Grêmio

FINAL DA LIBERTADORES

Com 'reciclagem', Grêmio repete fórmula de 1995 em busca do tri da Libertadores

Decisão do título começa nesta quarta-feira, em Porto Alegre, contra o Lanús

postado em 22/11/2017 10:30 / atualizado em 22/11/2017 11:07

Lucas Uebel/Grêmio
O Grêmio está a 180 minutos de comprovar pela terceira vez a Lei de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O tricampeonato da Copa Libertadores da América pode repetir uma velha fórmula que deu certo na conquista do primeiro troféu, em 1983, e no bi de 1995: pratas da casa + renegados ilustres desconhecidos = título continental. 

Como um catador de produtos recicláveis, o tricolor gaúcho foi à caça de jogadores que ninguém queria. O time titular conta com Edilson, Bruno Cortez, Fernandinho e Lucas Barrios. No banco, Paulo Victor, Léo Moura, Maicon, Cristian, Cícero... A química está prestes a dar certo novamente. A decisão contra o Lanús começa nesta quarta-feira (22/11), às 21h45, em Porto Alegre, e terminará na próxima semana, na Argentina.

Até o técnico Renato Gaúcho é candidato a herói improvável. Ironizado por fazer reciclagem como técnico nas praias do Rio de Janeiro, fechou o ano passado tirando o Grêmio do jejum. O clube não conquistava títulos nacionais desde 2001. Neste ano, amargou eliminação nas semifinais do Campeonato Gaúcho e da Copa do Brasil, abriu mão da Primeira Liga, é vice-líder do Brasileirão e está na finalísima da Libertadores. Com a experiência de quem deixou o título escapar em 2008 à frente do Fluminense diante da LDU, Renato pode ser o primeiro brasileiro campeão como jogador (1983) e treinador.

Goleiro do Grêmio na conquista do bi, em 1995, o deputado federal Danrlei (PSD-RS) admite o dom do Grêmio para descobrir anônimos e reformar jogadores descartados. “Aquele time do Felipão era bem isso. Ninguém sabia quem era Arce. Muito menos Rivarola, que formava uma senhora dupla de zaga com o Adílson. O Dinho estava lá no Santos, encostado. E o Luis Carlos Goiano? Trouxemos do Remo. Tínhamos  Paulo Nunes e o Jardel, baita dupla de ataque. Um time desacreditado ganhou a Libertadores”, lembra em entrevista ao Correio.

A dinastia da camisa número 7 do Grêmio na Libertadores começou com Renato Gaúcho em 1983, passou pelo indesejado Paulo Nunes, em 1995, e tem Luan como candidato em 2017. 

Curiosamente, Luiz Felipe Scolari não queria Paulo Nunes. O atacante foi cedido pelo Flamengo depois de uma grave contusão. Magno, apelidado à época de “Romagno” pela torcida rubro-negra, era quem interessava ao técnico. Felipão considerava Paulo Nunes magrelo demais para a Libertadores.

“Quando o Grêmio falou que tinha fechado o grupo, foram muito fortes as criticas, jogadores desacreditados, que estavam sem atuar nos seus clubes. O Adilson e o Dinho eram as maiores referências. Enfim, existiam muitas dúvidas”, comenta o meia aposentado Carlos Miguel.

Danrlei nota coincidências entre 1995 e 2017. “O Kannemann veio do México. O Geromel, pra mim o melhor do Brasil, só conhecia quem acompanhava o Campeonato Alemão. O Lucas Barrios lembra um pouco a chegada do Jardel. Edilson e Bruno Cortez, nem se fala. Quem no futebol brasileiro queria esses dois laterais até pouco tempo?”, provoca o ídolo tricolor. “E aí,o Grêmio sempre tem meninos bons da base para mescalar”.

Questionado sobre o motivo que faz do tricolor um dos clubes brasileiros que mais reciclam jogadores, Danrlei defende sua tese. “O Grêmio dá o tempo necessário para o atleta se adaptar à realidade do clube, aprender as característica, o jeito de jogar, o estilo do time. É lógico que já passou por lá muita gente que não teve jeito, mas há paciência. Veja o caso do Barrios. Nâo foi o mesmo no Palmeiras. Pode pegar esses medalhões que não estão dando certo lá no eixo Rio-São Paulo e mandar para o Grêmio que ele vão passar a jogar, terão tempo para isso”, desafia.

Para o jogo de ida da final, o técnico Renato Gaúcho contará com força máxima. Embalado por cinco conquistas em 10 anos — entre eles um bicampeonato argentino (2007 e 2016) e uma Copa Sul-Americana (2013), o Lanús chega à decisão com status de quem eliminou dois campeões continentais: San Lorenzo e River Plate.

O time de 1995

Danrlei
Prata da casa, o goleiro era titular no título da Copa do Brasil de 1994.

Arce
Desconhecido no Brasil, o lateral-direito chegou do Cerro Porteño, do Paraguai.

Rivarola
O zagueiro veio do Talleres, da Argentina, e "barrou" Luciano na segunda fase.

Adilson
Estava no Atlético-MG e não era a primeira opção. O Grêmio queria Edinho Baiano.

Roger
Prata da casa, havia sido titular na conquista da Copa do Brasil de 1994.

Dinho
Campeão mundial com o São Paulo, estava encostado no Santos.

Luis Carlos Goiano
Campeão mundial com o São Paulo, trocou o Remo-PA pelo Grêmio.

Arílson
Prata da casa, virou titular após a lesão de Vágner Mancini.

Carlos Miguel
Cria do clube, havia sido titular no título da Copa do Brasil de 1994.

Paulo Nunes
Desprezado pelo Flamengo, chegou contra a vontade de Felipão e virou titular.

Jardel
Emprestado pelo Vasco, estava de malas prontas para jogar no XV de Piracicaba-SP.

O time de 2017

Marcelo Grohe
Prata da casa, o goleiro era titular no título da Copa do Brasil de 2016.

Edilson
O lateral-direito estava encostado no Corinthians; virou titular no Grêmio.

Geromel
Emprestado pelo Mallorca em 2014, se firmou como intocável no Grêmio.

Kannemann
Chegou ao clube no ano passado vindo do Atlas, do México.

Bruno Cortez
Após perambular por Benfica, Criciúma e Albirex Niigata, renasceu no Grêmio.

Jailson
Foi emprestado duas vezes para a Chapecoense antes de se firmar como titular.

Arthur
Prata da casa, desbancou o capitão Maicon, que havia sido desprezado pelo São Paulo.

Ramiro
Cria do Juventude, chegou ao Grêmio em 2013 e se firmou.

Luan
Chegou em 2013 do Catanduvense, evoluiu e assumiu a mítica camisa 7 de Renato Gaúcho.

Fernandinho
No ano passsado, era reserva do Flamengo. De volta ao Grêmio, virou titular.

Lucas Barrios
Após dois anos ruins no Palmeiras, disparou a fazer gols no Grêmio.