Futebol Nacional

O que esperar de Vasco x Flamengo neste sábado, no Mané Garrincha

Os dois times vivem momentos conturbados com suas torcidas e esperam se redimir no clássico que ocorre em Brasília

postado em 15/09/2018 16:22 / atualizado em 15/09/2018 16:40

Gilvan de Souza/Flamengo
 

 

Enquanto um tenta escapar da zona de rebaixamento, o outro planeja se manter na briga pelo título. Em comum, ambos vivem um momento conturbado no relacionamento com seus torcedores e esperam acalmá-los no clássico de hoje, no Mané Garrincha. Em clima de pressão para os técnicos, Vasco e Flamengo se enfrentam na capital, hoje, às 19h. Por sinal, será o único momento em que os fãs poderão curtir os ídolos de “perto”.

Os brasilienses tentaram prestigiar os jogadores, mas não tiveram missão fácil. No treino do Vasco, a torcida não teve acesso ao Bezerrão, no Gama. No aeroporto, quem tentou uma foto ou um autógrafo, viu o elenco desembarcar por um portão alternativo, frustrando os planos de cerca de 150 pessoas.

Após o empate sem gols com o Corinthians, na Copa do Brasil, e recentes tropeços no Brasileirão e na Libertadores, o clima dos flamenguistas com o elenco não é dos mais amenos. Antes de o avião rubro-negro tocar o solo candango, os torcedores alternavam os gritos de apoio com músicas de protesto.

Por solicitação da administração do aeroporto, o Flamengo não desembarcou pelo portão principal. A delegação usou uma saída alternativa, direto para o ônibus, que conduziu o time ao hotel. Chamou a atenção uma barreira improvisada com carrinhos de bagagem, com a clara intenção de evitar a aproximação dos torcedores.

O goleiro Diego Alves, o meia Lucas Paquetá e o atacante Vitinho atenderam aos torcedores, mas uma grade os separava fisicamente dos ídolos. Paquetá era o mais exaltado pela torcida. Recém-chegado, Vitinho ouviu cobranças por melhores atuações.

O estudante Thiago César, 17, se machucou para conseguir autógrafos de Paquetá e de Maurício Barbieri. “Coloquei meu braço para o outro lado da grade. É uma pena que eles não atendam à torcida por mais tempo, não sintam o apoio”, reclamou o rubro-negro, um dos mais de 50 mil torcedores que garantiram ingresso para o duelo.

Na chegada ao hotel, um torcedor tirou satisfação com Rodinei: “Você não joga mais na Ponte Preta, honra essa camisa”. O lateral-direito respondeu xingando a mãe do rubro-negro.

Cara na porta

No treino do Vasco, no Bezerrão, a torcida também não conseguiu acompanhar as atividades. Na coletiva de imprensa, porém, o técnico Alberto Valentim disse que confia na presença do torcedor. “Estão do nosso lado e vão nos apoiar”. Insatisfeitos por ficarem de fora do treino, torcedores chamaram o elenco de “sem-vergonha”.

Mandante do clássico, o Vasco amarga péssima fase. Na zona de rebaixamento, ainda não venceu sob o comando de Valentim. Esse será o quinto jogo do treinador, que ainda não pontuou. Vitória no confronto pode tirar o time da zona da degola. “Vamos enfrentar o Flamengo depois de alguns dias de treino. Estamos concentrados”, afirmou o técnico, responsável pela eliminação rubro-negra no Carioca deste ano, quando treinava o Botafogo.

Diferentemente do rival, o Vascou chegou na capital com antecedência, na noite de quarta-feira, e fez dois treinos no Gama. “Os jogadores procuraram assimilar rapidamente o que temos de ideia para este jogo. Essa vinda para cá foi muito boa. Treinamos num campo bom para repetir o que estamos fazendo”, comentou Valentim.

O retrospecto do Vasco no Mané Garrincha é preocupante. O duelo de hoje será o 11º na arena: uma vitória, cinco empates e cinco derrotas. Em quatro duelos contra o Flamengo, houve três empates e um revés. O ataque do Gigante da Colina não vem sendo eficaz. São 26 gols marcados em 23 partidas neste Brasileirão. Yago Pikachu, artilheiro da equipe na temporada, foi expulso no jogo contra o Vitória e está fora do clássico. Outra ausência certa é o volante argentino Desábato, suspenso pelo terceiro cartão amarelo.

 

Análise da notícia

Por Marcos Paulo Lima

 

Você nota que o Clássico dos Milhões está muito aquém da tradição quando dois números míticos, capazes de alavancar vendas e ajudar um pouquinho em ações de marketing, estão sem dono, largados no varal. A camisa 9 do Flamengo, eternizada por Nunes e Bebeto, por exemplo, ficará no cabide. Procura-se um dono após o fim da era Guerrero. A 10 do Vasco pede socorro. Ninguém usa a dezena consagrada pelos ídolos Roberto Dinamite e Edmundo.


Não é a primeira vez. No empate por 1 x 1 no primeiro turno, o Flamengo não contou com Paolo Guerrero. O ex-proprietário da 9 cumpria suspensão por doping. O Vasco deixou Evander no banco. Ele entrou no segundo tempo.


Os centroavantes do Flamengo não balançam a rede desde 12 de agosto. Nenhum deles herdou a 9 de Guerrero. Henrique Dourado usa a 19. Uribe escolheu a 20. Lincoln é o 29. A última vez que o Vasco sofreu gol de um dono da camisa 9 rubro-negra foi em janeiro de 2013, graças a Hernane “Brocador”. Guerrero jamais conseguiu.


A 10 do Vasco lembra os lendários Roberto Dinamite e Edmundo, ou seja, dois dos três maiores artilheiros da história do Brasileirão, com 190 e 153 gols, respectivamente. Nenê era o 10 no início deste ano. Evander a herdou até ser emprestado ao FC Midtjylland, da Dinamarca. A última vez que um camisa 10 do Vasco marcou no Flamengo aconteceu aqui em Brasília, no ano passado, no empate por 2 x 2, pelo Carioca.


Sem um camisa 9, o Flamengo torce para que o do Vasco, Andrés Ríos, não faça estragos. Carente de um 10, o time cruz-maltino secará Diego na triste noite em que dois números míticos ficarão na gaveta. 


*Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima