do CT do clube desde cedo para que retornassem às suas casas. 

"Perdi meus melhores amigos"

De Vila Velha, no Espírito Santo, o adolescente Lucas Correia, 14 anos, acompanha as notícias sobre o incêndio que vitimou grande parte dos seus amigos. Ele ficou alojado com o grupo no Ninho do Urubu no último semestre inteiro. Em dezembro de 2019, voltou para a cidade natal e vive a expectativa de ser negociado com o Atlético-MG. “Um amigo do Rio que joga no clube me passou uma lista prévia de quem tinha falecido. Um dos meus melhores amigos (Artur Vinícius, que morreu na tragédia) estava lá e o outro é o Jonathan”, contou Lucas.  

Jonathan Cruz Ventura, 15 anos, é um dos três meninos que sobreviveram ao incêndio e o que está em estado mais grave. Ele sofreu queimaduras em cerca de 35% do corpo e foi levado às pressas para o centro cirúrgico do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra. Jonathan será transferido para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Os outros dois feridos foram Cauan Emanuel Gomes Nunes, 14 anos, de Fortaleza (CE); e Francisco Diogo Bento Alves, 15 anos. 

O pai de Lucas contou ao Correio Braziliense que, ao saber da notícia, foi buscar o filho na escola para contar a ele o ocorrido com todos os cuidados possíveis. Lucas falou por telefone com um amigo do clube no Rio, quepassou informações mais detalhas e até a prévia dos atletas que teriam falecido.