FUTEBOL CANDANGO

De volta ao Brasiliense, Luiz Estevão provoca demissão do gerente de futebol

Em regime semiaberto, senador cassado atua nas contratações do time; Alisson Guirra, contratado na segunda (6/5), abre mão do cargo

postado em 10/05/2019 09:55 / atualizado em 10/05/2019 10:38

<i>(Foto: Ed Alves/CB/D.APress)</i>
De volta aos bastidores do Brasiliense, um mês após obter o benefício de progredir para o regime semiaberto de prisão, o senador cassado Luiz Estevão já provoca desavença no clube de Taguatinga. Ele está atuando nas contratações de jogadores, o que motivou o pedido de demissão do gerente de futebol Alisson Guirra, apenas três dias depois de ser anunciado para a função.

 

O ex-gestor do Paracatu foi apresentado na segunda-feira (6/5) e começou a trabalhar para reforçar o time, que está disputando a Série D do Campeonato Brasileiro — com uma vitória em um jogo até agora. “Quando eu recebi a ligação para ser gerente de futebol, achei que seria para exercer a mesma função que eu estava acostumado no Paracatu. Pensei que teria autonomia de montar um time forte como fiz com o Paracatu, que quase chegou à final do Candangão. Falaram-me que eu faria isso”, disse Alisson Guirra.

 

Não demorou muito, no entanto, para o dirigente perceber que não teria tanto prestígio quanto imaginava no Brasiliense.Desiludido, decidiu abrir mão do cargo. “Em três dias com o técnico Ricardo Antônio, eu vi as deficiências do time, apresentei uma lista de 16 nomes, mas quem contrata é o Luiz (Estevão) e a Luíza (filha do ex-senador). Em uma reunião com o Luiz, ele disse que não era para eu entrar em contato com jogador e negociar. Percebi que a minha função seria de supervisor de futebol”, explicou Alisson Guirra.

 

A contratação do atacante Edno, 35 anos, confirma a atuação de Luiz Estevão na diretoria do clube. Em entrevista ao Correio, o jogador confirmou que o fundador do Brasiliense comandou o acordo. “Ele (Luiz Estevão) e o Eduardo Ramos (um dos diretores do clube) me contactaram. Havia quatro anos que o clube me procurava. Agora, o desejo está concretizado. Os objetivos do Brasiliense foram passados e traçados na conversa que eu tive com o Estevão nesta manhã”, contou Edno.

 

Luiz Estevão foi condenado por fraudes nas obras do Tribunal Regional do Trabalho do estado de São Paulo (TRT-SP) e preso em março de 2016 para cumprir a pena de 26 anos pelos crimes de corrupção ativa, estelionato e peculato. No início de março deste ano, o senador cassado foi beneficiado com a progressão para o regime semiaberto. Pelo acordo firmado com Justiça, o fundador do Brasiliense poderia trabalhar em uma imobiliária durante o dia e retornar à noite para a prisão.

 

De acordo com uma fonte da Polícia Civil, a atuação de Luiz Estevão como dirigente do Brasiliense contraria o acordo judicial. Sem uma autorização específica para esta finalidade, o senador cassado deveria se limitar ao trabalho na imobiliária e o retorno à Papuda. Segundo o advogado criminalista Cleber Lopes, no entanto, não haveria ilegalidade na conduta do sentenciado. “Não há problema, desde que não haja conflito com o horário na imobiliária, até porque se trata de uma atividade lícita”, explicou.

 

 

*Estagiária sob a supervisão de Fernando Brito

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