Futebol Nacional

COPA DO MUNDO

Brasil e França terão os 5 jogadores mais caros na Copa da Rússia

Últimos três países campeões do torneio mostram que luxo é ter um elenco de operários

postado em 15/01/2018 11:18

AFP
Turbinado, o ranking das maiores negociações da história do futebol está em constante atualização. Os maiores responsáveis por afundar o F5 no teclado dos computadores são o Brasil e a França. Finalistas da Copa do Mundo de 1998, os dois países embarcarão para a Rússia, 20 anos depois, mimando os cinco jogadores mais caros de todos os tempos na classe executiva.

O avião com os 23 convocado de Tite terá a bordo o recordista Neymar, adquirido no meio do ano passado pelo Paris Saint-Germain por R$ 821 milhões. Além dele, o segundo colocado, Philippe Coutinho, comprado pelo Barcelona na semana passada por R$ 606,9 milhões. A aeronave do comandante Didier Deschamps conduzirá Kylian Mbappé, Ousmane Dembélé e Paul Pogba. Emprestado ao PSG, Mbappé ainda não figura oficialmente no top 5, mas a opção de compra está determinada: R$ 674,7 milhões. Questão de tempo para ele ultrapassar Coutinho.

Ostentar os jogadores mais caros do mundo na Copa não será novidade para o Brasil. Em 1998, a Seleção de Mário Jorge Lobo Zagallo aterrissou na França com os recordistas da época. O Bétis havia topado pagar R$ 101 milhões ao São Paulo pelo driblador Denílson, hoje comentarista da Band. Ele desbancou Ronaldo. Até então, o Fenômeno era o recordista ao trocar o Barcelona pela Internazionale por R$ 91,8 milhões. Denílson era o mais caro do mundo na Copa da França, mas amargou a reserva. Ronaldo e Bebeto formavam a dupla de ataque. A Seleção até chegou à final, mas perdeu por 3 x 0 para a anfitriã França, em Saint-Denis.

A França também sabe o que é disputar a Copa tendo em suas fileiras o jogador mais caro da história. Comprado pelo Real Madrid por R$ 302,2 milhões na janela de transferências da temporada de 2001/2002, Zidane disputou os mundiais de 2002 e de 2006 como mais caro da história. Caiu na primeira fase no Japão e na Coreia do Sul e perdeu o título — e a cabeça — quatro anos depois, na Alemanha, contra a Itália. Recordista nas edições de 2010 e de 2014, Cristiano Ronaldo conseguiu levar Portugal no máximo às oitavas de final.

Últimas seleções campeãs eram compostas por equipes de "operários"


A última seleção campeã do mundo dependente de um craque luxuoso foi o Brasil de 2002. Ronaldo fez valer cada centavo dos R$ 175,5 milhões desembolsados pelo Real Madrid para marcar oito dos 18 gols da família Scolari na campanha do penta — dois deles na final contra a Alemanha.

Depois do desempenho individual de Ronaldo, as seleções campeãs da Copa passaram a ser muito mais dependentes de operários do que de jogadores luxuosos. Cristiano Ronaldo e Messi revezam-se como melhores do mundo desde 2008. Nesse período, nenhum deles levou Portugal ou Argentina ao título da Copa. Em 2014, Messi faturou a Bola de Ouro da competição. Porém, a taça terminou nas mãos da Alemanha.

A Itália de 2006 contava com Buffon, Cannavaro, Del Piero, Pirlo, Totti, Luca Toni... No entanto, o maior trunfo não eram os medalhões, mas o time de Marcello Lippi. Refém de Zidane, a França viu seu principal jogador conquistar a Bola de Ouro da Copa — prêmio entregue ao protagonista do melhor desempenho individual.

A Espanha repetiu a fórmula em 2010. Diego Forlán (Uruguai) e Sneijder faturaram os prêmios individuais do torneio. A Copa ficou com a operária Espanha de Casillas, Sergio Ramos, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta, Fàbregas, Pedro e Villa, Bola de Bronze do Mundial.

Em 2014, a Alemanha deu mais uma demonstração de que ter um time vale mais do que contar com um extraterrestre ou o jogador mais caro do mundo no elenco. Messi ficou com a Bola de Ouro do torneio. Thomas Müller, uma das formiguinhas do técnico Joachim Löw, ficou com a Bola de Prata. Em vez do prêmio individual,  cumpriu a missão de brindar seu país com o tetra.

Nos próximos meses, o desafio de Tite e de Didier Deschamps é convencer Neymar, Coutinho, Mbappé, Dembélé e Pogba a jogarem coletivamente em suas seleções, como fizeram Itália, Espanha e Alemanha, e não mais individualmente como o Ronaldo do Brasil da Copa de 2002, o Zidane de 2006 ou o Messi de 2014. Afinal, como costuma afirmar insistentemente o técnico Tite: “O coletivo potencializa o individual”.