Grêmio

RACISMO NO FUTEBOL

Em vão, Grêmio tentou usar "memória negra" do clube como defesa

Por comoção do caso, advogados do clube pediram que o julgamento fosse a portas fechadas. Pedido foi negado

postado em 03/09/2014 17:55 / atualizado em 03/09/2014 18:16

Amanda Martimon

Na tentativa de, ao menos, atenuar a pena, os advogados do Grêmio e o próprio presidente do clube, Fábio Koff, resgataram a história do time como argumento de que a ação de parte da torcida não os representa. Ídolos negros foram relembrados pelo grupo, que afirmou ainda combater o preconceito com campanhas educativas. Os argumentos não convenceram a terceira comissão disciplinar do STJD, que excluiu o clube da Copa do Brasil, por unanimidade.

Lucas Uebel/Grêmio

Reportagens sobre as atitudes tomadas pelo Grêmio após o jogo, como banir uma das torcidas organizadas e entregar imagens para identificação de torcedores, foram apresentadas como provas de defesa do clube.

"No pleno, não há auditores negros. Então, não façamos do Grêmio um bode expiatório", pediu o advogado Gabriel Vieira, apontando o preconceito racial como um problema social do Brasil.

Preocupada com a comoção gerada pelo caso, a defesa do clube pediu para que o julgamento fosse realizado a portas fechadas. O pedido, contudo, foi negado pelo presidente da terceira comissão disciplinar do STJD, Fabrício Dazzi.

Também denunciados pela procuradoria, o quarteto de arbitragem do jogo alegou que não ouviu os insultos e que, portanto, não poderia tomar atitudes concretas. O árbitro Wilton Pereira de Sampaio se defendeu sobre o relato tardio do fato.

"Em campo, não temos acesso à mídia, nem a nenhum tipo de informação extra. Não coloquei na súmula, porque eu não tinha certeza. Eu só posso colocar aquilo que eu vi”, justificou.

 AFP PHOTO / MARTIN BERNETTI