CAMPEONATO DO DF

Conheça o atacante Paulo Renê, artilheiro do Candangão

Depressão após a perda da mãe, sete meses longe do futebol e sete gols na temporada: veja a história do centroavante do Paracatu

postado em 21/02/2018 08:00 / atualizado em 21/02/2018 14:48

Alair Constantino/DonoDoApito
O Paracatu, terceiro colocado do Candangão 2018, tem um trunfo para lutar pelo título do campeonato. Revelado pelo Gama, em 2008, e campeão da segunda divisão candanga com o Ceilandense, em 2009, o atacante Paulo Renê tem embalado a esperança da torcida do time e se destaca como artilheiro da competição, com sete gols em seis partidas. A marca está entre as melhores do país. Até o momento, ele é superado apenas por Matheus Matias, que marcou 10 gols em 10 jogos pelo ABC, de Natal, e é o novo jogador do Corinthians. “Sinto grande alegria de figurar entre os maiores artilheiros do Brasil. É algo que ajuda a dar mais visibilidade ao futebol de Brasília, a cidade onde nasci”, diz orgulhoso.

Com 13 pontos, a equipe mineira tem um a menos que o líder Sobradinho, mas pode alcançar o topo da tabela ainda nesta quarta-feira (21/2), caso vença o Luziânia, às 18h, no estádio Frei Noberto, em partida adiada válida pela terceira rodada do Candangão.

A despeito da ausência em campo, Paulo Renê se emociona ao falar do momento que está vivendo. “Eu perdi minha mãe sete meses atrás. Por esse motivo, passei todo esse tempo sem tocar numa bola. Mas desde o dia em que cheguei ao Paracatu, fui abraçado por toda a equipe”, conta. O que o atacante chama de “recomeço” está sendo a melhor fase da carreira. “Estou realizando um sonho. Fazer gols em todos os jogos é o resultado de todo o trabalho que venho fazendo.”

 

A mãe do atacante foi diagnosticada com câncer no estômago. “Quando descobri, não consegui mais jogar e acabei encerrando o contrato com o Madureira”, conta Paulo Renê. A família se uniu para lutar contra a doença. Dona Maria de Lourdes passou por algumas cirurgias, que fizeram com que ela melhorasse um pouco. Paulo voltou aos campos, indo para o Goianésia. Porém, pouco tempo depois, a mãe do atleta teve uma recaída e faleceu. Deprimido, o jogador se afastou do futebol mais uma vez. “Eu fui para o Maranhão ficar com meu tio Ermelindo. Ele me apoiava e me ajudava.”

Paulo Renê conta que às vezes sentia vontade de voltar a tocar numa bola, mas a tristeza era tanta que não sentia entusiasmo para continuar. “A ficha não caia. Eu acordava e não acreditava. Até que meu pai, Antônio, alguns amigos e minha namorada da época, Fernanda, conversaram comigo e me fizeram refletir que a minha mãe ficaria feliz em me ver jogando, fazendo o que eu mais amo.” Sempre que fazia um gol ou quando o jogo acabava, a primeira coisa que o jogador fazia era ligar para a mãe. “Ainda choro muito. Em casa, no vestiário. Mas meus companheiros sempre vão lá me dar um abraço. Criei uma relação de carinho com eles e com a torcida. Eles me acolheram.”

 

Emocionado, o atacante conta que a mãe é a maior motivação que ele tem. “É ela quem me dá forças. A cada gol que faço, ajoelho e ergo as mãos, agradecendo a Deus. Era o que ela mais gostava. Que agradecesse tudo que tenho a Deus”.

Apesar da sequência excepcional, o artilheiro mantém a humildade e não estabelece uma meta de número de gols ao final do campeonato. “A única promessa que posso fazer é de continuar treinando pesado. É com trabalho que Deus ajuda”, afirma. Nos treinos, o atacante conta que é o primeiro a chegar e o último a sair. “Quando acaba o treino com o grupo, eu continuo lá. Fico mais 30 minutos treinando finalização e cabeceio.” Ele ressalta a importância da repetição, de praticar bastante. “O que é trabalhado no treinamento reflete dentro de campo.”


*Estagiária sob a supervisão de Fernando Brito

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