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No dia da abertura dos Jogos de Sochi, entenda mais sobre os esportes

postado em 07/02/2014 10:58 / atualizado em 07/02/2014 12:41

Thaís Cunha /Correio Braziliense

Tudo bem não ser um especialista em esportes na neve nem saber que, das 15 modalidades disputadas nas Olimpíadas de Inverno de Sochi, cinco tem competições sobre esqui — a versão brasileira mais próxima do equipamento, afinal, é o “esquibunda” das praias nordestinas. A bem da verdade, o maior desafio ao assistir às 98 disputas programadas para a competição é conseguir desvendar o que o competidor faz sobre um trenó: seria aquilo bobsled, luge ou skeleton?

O Correio preparou um guia para que, em poucos minutos, seja possível se tornar uma autoridade no desporto de inverno. Mais importante do que isso, conseguir explicar para os amigos por que os bastidores tomaram o noticiário dos Jogos de Sochi. Quando o nome da cidade russa surgia no noticiário, era acompanhado por polêmicas como a lei anti-gay, as ameaças terroristas e o extermínio de cachorros.

As primeiras provas começaram ontem, um dia antes da cerimônia de abertura, como tem sido comum em Jogos Olímpicos. As informações sobre a festa de hoje, marcada para as 14h (de Brasília), são mantidas em sigilo. Especula-se que a dupla pop t.A.T.u., conhecida pelas performances homossexuais na música All the things she said, seja uma das atrações — polêmica não desmentida nem confirmada pela organização do evento.


Putin, o onipresente

O presidente da Rússia, Vladimir Putin (foto), assumiu a organização das Olimpíadas de Inverno em primeira pessoa — e até jogou hóquei no gelo na reta final da preparação de Sochi para receber a competição. O antigo chefe do serviço secreto russo sancionou no ano passado uma lei que proíbe a “propaganda gay” e, em seguida, teve de prometer que os atletas homossexuais serão bem tratados na vila olímpica.

A política tomou conta dos bastidores dos Jogos Olímpicos. Em dezembro de 2013, a cidade de Volgogrado, a 650km de Sochi, foi atacada por atentados suicidas nos quais mais de 30 pessoas morreram. Em seguida, Sochi recebeu ameaças terroristas em vídeo. O governo russo precisou acionar um esquema de segurança mais robusto, com 100 mil agentes escalados para o evento.

A preocupação com a segurança tornou-se justificativa até para exterminar cachorros sem dono. Uma empresa foi contratada para matar animais que, segundo a organização, poderiam atacar os espectadores e lesionar atletas.

Como se não bastasse, organizações não governamentais incentivaram o boicote aos jogos em função dos direitos trabalhistas violados durante a preparação de Sochi. Isso porque autoridades russas invadiram locais de trabalho e casas de operários para prenderem centenas de imigrantes que “não pareciam” ter origem eslava.



Recorde brasileiro

Com a maior delegação da história dos Jogos de Inverno, o Brasil desembarcou em Sochi com 13 atletas. Nenhum deles tem chance de medalha. A competidora mais experiente é Isabel Clark, 37 anos, porta-bandeira da delegação nacional nas duas últimas edições. Ela é pentacampeã sul-americana de snowboard.


A delegação

Patinação artística
Isadora Williams

Bobsled
Fabiana dos Santos e Sally Mayara
Edson Bindilatti, Edson Martins, Fábio Gonçalves e Odirlei Pessoni

Esqui aéreo
Josi Santos

Esqui alpino
Jhonatan Longhi
Maya Harrisson

Esqui cross-country
Leandro Ribela
Jaqueline Mourão (também compete no biatlo)

Snowboard
Isabel Clark

Pista em más condições

Antes mesmo de as competições começarem, a pista de snowboard slopestyle era alvo de polêmica. Três atletas se machucaram durante os treinamentos de quarta-feira. A eslovena Cilka Sadar lesionou a perna direita; o norueguês Torstein Horgmo, considerado favorito, quebrou a clavícula; e a finlandesa Marika Enne sofreu uma concussão. Tudo isso fez com que a estrela americana Shaun White desistisse das Olimpíadas de Inverno por não se sentir suficientemente seguro.

 

REUTERS/Arnd Wiegmann
 

 

Jamaica abaixo de zero

A participação da Jamaica nas Olimpíadas de Sochi poderia render outro filme nos moldes da comédia produzida pela Disney em 1993. Sem se classificar para os Jogos de Inverno havia 12 anos, uma dupla do bobsled conseguiu chegar a Sochi graças a uma vaquinha e só conseguiu treinar porque conseguiu equipamentos emprestados — o material foi extraviado em um aeroporto dos Estados Unidos. Winston Watts e Marvin Dixon ainda não sabem se vão competir.


Que biatlo é este?


As modalidades de inverno não se resumem ao esqui ou ao snowboard, clássicos dos videogames. Entre os 15 esportes, alguns mais curiosos se destacam. O biatlo, por exemplo, está longe de ser uma versão mais simples do triatlo tradicional, com corrida, ciclismo e natação. Em Sochi, os atletas se alternam entre esqui cross-country e tiro (foto). Depois de esquiar 5km, ainda é necessário acertar alvos a 50m de distância.


Paixão nacional

Favorito dos brasileiros sabe-se lá o porquê, o curling promete ser um dos mais assistidos no país. O esporte escocês surgiu no século 16 sobre lagos congelados e, desde 1924, é disputado nas Olimpíadas de Inverno. Na edição de 2014, a atenção vai para as delegações femininas. A russa Anna Siridova é queridinha pela beleza, mas o time ficou em quinto lugar no último Mundial da modalidade da vassourinha. Escócia, Suécia e Suíça são os favoritos. No masculino, Canadá e Suécia largam na frente.

  
Ho ho ho

Em Sochi, três modalidades vão utilizar trenós. No bobsled, dois ou quatro atletas descem uma montanha em alta velocidade e quem faz o percurso de 1,5 km em menos tempo vence. Embora os veículos cheguem a 150km/h, o esporte ainda é mais seguro que o skeleton (foto), no qual os competidores sobem, de bruços, em um trenó sem freio para realizar percursos de até 1,7 km. Já o luge é considerado o mais perigoso das Olimpíadas: os atletas ficam sentados sobre um trenó e deslizam em alta velocidade em uma pista artificial.
 


Laís Souza ainda corre risco de morte
O médico do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Antônio Mattos Júnior, confirmou que o estado de saúde de atleta brasileira do esqui aéreo Laís Souza está melhor. Contudo, ainda existe risco de morte. “Não é possível neste momento afirmar qualquer prognóstico sobre o quadro final. O risco de morte existe, mas por estar em terapia intensiva temos condições de controlar e diminuir esse perigo”, afirmou. Ela está internada em uma UTI do Hospital da Universidade de Miami, onde trata a grave lesão cervical sofrida em 27 de janeiro.



Na TV

Esqui aéreo
11h SporTV3

Cerimônia de abertura
14h Band, Bandsports, Record News e SporTV