CANDANGÃO

Reforço do Ceilândia para 2018 já vestiu a camisa de outros 17 clubes

O atacante Wilkerson Batata estreou nos gramados em 2013 e já passou pelos perrengues e as alegrias da vida de um boleiro

postado em 03/01/2018 10:54 / atualizado em 03/01/2018 11:21

Minervino Junior/CB/D.A Press
O atacante Wilkerson Batata, 26 anos, foi anunciado na semana passada como reforço do Ceilândia para o Campeonato Candango de 2018. Apesar do pouco tempo de profissão — estreou nos gramados em 2013 —, o jogador carrega um status muito comum no futebol brasileiro e mundial: o de andarilho do esporte. Nas cinco temporadas como profissional, Batata vestiu as camisas de Botafogo-DF, onde foi revelado, Grêmio Maringá-PR, Legião-DF, Araguaína-GO, Crac-GO, Atlético Taguatinga, Brasília, Sparta-TO, Ceilandense, Patrocinense-MG, Tocantinópolis-TO, Caldas-GO, Independente de Limeira-SP, Gurupi-TO, Ceres-GO e, agora, Ceilândia.

“Acho que são somente esses mesmos”, brinca, destacando que ele não coloca na conta Gama e Grêmio Anápolis-GO, pois, apesar de ter assinado contrato, não chegou a atuar pelos clubes. A história da troca do time alviverde para o clube goiano, inclusive, foi o momento mais complicado da carreira de Wilkerson. Contratado pelo Gama em novembro do ano passado, o atleta recebeu uma proposta do Grêmio Anápolis-GO, que disputará a primeira divisão do Campeonato Goiano em 2018. Porém, após treinar por 10 dias, ele acabou surpreendido com a notícia de que não seria aproveitado no elenco. “Eles disseram que eu não me encaixava. Queriam jogadores novos, e eu era o mais velho”, conta.
 
A dispensa afetou muito Batata. O atacante recorda que sentiu vontade de abandonar a carreira no futebol. “Chego a arrepiar só de pensar nisso. Tenho filho e faço uma programação com o salário todo mês. Entreguei minha carteira para assinarem e, na hora, disseram que eu não ficaria. Se não me aproveitariam, por que me deixaram treinar?”, indaga, ainda chateado com a situação.

Mas Batata gosta mesmo é de lembrar dos bons momentos vividos com as camisas que vestiu. E destaca, sem pensar duas vezes, o clube com o qual criou a maior identidade: o Araguaína-TO. “Por todos os lugares onde passei, eu deixei um bom trabalho, mas lá foi especial. Sou conhecido no estado. A equipe estava em um ano difícil. Fui feliz por fazer gols em clássicos, ser artilheiro e campeão de um turno do Tocantinense”, lembra. Do Ceres-GO, último time antes de desembarcar no Ceilândia, também traz ótimas memórias. “Fui vice-artilheiro e escolhido o melhor atacante da terceira divisão do goiano.”

A brecha

Para não perder as contas, é bom anotar. Em 2017, Batata entrou em campo com as camisas de cinco equipes: Independente de Limeira-SP, na Série A3 do Paulista; Atlético Taguatinga, no Campeonato Candango; Tocantinópolis-TO, no Tocantinense; Gurupi-TO, na Série D do Campeonato Brasileiro; e Ceres-GO, na 3ª divisão do Campeonato Goiano. Isso seria proibido pelos órgãos que controlam o futebol se não fosse pela geografia.

Segundo o Regulamento de Registros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Federação Internacional de Futebol (FIFA), um atleta tem o limite de atuar por apenas dois clubes durante uma mesma temporada — que compreende o período entre 1º de janeiro a 31 de dezembro —, em campeonatos de níveis nacional e internacional. Porém, os torneios regionais e estaduais constituem exceção e não são computados. Sorte de Batata.

É dessa brecha que o atacante se utiliza para estar em atividade durante toda a temporada. O fato de a maioria dos times do futebol brasileiro ter somente torneios locais para disputar é citado como um dos principais motivos para a constante troca de camisa. “Poucas equipes contam com um calendário extenso. O lado bom é que eu venho trabalhando muito. Quando recebo convite, eu gosto de aceitar”, frisa.

O foco, agora, é no Ceilândia

Iano Andrade/CB/D.A Press
O contrato de Batata com o Ceilândia vai até o fim do Campeonato Candango. Ele se diz focado no clube, e tem o desejo de se destacar com a camisa alvinegra para dar um tempo na vida de andarilho. “A consequência do trabalho acontece. Se eu fizer uns bons jogos pelo estadual, Copa Verde e Copa do Brasil, a diretoria vai me chamar para renovar até o fim da Série D”, espera.

No Gato Preto, o jogador encontrará atacantes que se destacaram em edições anteriores do Candangão: Cassius e Dimba, atuais auxiliar técnico e diretor executivo da equipe candanga. “O Ceilândia tem uma grande comissão técnica. Tive o prazer de jogar com o Cassius no Taguatinga. E tem o Dimba, que sempre foi uma referência na posição”, cita. Batata também vislumbra o encontro com o zagueiro Lúcio, que defenderá o Gama no próximo ano. “É muito bom ter medalhões no campeonato. Vai ser bom jogar contra ele e ter a chance de fazer um gol no zagueiro pentacampeão mundial”, alfineta.

Andarilhos aos 26 anos

O futebol é marcado por diversos jogadores que são classificados como andarilhos. Saiba quantas camisas os mais conhecidos haviam vestido aos 26 anos, idade de Wilkerson Batata.

Loco Abreu: ídolo do Botafogo, aos 26 anos o uruguaio já tinha passado por oito clubes, dos 30 que defendeu até hoje. O atual time do atacante é o Audax Italiano, do Chile — curiosamente, adversário do alvinegro carioca na primeira fase da Sul-Americana de 2018.

Túlio Maravilha: nesta idade, Túlio não dava mostras de que seria um andarilho do futebol: ele tinha jogado somente com três das 38 camisas que usou na carreira.

Amaral: o volante foi outro que passou por poucas equipes até essa idade: somente quatro, dos 23 pelos quais atuou.

Finazzi: aos 26, o atacante tinha passado por apenas seis dos 33 clubes de sua carreira. Entre eles está o Gama, o qual defendeu em 1999.

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