CANDANGÃO

DF vive velhos dramas com liberação das arenas e definição de esquema de segurança

A 10 dias do início da competição local, a Federação de Futebol do DF tenta apresentar os laudos das vistorias dos estádios feitas em dezembro

postado em 10/01/2018 09:55 / atualizado em 10/01/2018 10:29

SE Gama/Divulgação
A média de público do último Candangão foi de 808 pagantes — a pior desde 2012. Embora a presença dos torcedores nos estádios da capital seja irrisória, velhos problemas desafiam a Federação de Futebol do Distrito Federal e a Segurança Pública a 10 dias do início do torneio local: a liberação dos laudos obrigatórios das arenas e a definição de um esquema de segurança capaz de deter a baderna de torcedores organizados dentro e fora das arenas.
 
Em 2017, a única partida entre Gama e Brasiliense, no Bezerrão, repercutiu no mundo com cenas de barbárie. Houve confusão também na Praça do Relógio, no centro de Taguatinga; e em Santa Maria, antes de uma partida que não envolvia os arquirrivais. O vandalismo já atingiu até uma estação do metrô de Ceilândia, em 2016.

Com base no histórico de terror, a FFDF decidiu dar um ultimato aos membros de facções dos clubes. De acordo com Márcio Coutinho, diretor técnico e de futebol da entidade, a federação avaliará o comportamento desses grupos durante as cinco primeiras rodadas do Candangão e anuncia providências drásticas se forem registrados tumultos. Um dos jogos na mira dos organizadores é justamente Gama x Brasiliense, pela quinta rodada. “Se acontecer qualquer problema, pediremos ao Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) a proibição da presença das torcidas organizadas dentro dos estádios”, decreta o dirigente.

Os principais alvos são as organizadas de Gama e Brasiliense, protagonistas de diversas confusões nos últimos anos quando se enfrentam, e até em rodadas em que não houve confronto direto. “Já tivemos problemas com torcidas organizadas e eles serão cobrados pelo que fizerem de bobeira”, reforça Márcio Coutinho.

Outro perrengue é a liberação dos laudos de segurança para deixar os estádios aptos a receberem público. Segundo o diretor da FFDF, uma reunião marcada para a tarde de hoje com membros do GDF, no Palácio do Buriti, tentará finalizar o impasse e apresentar os laudos das vistorias realizadas em dezembro.

“Até o fim de semana estará tudo resolvido. A Novacap fez todos os reparos determinados. Anos atrás, a federação entrava com liminar para liberar os estádios e agora agimos para resolver os problemas”, destaca o cartola da FFDF. No encontro, serão definidas as situações do Mané Garrincha, que está há mais de oito meses sem receber uma partida oficial; Bezerrão, Abadião, Rorizão e Augustinho Lima.

Jogo de risco

Inicialmente marcado para 10 de fevereiro, o duelo entre Brasiliense x Gama deve ser antecipado em um dia. O pedido para mudança de data foi feito pela Polícia Militar, em função de ser sábado de carnaval. A FFDF acatou. O duelo ocorre pela quinta rodada, justamente no fim do prazo de monitoramento das torcidas organizadas.

A partida entre Ceilândia e Paranoá, válida pela primeira rodada, será remanejada por conta da participação do alvinegro na Copa Verde. O duelo de ida contra o Corumbaense-MS foi marcado pela CBF para 21 de janeiro, mesma data do duelo do Candangão. Com isso, a FFDF deve remanejar a partida para 21 de fevereiro, entre a sétima e a oitava rodada do torneio local.

Histórico de badernas

23/12/17 – Invasão de campo
O problema mais recente foi protagonizado pela torcida do Brasiliense no amistoso contra o Uberlândia-MG, no Rorizão, em Samambaia. Aos 26 minutos do primeiro tempo, após uma confusão entre jogadores das duas equipes, a torcida organizada do Jacaré invadiu o gramado. Alegando falta de segurança, os jogadores mineiros decidiram descer para os vestiários e não retornar ao gramado.

12/3/17 - Selvageria
Aos 40 minutos do segundo tempo de Gama x Brasiliense, um desentendimento entre o atacante Nunes, do Jacaré, e o lateral-direito Dudu Gago, do Gama, virou briga generalizada. Torcedores invadiram o gramado. O fato de um gamense ter arrancado uma faixa da torcida do Jacaré exaltou ainda mais os ânimos. Com a confusão, o árbitro Almir Camargo optou por encerrar a partida. Também foram registrados tumultos fora do estádio.

1/4/17 – Santa Maria
Torcedores de Brasiliense e Gama entraram em confronto nas ruas e paradas de ônibus de Santa Maria antes dos jogos do Jacaré contra o Luziânia, e do alviverde contra o Real. Os torcedores de ambas as equipes seguiam para os locais das partidas quando se encontraram em um terminal do BRT da cidade e começaram a briga. Cerca de 80 pessoas foram detidas — 15 delas foram identificadas como membros de torcidas organizadas.

9/4/17 – Praça do Relógio
Torcedores do Brasiliense se envolveram em outro tumulto extracampo em abril, quando atacaram um homem que, segundo a Polícia Militar, não tinha envolvimento com outros clubes. A confusão ocorreu na Praça do Relógio, em Taguatinga. Cerca de 30 membros de uma organizada do clube foram detidos.

21/7/16 – Entre si
O Bezerrão também foi cenário de brigas na partida entre Gama e Santos, pela Copa do Brasil de 2016. Torcedores do time alviverde entraram em conflito entre si e com a PM. Os militares agiram com bombas e cassetetes para controlar a confusão, que acabou minutos depois. Não houve registro de invasão de santistas ao espaço destinado aos gamenses.

* Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima



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